Capítulo 30 - Argo II 5.0

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  O sacolejar do barco me acorda. O quê está acontecendo?

  Saio do quarto as pressas e vou para o deque. Sophie está sentada em cima das próprias pernas e segura firme no chão. Nathan se apoia em uma das laterais do barco e observa o mar, segurando nas beiradas como se fossem corrimões, tentando evitar cair. Vou até ele.

- O que está acontecendo? – Grito para que me voz se sobressaia sobre o barulho do mar.

- Não faço ideia. – Ele responde em tom alto. - O barco está se balançando como se estivéssemos em uma tempestade. É como se o mar estivesse nos conduzindo perigosamente para longe, fomos desviados da nossa rota. Eu diria que isso só pode ser obra de um deus do mar, mas você tem descendência de Poseidon, ele não te machucaria. Não faz sentido, não é?

- Não... mas... deuses! Como pude esquecer disso?! Droga... droga.

  Nathan me encara confuso.

- Pega a Sophie e desce até meu quarto! – digo.

  Ele assente em resposta e eu desço depressa para meu quarto. Como fui deixar isso acontecer? Estamos sob total influência de um deus nada bonzinho e é culpa minha. Devia ter lembrado. Eu e meus problemas pessoais que me fazem esquecer todo resto do mundo. Droga. Vou acabar matando todos nós.

  Quando nós três já estávamos sentados no chão do meu quarto – já que na cama seria perigoso – eu comecei:

- Eu li em algumas das minhas pesquisas os deuses que habitavam essa região no momento. Não achei que tinha importância porque não teriam motivos para nos importunar. Mas esqueci que um deles faz isso só por prazer e incomodamos a outra seriamente com meus atos ontem.

- Que deuses estão nos castigando? – Indaga Nathan.

- Ceto e Fórcis.

  Os olhos de Sophie brilham.

- Isso. Eu também li sobre! A deusa dos monstros marinhos e o deus que vive nas profundezas, há um tempo passaram a habitar... a região próxima ao litoral do Chile. – Sua expressão se torna sombria.

- Sim. Fórcis provavelmente só está se divertindo e Ceto está se vingando por eu ter matado um monstro em seus domínios, por mais que ele não fosse totalmente marinho – explico.

- Não é só isso – afirma Nathan. Eu e Sophie nos viramos para encará-lo. – Seu pai já lutou com esses dois antes, acho que querem vingança especificamente de você, e você chamou a atenção deles matando o wendigo ontem.

- Maravilha. – Ironizo. – Quantos deuses meu pai já deixou querendo vingança?

  Nathan faz uma careta.

- Muitos – diz.

- Eu devo ser o instrumento de vingança do ano. Só pode. Temos que sair daqui, mas como?

- Estamos nos movendo muito rápido. Já estamos bem longe da nossa rota original que era basicamente reta. – Ele explica. - Estamos nos dirigindo na direção do Japão.

- Japão?

- É.

- Deuses!

  Todos voltamos ao deque para observar melhor a situação, o balanço diminuiu um pouco e conseguimos nos manter em pé com algum esforço.

  Sophie morde o lábio.

- É melhor sermos rápidos, antes que Ceto tenha ideias... e... – Ela gagueja.

- Envie bichinhos. Sei – digo.

- Só conseguiremos sair do domínio desses dois antes de chegar aonde pretendem nos levar se formos voando. Infelizmente não temos nenhum filho de Zeus por aqui, então, estamos com problemas. – Diz o filho de Apolo.

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