Capítulo 18 - O primeiro adeus

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O sol já estava se pondo, e dia parece encurtar cada vez mais rápido. Depois do almoço, Annabeth insistiu para que fossemos descansar um pouco, e então, às cinco horas voltamos a treinar. Passaram duas horas desde então e aqui ainda estamos.

Comecei com o arco curto de osso há um tempo. Não sou muito boa com isso, normalmente quanto mais eu miro no coração e na cabeça, mais acerto a perna e a barriga. Tem apenas uma flecha posicionada com exatidão no coração do boneco. Posso não estar indo tão bem, mas essa é minha arma reserva e dá para o gasto. Além do mais, eu tenho mira perfeita com os shurikens, e Sophie está cada vez mais impressionante desmembrando os bonecos de pano - ela ganhou bonecos, de acordo com a Annabeth, especiais, para treinar com coisas não muito sólidas; porém, obviamente, qualquer um percebe que é porque ela estava acabando com o inesgotável estoque de bonecos de treinamento daqui -; e Nathan, não tenho nem o que comentar diante do fato de que ele deve ter bons anos de treinamento aqui, com um bom instrutor. Pelo que pude avaliar de Percy o treinando, meu pai deve ser uma das poucas pessoas que conseguem ser melhores que Nathan, o garoto é muito bom, mas Percy... é realmente fantástico, não consigo evitar pensar o que ele pode fazer em uma batalha de verdade.

Annie mal se levantou, mas às vezes em que foi treinar um pouco, me tiraram toda atenção. Ela tem movimentos extremamente precisos, velozes e firmes, deve haver muita experiência - e dor - por trás disso. Pessoas que lutam tão bem, como meus pais, deixam evidências de que participaram de muitas batalhas e não acho que alguém consiga sobreviver à muitas batalhas sem uma coleção de cicatrizes que ninguém vê, mas que nunca se vão. Um dos motivos pelos quais odeio o que estou fazendo: sei que estou caminhando diretamente para batalhas onde pode haver perdas de mais para que possa haver um vencedor.

Agora, a mulher que vejo na minha frente é Annabeth, sem o rosto triste mergulhado em angústia, e eu sei que essa é a verdadeira Annabeth, alguém que se mantém firme, nunca se cansa, não se deixa abalar fácil... já a vi muitas vezes abalada, mas não posso dizer que foi por pouco, foi a lembrança de todo um acúmulo de sofrimento por mais de uma década. Ela apenas parece cansada, mas às vezes sorri para mim, em apoio, tenta parecer fraternal, mas em nenhum momento triste ou sentimental; ela não quer me abalar com o sofrimento alheio; admiro isso, admiro tanto quanto o fato dela parecer tão convincente. Isso é o que eu posso chamar de uma heroína, um exemplo, espero poder dizer isso a ela se eu voltar, gostaria que ela soubesse que estou firme seguindo em frente parte por causa dela, e que quando não souber o que fazer, pensarei no que Annabeth Chase - perguntei o sobrenome dela a um tempo, no Chalé Seis - faria. Annie pode não ser a melhor mãe do mundo, já que nunca exerceu realmente esse papel e eu não a conheço há muito tempo, mas tenho certeza de que uma das melhores mulheres do mundo ela é. Só não quero que ela ouça isso antes de eu caminhar para longe e para provável morte, não me parece certo.

Sento-me ao lado dela.

- Eu vou conversar com você, Court. Só que mais tarde, agora deve se concentrar neles. - Ela diz como se previsse o que eu iria dizer apontando Sophie e Nathan quando disse "neles".

- Borda do Riacho Zéfiro na Floresta do Norte às nove horas, depois do jantar? - perguntei. Qualquer um, menos uma filha de Atena, ficaria impressionado com o quanto consegui aprender sobre esse lugar em tão pouco tempo.

- Claro. - Ela responde com um sorriso delicado. - E se aceita uma sugestão, trabalhem juntos nas simulações, elas são proibidas, mas não para treinamentos direcionados a uma missão. São uma tecnologia bem interessante que Hermes desenvolveu há alguns anos. Aposto que Nathan sabe como usar, sendo proibido ou não, Percy ensinou a ele sobre tudo nesse lugar.

- Vou dizer a eles para fazermos isso.

O sorriso dela aumenta. Eu me viro e vou até Nathan.

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