38ºCapitulo

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Ambos nós estamos conscientes da nudez do outro enquanto nos vestimos, uma t-shirt e calças são puxadas para mim e o Harry veste as suas calças de pijama. Enquanto passo a t-shirt para fora das calças Mr.White roça a minha perna fazendo-me sorrir. Baixo-me a acaricio o pelo pode baixo da sua garganta.

-Tu tiveste saudades minhas?- Continua a caricia.

Ele vira-se e salta para a grande cama do Harry, Nova York escure-se na minha linha de visão o céu escuro a caminhar contra mim, a engolir-me numa imensidão negra levando tudo, de repente uma pelicula escura começa a descer e a vista desaparece, até que nada se vê para além de preto opaco.

Viro-me vagarosamente para encorar o Harry que tem um pequeno comando na mão. O rosto dele é sério e exigente, os olhos verdes a mandarem-me mergulhar nas memórias negras que me estão a congelar, paralisar.

E seu eu realmente perder um bebé? E se a Mer perder o bebé? É entre mim e o Harry e o meu irmão e a sua esposa...o meu irmão, o mesmo que contou com entusiasmo a gravidez da sua noiva. Mas e se for um bebé meu...um bebé meu e do Harry? Quão grande pode ser o meu pensamento altruísta, mas quão grande pode ser o meu orgulho egoísta?

Eu não quero uma mãe e um filho para sofrer, nem o meu irmão...mas será que quero o Harry e um bebé meu para isso?

Os dedos do Harry capturam o meu queixo e ele faz-me olhar diretamente nos olhos dele, e quase que sinto a terra tremer, os olhos dele são tiros na minha direção porque tenho um nós na garganta, uma imagem na cabeça e uma porção de medo pelo que está para vir no coração.

Uma alma só sofre pelo passado, a outra pelo futuro, serão as duas juntas capazes de aprender a viver no presente?

O Harry estava preso pelo rancor ao passado e quando penso que está tudo bem porque ele deixou ir, vejo-me embaraçada pelos nós dos meus demónios pessoais. O grito de uma mulher, o grito de um bebé e finalmente o grito de um homem.

-Para de pensar nisso, pelo menos se não queres contar-me para.- Ele suavemente coloca uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha e eu tomo os meus braços ao redor dele, encostando a cabeça no seu peito nu.

-Eu amo-te. Vou amar-te sempre.- A minha voz é um caco de vidro.

Ele beija a minha cabeça e lança-me um pequeno amo-te, que pode apenas curar parcialmente a ferida no meu coração, de cada vez que o amor vem em direção a mim eu quero estar lá com os braços abertos á espera que colida comigo e que me leve, quero deixar-me ir, mas uma parte de mim obriga-me a defender, a colocar os braços á frente para que as coisas não me atinjam, foi assim que fiz muitas vezes, mas agora que devia deixar ir estou presa pelo medo. Á duas noites atrás tudo o que eu queria era ouvir ele dizer-me o quão importante eu era, agora tudo o que eu queria era poder tirar a imagem diabólica de mim e da Mere a gritar pela vida, isso faz-me pensar em como as nossas necessidades são egoístas, e ultrapassam-se á medida que vamos atingindo certas barreiras.

-Vamos comer qualquer coisa.- Ele murmura suavemente no meu cabelo.

Quando o a salada e o salmão estão completamente esmigalhados pelo meu garfo o Harry decide que é hora de ser ele mesmo. Duro e pouco condescende.

-Tu não vais comer nada?!- Uma parte de mim surpreende-se pela falta de subida de tom.

-Eu comi metade do salmão.- Sorriu e olho para ele.

-Por favor de cada vez que estás preocupada não comes.

-Se sabes que sou assim porque é que...- O meu garfo cai na beira do prato quando ele se levanta subidamente e agarra no prato dele e no meu.

Vision 3 - The SentenceOnde histórias criam vida. Descubra agora