Penso que se morrer desse jeito vai me garantir o Elíseo, provavelmente. Não deve ser tão mal. Mas e os outros? Nathan? Sophie? Meus deuses...
Ouço o monstro urrar e abro os olhos. A besta se contorce tentando escapar da chuva de prata que desce em cima dela. São... flechas, flechas de prata, elas estão queimando o mishepishu. Cada flecha que o atinge faz jorrar sangue negro e lodoso no pelo dele. Mas o chicote de Sophie possui prata, por que, então, não funcionou?
Nathan parou de correr para observar estupefato o grupo de garotas, enfileiradas na beirada da praia. Cada uma delas segura um arco de tamanho médio. São elas que atiram freneticamente contra o monstro. Todas elas vestem uma espécie de uniforme, calça e blusa comprida na cor cinza e botas de coturno marrom. Atrás delas, a lua parece brilhar mais intensamente, formando um cenário lindo. Da onde elas vieram?
A Pantera D'Água finalmente tomba no chão e então, se transforma em uma chuva de poeira negra. As garotas abaixam seus arcos e continuam na mesma posição. Apenas duas delas saem da formação e caminham em nossa direção, na verdade, na minha direção. Agora que me dou conta de que são varias arqueiras, mas não há menino, elas devem ser as caçadoras.
Nathan e Sophie finalmente se recuperam do choque e procuram me alcançar. Como Nathan já estava correndo em minha direção, ele chega primeiro ao meu lado. Ele coloca a mão no meu ombro e sacode de leve, eu me dou conta de que estou rígida e mecho minha cabeça, passando os olhos por toda ilha. Sinto tudo rodar a minha volta quando percebo que o perigo realmente passou. Estou viva, mas o choque de quase ter sido cortada em pedaços me assombra ainda. Cambaleio e Nathan me segura. Sou obrigada a passar a mão em torno do pescoço dele para não cair. Se isso devia ser desconfortável eu não ligo, ainda me sinto tonta demais. Com a adrenalina deixando de fluir, finalmente começo a sentir a dor do corte no meu braço, e de alguns ralados na perna.
Sophie se aproxima preocupada, avalia meus machucados mordendo o lábio e tira meu cabelo do rosto. Uma das caçadoras, a que parece mais velha, grita:
- Lucy!
Uma garota de uns doze anos sai da formação e corre em nossa direção. Chega na minha frente a uma velocidade incrível, afasta Nathan sem muita delicadeza e me senta no chão com cuidado.
- Lucy é uma ótima curandeira, ela vai te ajudar. — Diz a garota que gritou por ela. Diferente da curandeira, que é pequena e têm cabelos claros, essa menina tem cabelos escuros, repicados na altura do ombro, e olhos incrivelmente azuis.
A que está mais para trás se aproxima. Ela tem cabelos ondulados cor de chocolate e olhos gelo, aparenta uns treze anos, o arco dela brilha mais que o das outras garotas, sem dúvida.
- Sou Ártemis, — ela diz em voz melodiosa, depois abre os braços, indicando a formação de garotas na praia — e essas são minhas caçadoras.
- Não foi assim que Percy descreveu a senhora — diz Nathan. Meu pai conheceu a deusa da caçada? Aliás... é realmente uma deusa peculiar, bem jovem.
- Quando Percy me conheceu eu já estava com aquela aparência há séculos. Decidi mudar um pouco — Ártemis responde. — E você é... ?
- Nathan Sunform. Filho de Apolo. — Havia até me esquecido que mesmo ele sendo órfão devia ter o sobrenome da mãe morta.
- Ah, claro. Um dos filhos do meu irmão. E essas duas adoráveis mocinhas? — Ela se vira para mim. — Você me lembra muito uma heroína de grande potencial, querida.
Sei que devia responder algo, mas as palavras simplesmente não saem, nem para que eu possa dizer que admiro muito essa deusa em particular. A Caçada de Ártemis sempre me pareceu fantástica.
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Sangue Divino
PertualanganUma garota que foi criada pela avó é raptada e acorda em um estranho acampamento, onde descobre que seus pais estão vivos e mais perto do que ela imaginava, melhor ainda, são dois dos maiores heróis atuais. Sua vida esconde mais segredos e sofriment...