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Era tarde demais

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Era tarde demais. Quando alcancei os limites de Orton, uma parte da tropa dos Camokyanos já invadia as fronteiras com suas bestas grotescas e soldados sombrios. Um pequeno exército de trevas avançava contra um reino despreparado, completamente desarmado diante do inimigo.

Foi quando tomei a decisão que poderia custar uma parte das minhas forças, mas ainda assim o fiz quando forcei meus próprios limites, extraindo até a última energia do meu poder ao atravessar aqueles pequenos quilômetros, me teleportando como uma sombra invisível entre eles.

As árvores imensas da floresta Alder pareciam borrões na minha visão a medida que eu cortava o vento, correndo como se isso custasse minha própria vida. Minhas pernas ardiam e meu coração parecia pulsar na minha boca quando tudo dependia da minha velocidade.

A exaustão já me atrasava quando alcancei as escadas do castelo, completamente ofegante. Eu não havia parado nas ruas, mas os borrões de sangue e os gritos diziam o bastante do caos que se alastrava fora do castelo.

Puxei a espada de um soldado inimigo morto nas escadas e cravei na garganta de uma besta que bloqueava meu caminho. Sangue preto e viscoso jorrou, grudando no meu rosto e roupas.

Ao terminar de subir as escadas, atravessei os pátios lotados de pessoas e encontrei Nora empunhando uma espada, conduzindo os moradores para o salão principal do castelo. Muitas delas feridas.

Seu olhar se encontrou com o meu e enxerguei o alívio vívido ali. Corri até ela ainda ofegante, sem ter parado um segundo para respirar pelos longos quilômetros que percorri. 

— Qual a situação?

— Péssima. — Nora olhou na direção de uma criança que corria de mãos dadas com a mãe que carregava um bebê nos braços. — Estamos cercados. 

— E quanto aos soldados?

— Estão fazendo o melhor que podem para segurá-los, fomos pegos de surpresa. — Nora limpou o suor da testa com a mão. Era quase impossível não enxergar o desespero em seus olhos azuis, o medo e a falta de opção para uma saída de um ataque fatal.

Um grito soou do andar de baixo e minhas pernas já se moviam antes mesmo de Nora correr na mesma direção. E quando disparei para a entrada do salão, escancarando as portas com meu poder, a quantidade de bestas horríveis espalhadas me fez apertar a mão no cabo da espada com mais força.

Suas asas gigantes, pele preta, braços ossudos e longos, dentes afiados e um olhar sombrio profano. Todas elas fediam a podridão e me fazia querer vomitar as tripas nos pés de Nora. Não tão assustadoras quanto o demônio do meu passado, mas horripilante o bastante para me trazer um calafrio.

Uma das bestas interrompeu a própria alimentação e me encarou com os olhos profundos, sangue vermelho escorria de seu queixo quando seus dentes afiados formaram um sorriso para mim. Um reconhecimento. 

DEMÔNIO DE AZAHARAOnde histórias criam vida. Descubra agora