70ºCapitulo

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Musica: Adele- Home

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Estava encostada ao balcão com um copo de água entre as mãos quando o meu telemóvel toca. O brilho do ecrã ilumina a sala escura e ando até á mesinha onde o deixei horas mais tarde. O nome do Harry brilha no ecrã e atendo.

-Liguei-te oito vezes! O que é se passa?!- A voz do Harry é brusca e fecho os olhos porque é a ultima coisa que me apetece neste momento.

-Adormeci no sofá.- Sussurro e levo o copo de água aos lábios. O líquido arrefece o calor dentro de mim e faz-me acalmar.

-Porque? Quer dizer devias ter ido dormir para a cama, o teu sofá é muito desconfortável.

-Estava a jantar e fiquei com muito sono. Que horas são?- Murmuro.

-São onze, liguei-te às dez mas não me atendeste.- São só onze horas? Parece que dormi por seculos, o meu pesadelo parece ter durado seculos.

-Oh é cedo ainda.

-Desculpa ter sido brusco, foi um dia merdoso no escritório.- Ele ri-se.

Ele conta-me sobre algo que correu mal, mas os meus olhos estão fixados na parede atrás da televisão, sinto estranhamente vazia por dentro, como se as ultimas duas horas tivessem drenado toda a minha energia e felicidade. Porque é que tive a sensação de que acordei de um sonho onde estava morta? Porque é que tenho a sensação de que o som que ouvi não me era estranho?

-Sophia? Estás a ouvir?- De repente regresso á realidade e sinto-me culpada por não estar a ouvir nada.

-Não, desculpa.

-O que é que se passa? Estás muito calada.- O tom dele é impaciente.

-Não me estou a sentir muito bem.- Digo-lhe com sinceridade.

-Estás doente? Queres que te vá buscar? Vamos ao hospital!- Oiço-o a mexer-se e o que suponho ser as chaves do carro a fazer barulho.

-Não! Não estou doente...tive um sonho estranho.- Murmuro, como se as sobras que entram pelas janelas me pudessem ouvir, como se o escuro que envolve o apartamento me pudesse sugar.

-Oh queres dizer um sonho estranho ou...um sonho estranho?

-Foi um pesadelo.

-Sonhaste com o quê?- A voz dele é suave.

Quando o meu cérebro regista as palavras para lhe dizer a minha garganta recusa-se a emitir o som, porque a realidade dita em voz alta é muito mais assustadora, e dizer aquilo que senti parece ainda pior do que o sonho em si.

-Quem me dera que estivesses aqui.- Murmuro para o telemóvel.

Oiço o riso preocupado dele e quinze minutos depois quando abro a porta os olhos selvagens e o cabelo despenteado são tudo o que vejo, os meus braços serpenteiam-no e encolho-me debaixo da proteção dele, é como uma luz, os pensamentos sombrios recuam, a memórias fresca evapora-se e tudo o que me rodeia é o cheiro do Harry. Os meus olhos rebentam na profundeza da minha tristeza e deixo que as lágrimas me lavem a alma perturbada. Sinto o Harry resfolgar e de repente ele agarra as minhas coxas e puxa-me par ao seu colo, com o pé fecha a porta da entrada e caminha até ao meu quarto. Segura-me pelo que parece a eternidade e quando se senta comigo na cama tento afastar-me. Parece patética!

Vision 3 - The SentenceOnde histórias criam vida. Descubra agora