Passo os braços em torno do pescoço dele e quase que involuntariamente correspondo o beijo, com a mesma intensidade desesperada. Depois de quase um minuto coloco as mãos espalmadas no peito dele e o empurro com delicadeza.
- O quê – tomo fôlego – foi isso?
- A prova de que o que sinto por você é mais importante pra mim do que minha relação com seu pai.
Tento arduamente não sorrir.
- O quê te fez mudar de atitude tão rápido?
- Acho que ver você gritando que não é minha irmã me acordou um pouco, mas principalmente, foi a Sophie brigando comigo depois que ouviu seus gritos. Ela disse que eu devia parar de ser babaca e largar de ser tão meticuloso em relação ao Percy e que em vez disso devia correr atrás de você antes que começasse a me odiar e eu assim eu te perderia para sempre. – Ele diz fazendo careta. Valeu Sophie. – Acho que o para sempre foi o que me fez agir logo. Eu percebi que... não posso perder você. Não por um motivo desses.
Nathan pega minha mão. Estou sorrindo como uma estúpida. Me sinto completamente idiota. Mas nem ligo. E daí? Sorrio ainda mais, me aproximo e o beijo de leve. Observo o relógio.
- Feliz aniversário – sussurro. Ele sorri.
- Como descobriu? – pergunta.
- Sophie – digo.
Ele balança a cabeça ainda sorrindo. Depois me encara por um tempo que pareceu ao mesmo tempo infinito e curto. Ele nunca me pareceu tão lindo, talvez porque pela primeira vez, me permiti avaliar o quanto o acho lindo. Os olhos azuis escuro na iluminação da caverna. O sorriso sedutor que não me incomoda mais. O cabelo despenteado. Percebo que ainda estou com os braços em torno do pescoço de Nathan. Pisco, despertando do devaneio, e retiro os braços. Mas ele não afrouxa o aperto dos braços em torno da minha cintura.
- Acho melhor me soltar um pouco. Seus machucados podem começar a abrir e eu não quero fazer mais curativos. – Ele afrouxa o aperto e revira os olhos. – Desculpa, mas eu não podia perder a oportunidade de te zoar pela sua fala na floresta de novo. Deve ter exigido muita coragem para largar a pose de invencível.
Ele se empluma e dá de ombros.
- Nem tanto – diz.
Rio. Ele volta a me encarar e diz:
- Eu... tenho que ir para o posto vigia agora, falei para o Leo que faria vigia até as três horas da manhã.
- Vou com você.
- Não. Descansa, você não precisa...
- Para. Para, Nathan. Eu quero ficar com você, posso ajudar você a ficar acordado e vamos passar um tempo sozinhos. Não estou com sono. E não preciso descansar muito, vamos andar pouco amanhã.
Ele bufa, mas não consegue esconder o sorriso.
- Já que insiste. – Nathan se curva levemente, se vira e abre a porta. – Primeiro as damas.
Sorrio.
- Sério? Não vai fazer isso em público, né?
- Claro que não. – Revira os olhos. – É muito brega. Só fiz isso para te fazer rir mesmo. Adoro te ver sorrindo.
Que bom, penso. Porque eu não consigo parar de sorrir agora, e talvez isso dure um tempo.
Vamos para frente da caverna e nos sentamos encostados na lateral da esquerda da caverna. Espalho shurikens pelo chão ao meu lado direito e ele coloca sua espada de duas lâminas à sua esquerda.
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Sangue Divino
AdventureUma garota que foi criada pela avó é raptada e acorda em um estranho acampamento, onde descobre que seus pais estão vivos e mais perto do que ela imaginava, melhor ainda, são dois dos maiores heróis atuais. Sua vida esconde mais segredos e sofriment...