Capítulo 11 - O sangue do herói

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- O que você é? – Pergunto assustada e de olhos arregalados.

- Querida, isso não é importante. Só se concentre na história, está bem?

-Não! Claro que não. Não consigo me concentrar em nada estando na frente de uma garota que tem uma fogueira dentro de si. – Digo tentando parecer calma, mas, com certeza, não colou.

  Ela permanece em silêncio. A fogueira diminui cada vez mais e o frio está aumentando. Não sei quanto tempo passou, talvez uns três minutos de silêncio, quando ela disse.

- Muito bem. Calma é uma boa virtude. – Na verdade acho que essa virtude me irrita, porque a maneira lenta com que ela fala me dá vontade de pular no pescoço dela, mas algo me diz que seria idiotice. – E não adianta ficar com raiva de mim. Sou imortal.

  Agora parece que há uma fogueira na minha cabeça. Tudo está claro. Como não pensei nisso antes?

- Você é Hés...!

- Cuidado com o que diz, menina. – Ela diz rápido me cortando. – Palavras tem poder. Nomes também.

- O.k. – Digo meio constrangida. – Como quer que eu a chame?

- Não preciso que me chame de nada. Mas a final, quer me ouvir ou não? – A mistura de impaciência e gentileza na fala dela me confunde, porém, há uma deusa na minha frente, não escutar o que ela tem a contar seria total burrice, e... eu tenho que confessar que estou curiosa.

- Claro.

- Acho que já deve conhecer Hércules, não?

- Sim, claro.

- Bom... deve conhecer as bobagens que falam da história dele também. Poucos conhecem a verdadeira história. Foi uma polêmica olimpiana e tanto.

- E você deve conhecer a real história...

- Isso.

- Mas... como isso vai me ajudar?

- Ah, não vai. Era só um exemplo de filho de Zeus que virou um deus, o que vai te ajudar é a história de um outro filho de Zeus, que não aceitou o dom da imortalidade por mais inevitável que parecesse. Posso começar a história?

- Pode.

- Há muito tempo, um filho de Zeus e uma filha de Deméter se apaixonaram, eles tiverem um filho, nomeado Pólux.

  Antes que eu pudesse começar a questionar o fato de que Pólux deveria ser um filho de Zeus e uma rainha humana (com uma história estranho que envolve um cisne), ela me cortou – o nome deve ser uma homenagem a esse cara, não ele em si - dizendo:

- Ele foi tomado como descendente de Zeus, já que era forte e tinha certo controle em relação ao clima, mas ele começou a desenvolver muitos dons de jardinagem, evidenciando os poderes herdados do sangue de Deméter.

  Tem muitas questões rodando na minha cabeça, mas não importa mais, eu só quero ouvir. Preciso saber de tudo. Só tenho medo de como isso pode ter acabado.

- O icor dourado começou a tomar conta de seu corpo. A imortalidade começou a dominá-lo. Até que ele começou a perceber que quanto mais ele usava os poderes, mais ele se sentia poderoso, e mais ele sentia os poderes dominando seu sangue. Era isso. A chave eram os poderes. Ele parou de usar eles imediatamente, e depois foi descobrir que o que realmente importava é que ele sufocasse seu lado relacionado ao deus maior em seu sangue, Zeus, ele não podia usar os poderes que vinham dele, e isso talvez o tornasse mortal novamente. Ele nunca mais usou seus poderes.

  E então... ela parou de falar. Acho que é minha deixa.

- Para sempre? E depois? Ele voltou mesmo a ser mortal?

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