Quero beija-la.
Sentir-lhe o gosto do desespero e da saudade na boca.
Quero agarra-la como quem agarra um pedaço de céu.
Uma parte de mim reza para que ela possa perceber.
As minhas botas afundam-se na neve rija e vejo a minha avó na estufa a fazer qualquer coisa. Passaram-se quatro dias desde que sai de Nova York e era suposto ter partido á dois dias atrás. Telefonei para o orfanato e falei com Sam, descrevi-lhe como a neve se parecia diferente aqui, em como tinha um baloiço, disse-lhe que mostrei um fotografia dela á avó e que ela tinha dito que parecia uma boneca. No fim ruí quase toda a minha unha do mindinho quando ela me perguntou pelo Harry.
Menti. Como faço sempre quando alguma coisa pode abalar o pequeno mundo onde vivo com Sam. Não devia faze-lo mas ela tornou-se a única coisa real no me coração, o único amor puro e sem qualquer vírus que merece entrar no meu sistema.
Ando a ler um livro, fala de uma rapariga que descobre uma sociedade secreta mesmo por debaixo do seu nariz e estranhamente ela acaba apaixonada por alguém que tem duas caras nesse mundo obscuro, as pessoas á volta dela começam a ser vitimas dessa sociedade penso eu, ainda não consegui descobrir realmente o que o rapaz tem ou não a ver com tudo aquilo, talvez seja só um agente passivo da historia e a autora tenha feito tudo para nos despistar.
De qualquer forma enquanto as minhas botas começam realmente a ficar geladas por estar tanto tempo parada, levanto-me, o meu gorro chega-me quase aos olhos e quando levanto a cabeça Nik está a olhar para mim.
Nik é um rapaz que vive na casa ao lado da nossa, e a minha mãe disse-me que quando eramos pequenos e eu vinha de ferias adorávamos estar juntos...lembro-me disso só que á muito tempo que não destrancava as memorias.
Ele salta por cima do portão e caminha na minha direção.
-Bom dia senhor pensativa.- Ele sorri. O seu inglês era difícil de entender quando falei com ele pela primeira vez, mas parece estar a ficar mais fácil de entender.
-Senhora.- Corrijo a rir-me.
-Isso, senhora, o meu inglês está a ficar melhor graças a ti.- Ele levanta a mão e bato na dele por cima das nossas luvas.
-Sou uma boa professora suponho.- Preciso mesmo de aprender conversa fiada.
-És, embora uma professora mais sorridente fosse ótimo.- Ele chega a ponta do indicador e puxa o lado direito do meu lábio para cima.- Melhor professora.
-A tua irmã?- Pergunto a tentar afastar-me do toque.
Ele e a irmã estão a vir todos os dias para ajudar no jardim com a minha avó. Foi surpreendente quando cheguei de pantufas á estufa e eles os dois estavam lá.
-Ela sentiu-se mal, provavelmente constipação.
-É, leva-lhe algum mel e bolachas da avó por mim.- Murmuro.
Olho para o céu azul acinzentado por cima de nós e suspiro.
-Porque é que estás sempre a suspirar?- Acho que ele queria perguntar isto desde que me pôs os olhos em cima.
-Estou triste pelo meu avô.- Não estou totalmente a mentir. Todos os dias quando passo pelo quarto do meu avô ele faz um esforço tão grande para me reconhecer que dói.
-Uma caneca de chocolate quem cura qualquer coisa.- Ele diz passando por mim, vejo-o abrir a porta da estufa e abraçar a minha avó.
Nik é alto, loiro e com uns lindos olhos azuis, tudo o que se poderia esperar deste sitio, a única coisa estranha na minha mãe é o cabelo, ela tem os claros, verdes, e para além disso ela parece estar tão desanimada como eu.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...