Quando começo a pensar que vou ficar surda, graças a Sophie, ele finalmente aparece na lateral do barco e desaba no deque, fazendo a filha de Afrodite se calar. Sophie deixou o olhar de pavor ser substituído por pura confusão.
- Uau. – Diz Nathan ao observar o corpo no chão. O braço dele está machucado, deuses... – Você me matou. Isso não é muito amigável. – Seus olhos encaram os meus com o mesmo brilho translúcido que vi pouco tempo atrás. Ele pisca para mim depois examina o corpo. – Obrigada. Foi bem rápida na descoberta. Bom golpe, aliás.
O corpo no chão do deque começa a expandir e criar pelos alvos até se assemelhar a um enorme cão branco de dentes muito afiados. Estremeço e me afasto.
- Mas... o quê... como...? – Sophie gagueja.
Nathan pega o cotovelo dela de leve e a conduz para as escadas, ele diz:
- Acho melhor sentarmos e Marie explica tudo enquanto comemos. – Marie. Soa como música em meus ouvidos. Pode ter começado como algo para me irritar, porém, agora, com certeza não é isso que sinto. Tudo. Ele acha que eu sei tudo, que exagero, mas é legal, não posso negar.
Assinto para ela e forço um sorriso.
Depois que estamos na "cozinha" tomando café da manhã, exceto Sophie que ainda parece confusa demais para dizer algo ou tocar na comida, eu começo:
- Quando eu subi para falar com o Nathan eu já estranhei o comportamento, mas nem liguei, afinal, passou o quê? Quinze minutos? Não achei que algo tivesse acontecido. Mas depois vi algo na água. Achei que estava alucinando, não seria surpreendente depois da noite passada. – Nathan assente, ele me encara com atenção, vidrado. Sophie ainda tem a expressão vazia. – E então ele flertou comigo.
- O quê? – Nathan engasga. Dou um riso contido.
- Calma. Eu sei que você nunca me chamaria de deusa – ele levanta as sobrancelhas. – Não daquele jeito. Nunca. – Nathan desvia o olhar, engole em seco e murmura algo para si mesmo, parece preocupado... – Eu também perguntei as horas e ele não soube dizer, você tem o poder de conseguir saber as horas durante o dia, e isso foi muito útil para que eu percebesse. Em seguida - continuo -, ouvi um rangido no barco e ele disse meu nome. Meu primeiro nome. Falou Courtney, não Marie.
Nathan dá um sorriso torto:
- Lembre-me de nunca esquecer de te chamar pelo segundo nome. Não quero levar uma facada. – Debocha.
- Engraçadinho. Posso continuar ou prefere falar você mesmo?
- Como quiser, mas eu gostaria de ouvir sua dedução.
- Está bem. – Me dirijo a Sophie. – Eu juntei tudo e percebi que o rangido devia ser Nathan tentando subir o barco. O Nathan de verdade. Eu não alucinei quando vi o braço na água, era ele nadando de volta para o barco e... o comportamento estranho é justificável pelo fato de que aquele não era o Nathan. Pelo menos, não totalmente – completo. – Era um monstro que assumiu a forma de Nathan, algum metamorfo. Por um momento, fiquei apavorada, mas quando ouvi o rangido, percebi que o monstro não havia o matado, mas se o Nathan aparecesse, com certeza o monstro mataria todos nós, porque se minhas suspeitas estivessem corretas, o único matamorfo que costuma viver nessa região gelada e não mata a vitima, pelo menos não a primária, é canibal, e bem bruto. – Ela levanta as sobrancelhas. – Lembrando de algumas aulas do Nathan – ele sorri orgulhoso diante da observação - eu apunhalei com sucesso o coração da coisa e ela caiu morta e foi aí que você apareceu e ficou gritando enquanto eu esperava Nathan terminar de subir pelo casco do barco. É claro que eu tinha certeza de que aquele não era meu amigo, certeza absoluta.
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Sangue Divino
AdventureUma garota que foi criada pela avó é raptada e acorda em um estranho acampamento, onde descobre que seus pais estão vivos e mais perto do que ela imaginava, melhor ainda, são dois dos maiores heróis atuais. Sua vida esconde mais segredos e sofriment...