Capítulo 36 - Viva

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- Como sabem, amanhã é equinócio de primavera e fomos comunicadas que os deuses farão uma reunião geral amanhã e o principal assunto da reunião é um campista do Acampamento Meio-Sangue. Por isso, convocamos a todos, apesar do alarme ser usado para convocar apenas conselheiros normalmente. Não temos maiores informações, mas ainda assim consideramos que seria importante avisá-los. Todos vocês. – Explica Thalia.

  Muita gentileza delas se apresentarem aqui tão cedo só para nos informar disso. É uma informação até que peculiar, mas não entendo porque seria tão emergencial. Bom, elas devem ter recebido ordens de Ártemis, então deve ser algo relevante.

  Depois que Percy saiu, me troquei e quando mal comecei a pentear o cabelo ele estava de volta dizendo que todos estavam convocados. Ao chegar no anfiteatro onde estavam todos reunidos, as caçadoras e metade dos campistas já estavam lá.

- Enfim, é só isso que temos para informar. As caçadoras precisam descansar – conclui.

- Só mais uma coisa! – Diz apressadamente o conselheiro do Chalé de Apolo, um garoto de quinze anos chamado James. – Rachel tem algo a falar. Acho apropriado que ela diga agora, já que assim todos podem ser alertados.

- Ah, sim. – Rachel se levanta e se dirige ao centro do anfiteatro ao lado de Thalia. – Quero pedir que todos fiquem atentos. Ontem à tarde tive uma visão do acampamento sendo atacado por... – Um estrondo ecoa pelo anfiteatro. Soou como algo se quebrando e fez o chão tremar de leve. Rachel arregala os olhos. – Por um lestrigão.

  O chão treme de novo. Creio que seja tarde demais para o aviso, Rachel. Vasculho a multidão a minha volta com os olhos tentando encontrar Sophie ou Nathan. Penso em gritar o nome deles, mas seria uma medida muito desesperada.

  Alguém toca meu ombro e tenho um leve sobressalto.

- Nathan – sussurro aliviada.

- Marie. Te assustei? Me desculpe.

- Está desculpado – digo. – Viu a Sophie?

- Não. Só vi ela mais cedo, saindo do Chalé 10.

- Uma perguntinha. Vocês costumam ser atacados, né?

- Sim. Não frequentemente, mas às vezes há um ataque e outro.

  Respira. Inspira.

- E lestrigões são comuns também? – indago.

- Não mesmo.

- Maravilha. – Respira, Courtney. – Eu não aguento mais lutar. Que droga. Já lutou contra um desses?

- Não.

- Ótimo. – Por que estou ficando histérica? Tenho que manter a calma! – Meu pai já lutou contra um desses?

- Sim.

- Tem algum monstro com que ele ainda não lutou?

- Aquela Pantera D'Água e o Leviatã são exclusividade nossa. Garanto.

  Consigo sorrir mesmo tensa.

- Não se preocupa. Pelo visto é só um lestrigão, e nós somos centenas de campistas com a ajuda de caçadoras. Aliás, eles não são muito inteligentes. – Ele me tranquiliza.

- Eu sei que não há motivo para eu estar assim tão preocupada... mas estou sentindo algo ruim, sabe?

- Vai ficar tudo bem. Depois de tudo que passamos em batalha acho que nenhum de nós queria ouvir a palavra monstro por uns meses, só isso.

- É... você deve ter razão. Vamos achar a Sophie.

Depois de três horas, estávamos todos no refeitório para o almoço, o som de soluços vinha de todos os lados enquanto eu pressionava meus lábios contra uma mão e, com a outra, segurava a mão de Nathan tão forte que parecia que estava me agarrando a ele para não cair de um penhasco. Ele mantinha uma expressão triste e vazia. Todos pareciam arrasados. Poucos conseguiam comer.

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