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Eu apreciava o nascer do sol com a chegada do inverno pela ampla janela do meu quarto, um céu claro, tingido com cores quentes e alaranjadas pelos primeiros raios de um sol tímido

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Eu apreciava o nascer do sol com a chegada do inverno pela ampla janela do meu quarto, um céu claro, tingido com cores quentes e alaranjadas pelos primeiros raios de um sol tímido. Todo o extenso território de Orton já estava coberto por um manto de neve, e algumas crianças brincavam animadas do lado de fora de suas casas. Era, sem dúvida, a estação mais encantadora e maravilhosa do ano.

Pela janela, eu conseguia observar à distância algumas lojas abrindo suas portas para receber os fiéis clientes. Os moradores saíam para suas caminhadas matinais envoltos em roupas pesadas para enfrentar o frio impiedoso, enquanto outros seguiam para seus respectivos trabalhos árduos. Era o meu povo, o meu lar.

— Lilian? — Ouvi a voz serena de minha confidente, Sineta, do outro lado da porta. Ela era a única entre os criados que tinha a proximidade suficiente para me chamar pelo primeiro nome.

— Entre. — Pedi, enquanto fechava meu roupão para cobrir meu corpo nu. Sineta abriu a porta com destreza, equilibrando uma xícara de chá sobre uma bandeja de metal adornada com detalhes em ouro. Seus cabelos castanhos, agora levemente salpicados de fios grisalhos, estavam elegantemente presos em um coque no topo da cabeça, e seu impecável vestido seguia as cores do reino com perfeição.

— Bom dia, Lili! — Sineta me cumprimentou pelo apelido com um sorriso carinhoso nos lábios finos e delicados. Apesar de ser consideravelmente mais velha, seu rosto continuava radiante, graças à imortalidade que nós, feéricos, desfrutávamos.

Devolvi o sorriso e peguei a xícara da bandeja que Sineta havia colocado sobre a cômoda.

— Você só aparece tão cedo quando Nicholas decide me atormentar com reuniões, não é? — Comentei enquanto me acomodava na poltrona em frente à minha cama e soprava o ar quente do chá entre as mãos. Meu quarto permanecia acolhedor durante o inverno, graças à lareira acesa e às espessas paredes do castelo. De repente, me peguei pensando nas pessoas que não tinham abrigo para se proteger do frio.

— Ele pediu para que você o encontre em seu escritório antes do café da manhã. — Sineta pegou o vestido que eu havia usado na noite anterior, que estava jogado sobre a cômoda, e o pendurou em seu lugar apropriado.

Suspirei profundamente, antecipando a dor de cabeça que a reunião certamente traria. Dei um gole apreciativo no chá adocicado, enquanto meus dedos delicados exploravam os intricados entalhes da xícara. Estiquei meu corpo, sentindo um arrepio causado pela combinação do frio no ambiente e o calor da bebida.

Olhei de relance para Sineta, que uniu as mãos atrás das costas e encarou a grande janela que dava vista à neve caindo sobre a cidade. Sua pele escura brilhava à luz natural da manhã, e seus olhos castanhos irradiavam um sorriso espontâneo. Sineta desempenhava um papel mais significativo em minha vida do que meus próprios pais já tiveram em toda a minha longa existência. Ela cuidou de mim desde o berço e compartilhava de tanta intimidade quanto qualquer outra pessoa do meu círculo social.

DEMÔNIO DE AZAHARAOnde histórias criam vida. Descubra agora