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Acordei com os olhos pesados e meus cabelos espalhados pelo travesseiro em um quarto estranho

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Acordei com os olhos pesados e meus cabelos espalhados pelo travesseiro em um quarto estranho. Lembro vagamente de ter desabado de exaustão na cama de uma hospedagem temporária arrumada por Nicholas. Agora, o sol batia em meu rosto como um aviso de que um novo dia começou.

Enquanto nos aproximávamos da fazenda, Lilian e sua corte feliz não paravam de tagarelar, o que me fez quase arrancar a cabeça de todos eles e de seus cavalos também.

Eu sabia o porquê de estar sentindo dores intensas e todo esse mal humor, os flashes de memórias recorrentes na minha cabeça respondiam às dúvidas nitidamente.

Quando a dor me tomou por completo naquela noite na caverna, eu obtive a resposta que estava procurando. Era a minha punição por estar retornando a um ponto do passado que eu não deveria chegar perto. Mas, Lilian chegou e me envolveu com seu poder quente, suavizando a tensão das dores e me concedendo uma noite de sono tranquila, longe dos sufocamentos.

Eu costumava enxergar Lilian de muitas formas, mas seu coração bondoso e sua alma pura sempre foram os que mais chamaram minha atenção. Ela não consegue ignorar a oportunidade de ajudar alguém, mesmo que isso signifique ajudar monstros iguais a mim.

Tenho inveja desse seu lado, toda essa sua perfeição insuportável. Lilian permanecia brava comigo por ter a enfrentado e agarrado seu pescoço naquela noite, mas isso não a impediu de me ajudar na caverna com uma semente do seu poder.

Eu a odiava por isso. Queria que continuasse brava, que gritasse comigo, me deixasse de lado como deveria ser desde o início. Assim, as coisas não precisariam ser tão difíceis.

Em meio um suspiro, me apoio com os cotovelos na cama e vejo meu reflexo no espelho de frente a cama. Sorrio ao ver meu corpo nu.

Eu nem mesmo havia me dado o trabalho de me vestir pela exaustão da noite passada. Cavalgar sentindo aquela dores e as perturbações dos lapsos de memória me destruíram como uma tempestade inesperada.

Ergo meu corpo da cama de uma vez e paro por um momento, sentindo uma tontura inesperada me atingir. Minha visão escurece e uso minhas mãos para me apoiar na mesinha baixa ao lado da cama. O mundo pareceu girar e distorcer rápido demais.

— Já entendi o recado, me deixe em paz. — Murmuro para a presença masculina na minha cabeça, mas não recebo uma resposta de volta.

— Filipa? — Duas batidas na porta soaram ao me chamarem pelo nome desagradável. Era a voz de Nicholas.

— Partimos em breve, esteja pronta. — Senti ele parado diante da porta. A sombra de seus pés permaneceram na pequena abertura por um tempo e depois se foi. 

O fato de Nicholas conhecer toda a minha história e nunca me instigar sobre isso me tranquilizava. Tínhamos uma regra, não falamos sobre o passado.

Estiquei meu corpo sentindo meus ossos ranger e esfreguei os olhos, tentando afastar o peso que insistia em me fazer querer voltar para a cama.

DEMÔNIO DE AZAHARAOnde histórias criam vida. Descubra agora