Uma lágrima fina escorreu pela bochecha direita de Ahri. E antes que as luzes acendessem, sua mão a limpou para que ninguém visse ou questionasse.
Voltei minha atenção para o palco e só ousei encara-la de volta quando senti seu olhar recair sobre mim. Ahri não precisava disso agora, saber que a vi chorar pela primeira vez, mesmo que significasse ser apenas uma lágrima solitária e estranha.
Alguém que eu não acreditava poder derramar sequer uma delas, havia demonstrado uma sensibilidade surpreendente.
Olhei para Ahri e seus olhos verdes estavam mais escuros do que já presenciara. E quando o teatro explodiu em palmas, ela não tirou os olhos de mim ao aplaudir também.
— Magnífico. — Sussurrei para ela assim que minhas mãos bateram palmas também. E uma tentativa de sorriso repuxou seus lábios em resposta.
Eu não entendia o motivo daquela comoção, talvez inúmeros fatores tivessem levado Ahri até aquele momento, mas eu sabia que algo havia tocado seu coração de uma forma ou de outra.
— Quero beber. — Ela sussurrou de volta quando as palmas se calaram. Me animando com a simples declaração, sorri satisfeita com seu desejo e estendi a garrafa de vinho posta ao meu lado.
Ahri inclinou a taça na minha direção e me obriguei a despejar o líquido vermelho com elegância. Um segundo depois, Ahri entornava a bebida como se fosse água.
— Então esse é o teatro? — Perguntei ao
encher minha taça e servir um pouco mais para ela.— Esse é o teatro. — Ela afirmou e nós brindamos em honra a noite dos amantes.
E quando o líquido tão bem conhecido por mim molhou minha garganta, eu sabia que mais garrafas estariam por vir.
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Eu não fazia ideia do quão tarde da noite era, mas isso era o que menos importava naquele momento. Tudo parecia passar em câmera lenta e Ahri gargalhava de uma frase minha fazia cinco minutos.
Seu cabelo negro balançava conforme as rajadas de vento sopravam contra nós, obrigando ela a colocar o cabelo atrás da orelha a cada instante. Suas bochechas também estavam rosadas, tanto devido ao frio quanto a quantidade de álcool que ingeriu horas atrás no teatro.
Atravessamos a rua até o rio que ameaçava congelar quem ousasse entrar. Uma brisa fria se chocou contra nós e abracei meu corpo para me proteger do frio, mas não me importei em usar meu poder para me aquecer, nem Ahri.
— Porra, não sinto meus dedos. — Ahri resmungou e me cutucou o braço para ter certeza que não sentia a ponta dos dedos. Seu toque me fez chacoalhar o corpo, arrancando outra risada abobalhada de Ahri.
Estávamos bêbadas, muito bêbadas. E eu sabia disso porquê acompanhava a risada de Ahri, me divertindo com uma coisa que sequer tinha graça.
Continuamos caminhando perto do rio, chutando algumas pedras no caminho enquanto Ahri terminava de beber a última garrafa da noite.
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DEMÔNIO DE AZAHARA
Fantasy+18 | Ahri Darfin está presa em um mundo onde suas mãos estão permanentemente manchadas com sangue inocente e seus olhos perdidos a humanidade. Possuída por um príncipe-demônio de outro mundo, ela é forçada a embarcar em uma jornada dolorosa em busc...