Haviam sempre dias mais difíceis que outros...sempre.
Eu não achava realmente que aquilo me tinha incomodado até ter sonhado com isso, foi de raspão, apenas uma centelha numa fogueira. A rapariga, aquela do escritório, que era estranhamente parecida comigo. Dava por mim parada á frente do balcão da casa dos país Mer, a olhar para o pequeno riacho que corria lá em baixo, e a pensar fixamente nisso. E foi assim que acabei sentada na cama com o Harry a falar sobre como eu estava a ser paranoica.
-Mas eu nem sequer te disse nada!- Foi a primeira vez desde que ele me sentou aqui que olhei para ele.
Ele passou as mãos pelo cabelo curto e ajoelhou-se á minha frente.
-Eu sei, isso é que é estranho.
Reviro os olhos. Até os viraria mesmo todos se pudesse. Homens, ninguém os entende.
-Desculpa, então quero dizer que, ou a despedes ou vou-me embora?! Meu Deus Harry só me fez confusão, é estranho ter alguém tão parecido comigo a trabalhar perto de ti.
-Bom se eu tivesse sequer espaço para pensar nisso... Sophia acredita em mim, a única coisa que me mantem alerta és tu.
-Não reparaste nela?
O seu olhar enfraquece por um segundo.
-Sim, quer dizer, ela é parecida contigo é óbvio que reparei, mas isso não quer dizer que a ame, e vá ficar com ela...
-Eu sei.
-E para além disso...espera aí, tu sabes?
-Sim, era isso que te estava a tentar dizer, que sei, só me senti assustada.- Levanto-me e passo por ele.
-Então não há nenhum problema?
Ele levanta-se a agarra-me a mão virando-me para ele.
-Não Harry, não há nenhum problema.- Sorriu.- Na verdade estava só a tentar lidar com isso na minha cabeça antes de o tornar uma discussão, ou antes de usar isso contra ti da próxima vez que tivermos atritos conjugais.- Encolho os ombros.
O sorriso dele aumenta, a covinha aparece como por magia, os olhos dele brilham tanto que dou por mim a sorrir também.
-O que foi?
Ele beija-me suavemente nos lábios e depois afasta-se.
-Utilizaste a palavra conjugal.- Ele beija-me outra vez.
-Já te disse Harry, é só um papel, tecnicamente já estamos casados.- Encolho os ombros.
-Aposto que quando escolheres um vestido não te vais sentir dessa maneira.- Ele sorri e depois sai do quarto, porque de alguma maneira passou a manhã toda a receber telefonemas franceses.
-Não sou assim tão superficialista!- Grito.
No fundo ele tem razão, não estamos mesmo casados, e sei que isso nem sequer devia parecer algo do outro mundo, mas parece. Nunca tive o desejo louco de me casar, mas de alguma maneira, numa dada a altura a questão apareceu na minha cabeça, não sei exatamente em que momento, mas sei que já estava com o Harry á bastante tempo.
Abano a cabeça e saio do quarto, o meu irmão está ao fundo do corredor, tem uma bola de basebol na mão a atira-a á parede, a sua cara é nada menos do que carrancuda. Pensei que estávamos bem...
-Então...não devias estar a ensaiar votos de casamento ou assim?- Brinco com ele.
-É, devia mas a Mer está a ter outro dos seus ataques de perfecionismo por isso decidi vir até aqui outra vez.
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Vision 3 - The Sentence
FanfictionSentado, numa cama de hospital, sozinho, ele lembra-se da ultima vez que se sentiu assim, abandonado. Fecha os olhos e lembra-se da mãe, depois reage como sempre reagiu. Com raiva. Porque se ela se tinha ido embora, ele tinha ficado, e se ela achava...