Toda eu ecoava "Diz!" no meu interior, tudo o que eu sentia era as palavras a escorregarem da sua língua, era isso que eu queria que ele finalmente falasse de modo verdadeiro, de modo honesto comigo, que ele tivesse a resposta, mas uma resposta que me agradasse. Do que é que tu estás á espera Harry?... Não, não é ele que tem que se mexer, sou eu.
Os meus pés mexem instintivamente e ele parece quase assustado e vulnerável á nossa proximidade, mas é quase impossível de parar, sinto-me como um íman, tudo o que ele faz é puxar-me para ele enquanto se tenta afastar, no fundo por muito que eu queira eu duvido que alguma vez vá conseguir manter-me longe, pelo menos eu nunca mais vou conseguir ficar longe dele por tanto tempo.
-Eu queria dizer que estás ocupada, é isso.- Ele limpa a garganta e é como se alguém me tivesse cortado as asas.
-É isso?- Abano a cabeça e viro-me para ir apanhar os restos de comida de Carl, tentando em vão não olhar para o Harry.
Quanto tempo posso eu mais aguentar sem uma resposta? E quando ela chegar será que vou conseguir lidar com ela?
-Tu queres ajuda?- Ele murmura.
-Não.- Soou mais brusca do que realmente queria mas ele está a deixar-me confusa.
Enquanto despejo os restos no lixo e coloco os pratos na máquina penso em como nunca fazia isso quando estava com o Harry, de alguma maneira as coisas apareciam feitas e a única coisa com que eu me precisava de preocupar era com o que fazer a seguir. Um prato escorrega das minhas mãos e cai em cima de uma toalha na bancada, não se partindo por sorte, parece que pratos partidos é uma constante aqui agora.
Sinto o Harry vir até mim mas desvio-me dele baixando-me para colocar os talheres no seu compartimento.
-Estás chateada?- Ele pergunta, a sua voz é certa e rouca.
Fecho os olhos com força e ordeno a mim mesma acalmar-me no entanto parece apenas piorar.
-Mesmo que esteja? Qual é o meu direito nisso Harry? Que tipo de direito tenho eu sobre o quer que seja? Sobre ti?- Agarro o pequeno pano com mais força e olho para ele tentando combater-me a mim mesma, o meu pior inimigo sou eu e a minha falta de controlo.
Ele olha para mim quase suavemente e tira o casaco colocando-o em cima da bancada, quero dizer-lhe que a bancada está molhada, mas estou perdida nos movimentos dele.
-Então estás chateada?- Ele sorri-me de uma maneira sedutora.
-Não. Estou zangada e encantada. Zangada por teres mandado a minha melhor amiga para longe com a minha formatura na segunda-feira, zangada por teres feito esta cena de "namorados" á frente do Carl, e encantada porque usaste a palavra namorado.- Suspiro.
-E sabes o que é que também pareces?- Ele murmura.
-O quê?- Cruzo os braços e olho para ele em descrença.
-Pareces perdida.
-Sinto perdida.- Murmuro.
-Mas não devias, estás exatamente onde devias estar.- Ele murmura e a sua mão acaricia a minha bochecha.
Abano a cabeça e viro-me, atirando o pano para cima da bancada, caminhando até ao meu quarto agarro nas rosas brancas, quase secas por completo e trago-as de volta para a sala, atiro-as para cima do sofá e a seguir tiro o anel do dedo e atiro-o também para o pé das rosas, vou até a uma caixa na prateleira na sala com fotografias minhas e depois de muito resmungar encontro a maldita fotografia, aquela que tiramos no hotel em Nova York, mais uma vez ela vai parar a cima das rosas e do anel.
O Harry parece perdido enquanto faço tudo isto e a seguir puxo-o para o meu lado para que possamos olhar diretamente para as coisas no sofá, quando ele se baixa para agarrar o anel puxo-o para trás.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...