A escolha não foi minha, mas tenho que reconhecer que foi uma escolha bem legal. O cheio de mar abafava o de morango. Era um chalé bem bonito, meio organizado e já havia alguém dormindo na parte de cima de um beliche, que era a única pessoa a vista, muito diferente do chalé de Hermes que tinha uma criança por metro quadrado, quase.
- Poseidon só tem dois filhos? - sussurro.
- Atualmente, de meio-sangues, só. - Ele responde baixinho.
- Hum...o.k. Aliás, bela fonte. - Comento prosseguindo no tom baixo.
- Meu pai montou para mim, com ela é fácil mandar mensagens de Íris, e o barulho e esse cheiro me acalmam.
- Legal.
Deitei-me na cama mais próxima, sem nem pensar em trocar de roupa. O único lodo ruim daqui era que a umidade aumentava o frio. Talvez eu estivesse com fome - não havia jantado -, mas o cansaço foi tanto que dormi antes de concluir o pensamento.
Acordei olhando para um chifre enorme que parecia ter sido arrancado de um animal gigante e estava pendurado na parede, sei lá como. Constatei que, agora sim, estava morrendo de fome. Levantei, pisquei os olhos para clarear a visão e enxerguei Percy estava sentado na cama a minha frente, já me encarando.
- Bom dia, pequena. - Ele diz sorrindo, provavelmente não se sentia muito confortável em se aproximar mais porque isso poderia me incomodar.
- Bom... dia? - Respondo depois de piscar os olhos mais algumas vezes.
- Sim, é dia, e é até cedo para uma menininha que dormiu tão tarde, são nove horas. Vamos, se arrume para irmos tomar café.
- O.k. A quanto tempo você está acordado?
- Faz umas duas horas.
- E você ficou me observando esse tempo todo?
- Acho que em metade dele. Não me incomodo, é como ver a Annabeth dormindo, tão bonitinho que poderia olhar por horas.
- Isso é no mínimo estranho!
Meu pai apenas ri enquanto se levanta e dá as mãos para me ajudar a levantar. Vou até o banheiro, escovo os dentes, penteio o cabelo, troco de roupa e me ajeito, o que deve ter levado uma meia hora já que minha cara e meu cabelo estavam um horror. Quando volto ao chalé, Percy estava no mesmo lugar.
- Você não devia ser hiperativo? - questiono.
- Nem sempre, mas me manter quieto exige controle e concentração, porém, quando se está calmo e cansado não é tão difícil - ele responde. - Aliás, uma pena que você não pôde conhecer o Mark, ele gosta de treinar cedo, mas provavelmente encontraremos ele por ai.
- Quem?
- Meio meio-irmão.
- Ah! O outro filho de Poseidon...
- Isso.
- Ele tem a mesma idade que você?
- Não, ele tem aproximadamente a sua idade.
- Legal. E estranho, já que é o meu tio.
Sorrimos um para o outro descontraidamente. Alguns minutos depois estávamos no refeitório, mal coloquei os pés lá e comecei a sentir o cheiro característico. Minha mãe já veio correndo, me abraçou, me deu um beijo na testa e falou tão rápido que mal pude processar as palavras:
- Como passou a noite? Dormiu bem? Sonhou com algo estranho? Seu pai cuidou bem de você?
- Hãn? - Depois fui pronunciando lentamente enquanto lembrava os questionamentos, ainda um pouco confusa e com olhos atentos de Annabeth a cada palavra minha. - Dormi bem, não sonhei com nada de importante e acho que sim.
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Sangue Divino
MaceraUma garota que foi criada pela avó é raptada e acorda em um estranho acampamento, onde descobre que seus pais estão vivos e mais perto do que ela imaginava, melhor ainda, são dois dos maiores heróis atuais. Sua vida esconde mais segredos e sofriment...