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Eu não sabia quanto tempo havia se passado, mas de uma coisa eu tinha certeza, os remédios estavam funcionando

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Eu não sabia quanto tempo havia se passado, mas de uma coisa eu tinha certeza, os remédios estavam funcionando. Os tremores pararam completamente após o fim do primeiro ciclo, mas Lilian e Amelia continuaram me dando o líquido roxo por precaução e nunca mais tive alguma crise de dor por conta da abstinência do sangue. 

A voz do príncipe-demônio também se foi junto com a sede, mas a presença dele permanecia nos meus ossos, e o ódio também.

Amelia e Lilian me visitavam em três e três dias, normalmente fazendo um relatório detalhado das minhas melhorias e nada mais além disso. Quando eu ousava perguntar quando finalmente poderia sair, Lilian apenas virava as costas e voltava para sua vida de realeza calmamente.

Em um dia perdido, Nicholas desceu até o subsolo para me encontrar, ele não trocou palavras, apenas aumentou o limite onde eu podia me mover com as correntes, permitindo que eu conseguisse caminhar até um baldinho para necessidades e para uma cama mais dura que asfalto. Melhor que nada.

Também acabei aprendendo como todos eles agiam na minha presença, a forma como se comunicavam silenciosamente com olhares e suas manias esquisitas, então usei isso ao meu favor. No dia seguinte, quando Lilian chegou, percebi ela arquear levemente a sobrancelha para as correntes folgadas, como sempre fazia quando estava com alguma dúvida perturbando a mente.

Hoje, acordei sentindo algo diferente, quando abri os olhos ainda com minhas mãos e pés acorrentados, sentindo que meu estado não poderia piorar, escutei passos vindo do corredor, mas lembrei que ainda não era o dia da próxima dose.

Em menos de um minuto, todos eles apareceram do outro lado da grade, muito bem vestidos e com expressões sólidas, e então eu soube que eu estava prestes a ser solta quando Lilian balançou um molho de chaves.

A fêmea de vestido lindo de cor lilás e cabelos dourados, se aproximou de mim, atravessando um escudo que não existia mais. Quando haviam desfeito o escudo mágico? Eu não sabia. Lilian parou na minha frente me encarando, sopesando se deveria realmente continuar com o que estava prestes a fazer.

Eu senti o poder dela emergir como de costume, mas dessa vez ele beijou minha pele calorosamente quando ela se aproximou um pouco mais e segurou o cadeado que prendia as correntes pesadas. Os outros de sua corte infeliz me encaravam, tensos e quietos, esperando a fêmea terminar o serviço.

Lilian escolheu uma das chaves e abriu o cadeado, o barulho despertou um sentimento abafado dentro de mim, um que eu não sabia distinguir e nem sentir. Ela caminhou até o outro cadeado e o abriu também, depois voltou a ficar de pé e me encarou com seus um e setenta e oito de altura.

Movi meus braços e senti a consequência de passar tanto tempo parada sem praticar ou me exercitar como de costume, todos os meus ossos doíam. As correntes escorreram e caíram dos meus pulsos, então puxei as das minhas pernas também. E levantei.

Lilian era dois malditos centímetros mais alta, mas mesmo assim estiquei minha coluna e endireitei os ombros para encará-la de volta, desta vez com a dignidade de ao menos estar de pé. Passei minhas mãos pelo meu vestido que já estava em frangalhos e respirei fundo com a sensação de pouca liberdade.

DEMÔNIO DE AZAHARAOnde histórias criam vida. Descubra agora