Capítulo 16 - Uma missão suicida, mas não sozinha

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  As palavras que Rachel disse ainda martelavam em minha cabeça enquanto eu abatia os inimigos no caça bandeira - os do time azul -, com minhas adagas, em pontos onde não os machucasse seriamente.

  Campistas me disseram que normalmente o chalé de Poseidon fica no Time Azul, e o de Atena, no Time Vermelho; mas como eu pertenço aos dois eles tiveram que colocar os dois no Time Vermelho, o que significa que também estou lutando ao lado dos meus pais. Falaram também que algo ainda mais raro aconteceu hoje, Atena e Ares não estão no mesmo time - são inimigos -, o que dificulta muito minha situação agora, pois, são ótimos guerreiros. Ainda bem que luto a distância.

  Estou na defesa, nossa bandeira está atrás de mim, por entre as pedras do "Punho de Zeus", eu estou posicionada no topo do grande monte de pedras, sem usar poder algum apenas minhas adagas, abatendo todos que ousam se aproximar, que são poucos, já que pra chegar aqui, os do Time Azul tem que enfrentar nossa equipe de ataque, pelo que eu vi não parece tarefa fácil. Apesar de que, passar por mim também está se mostrando bem difícil, talvez só porque eu seja boa com as adagas e tenha um bom impulso ou talvez porque tento me concentrar o máximo que puder para esquecer... tarde demais. Para cada pessoa em quem jogo uma adaga, num intervalo de aproximadamente quinze segundos, uma frase flui pelos meus pensamentos.

"Pelo seu domínio vai viajar."

  Ataco. Uma garota um pouco mais velha que eu de cabelos cor de fogo cai com um corte superficial na cocha.

"A Deusa inesperada vai encontrar."

  Ataco. Um garotinho que deve ter cerca de um ano a menos que eu, mas que aparenta ter bem menos, sai correndo deixando o arco cair por causa de um corte no braço.

"Numa nova encruzilhada estará metida,"

  Ataco. Um garoto encara surpreso um corte na lateral do seu tronco.

"Na nova cidade declarada proibida."

  Ataco. Cai uma garota bem maior que eu com um corte horizontal na clavícula.

"Laços maiores que de família vai criar."

  Ataco. Cai um garoto, aproximadamente da minha idade.

"A Noite irá encontrar,"

  Ataco com fúria. Esse verso é o que mais se repete, faz com que eu me sinta aterrorizada, angustiada e... motivada. Uma garota enorme despenca com um corte quase profundo no ombro. Preciso me acalmar.

"E em face com o destino, sua jornada terminar."

  Não ataco, a face de Rachel, com fumaça verde e uma voz nada natural, dizendo essas palavras paira sobre meus olhos. Não preciso me preocupar, nem tinha porque atacar já que quando o garoto, alto, veloz e magro, se aproxima de mim, Annabeth o derruba. Ela insistiu em ficar por perto, e não posso dizer que protestei contra isso - porque não o fiz -, eu na verdade até gosto de ver pessoas que querem tanto assim me defender.

  Percy e Annabeth pegam bem leve nos jogos, Sophie me disse, já que, se eles fossem pegar pesado, venceriam sozinhos, e eles parecem bem capazes disso. Quase todos aqui parecem muito bons lutando, mas os meus pais, são literalmente os heróis desse lugar, são o centro das maiores lendas, todos devem achar que ser filha deles é tão bom quanto ser filha de deuses.

  O jogo transcorre assim por mais dez minutos, poucos se aproximam, a maior parte desaba surpreendida ao ser atingida e aqueles que eu não ataco, não passam pela Annabeth. Richard, o que pelo que acabo de lembrar, deve ser o filho de Clarisse, pega a bandeira do Time Azul, o que é ligeiramente irônico já que a mãe dele está no time inimigo ao dele – ele está com o Chalé de Hermes, com o pai, suponho –, pensando bem, deve ser uma das vantagens, na verdade, ser o único que Clarisse não ataca com fúria.

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