Capítulo 23 - A cidade declarada proibida

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  Levanto e observo. Parede bege. Piso cinza. Lençóis brancos. Porta branca.

  Abro a porta e espio para ver se não há perigo. Pela minha frente, se estende um corredor também branco. Ouço vozes no final do corredor. Hécate nos transportou para a casa de alguém? Se foi isso, onde estão os outros?

  Ando devagar até o final do corredor. Estou com as mesmas roupas com que dormi, sujas de areia, ensanguentadas e rasgadas, e não sei se voltarei a ver o barco e meus pertences. Quando chego ao final do corredor, uma menininha de vestido verde, de cabelo loiro escuro preso em uma trança e olhos azuis com aquele brilho elétrico que só vi nos de Thalia, aparece, me encara e grita:

- Tia Reyna! Tem uma estranha na casa! — Ela não parece aterrorizada, só curiosa.

  Uma mulher sai correndo de dentro do mesmo cômodo de onde veio a menininha e para na minha frente. Ela está de jeans e camiseta azul claro, tem olhos negros e seu cabelo preto escorre liso pelos ombros.

- Não é possível — ela murmura, colocando a mão na boca.

- Você deve ser Reyna, certo? — Indago.

- Sim, sou. E se não me engano, e acho que não, você deve ser a filha de Percy Jackson. Como veio parar aqui? — ela questiona.

- É, sou Courtney, a filha do Percy, mas também não faço ideia de como vim parar aqui.

- Eu sou Rose — diz a garotinha com voz inocente. Ela deve ter uns sete anos. Me lembro do que Sophie e Thalia disseram sobre a segunda filha de Piper em Nova Roma.

- Você é a irmã da Lola? — pergunto.

- Isso — ela responde sorrindo. As duas irmãs são bem diferentes, não consigo evitar a observação.

- Então, isso quer dizer que... estou em Nova Roma?

- Exato. — Reyna diz. — Inteligente, ehn?

- É, eu também acho que tenho inteligência até demais — digo, entediada. — Mas você sabe onde estão meus amigos? Não estão aqui, né?

- Não, querida. Sinto muito. Mas... me conte como veio parar aqui, e isso talvez ajude.

- Bom, foi obra de Hécate. Tenho certeza — afirmo.

- Se estão em missão, como acho que estão pela condição em que você se encontra — ela aponta minhas roupas —, eles vão estar onde devem estar. Hécate não é lá uma deusa das mais previsíveis, mas...

  DING DONG. Reyna contrai os olhos. Deve ser a campainha da casa.

- Rose, pode atender, por favor? — diz a moça. A menina assente exageradamente e caminha para dentro do cômodo por onde veio. — Como eu estava dizendo — ela continua —, você deve encontra-los logo, não acredito que estejam muito lon...

- Tiiia! — Rose grita. — É a Hazel com o Peter. E o tio Frank. E um menino estranho, alto e bonito que nunca vi antes.

- Nathan, meu nome é Nathan — murmura uma voz irritada.

- Nathan?! — grito sem pensar.

- Marie? — ele grita em resposta. Oh, graças aos deuses.

  Atravesso o corredor desviando de Reyna e entro no cômodo que é visivelmente a sala de estar, e em uma das paredes está a porta de entrada, por onde é possível ver um homem muito musculoso ao lado de uma moça de estatura baixa. Ela usa um vestido preto e branco de cintura alta, é morena, têm cabelos castanhos cacheados e está segurando um menininho no colo. Nathan está ao lado deles. Penso em correr e abraça-lo, mas como isso seria ridículo, considerando que vi ele há apenas algumas horas atrás, me contento em respirar fundo, aliviada. Reyna aparece atrás de mim.

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