Capítulo 33 - O destino bate à porta

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  Leo explicou que a proteção de Atena Partenos – objeto lendário gigante que supostamente não vi porque está guardado no subterrâneo – sobre o acampamento faz com que qualquer objeto grande demais que tente atravessar as fronteiras do Acampamento Meio-Sangue sobrevoando caia, por isso, o Argo II 5.0 foi ancorado numa floresta próxima e vamos ter que andar alguns quilômetros até o acampamento.

  Agora, estou de jeans, blusa comprida fina e descalça, andando no meio de uma mata fechada. Tirei meus tênis há um tempo, quando pisei numa poça de sei-lá-o-que e eles ficaram em sopa. O problema é que está frio e logo que começamos a andar escureceu, Calipso já está muito cansada e temos muito à andar pela frente.

- Acho melhor pararmos por aqui – digo. – Podemos andar mais rápido de manhã.

- Não é seguro. Precisamos adentrar as fronteiras ou poderemos ser atacados. – O filho de Hefesto responde.

- É só uma noite. Revezamos vigiando – insisto. Por mim, ainda andaria bastante sem problema, mas a esposa de Leo está visivelmente mal, só não reclama porque não faz o tipo dela, e ele está muito assustado com a possibilidade de ataque para perceber.

- Eu concordo. Não sei se consigo andar muito mais desviando de coisas que não consigo ver direito. Tenho alguns cortes abertos ainda e eles não estão colaborando com a minha disposição – diz Nathan. Estranho. Mesmo que isso fosse verdade, ele nunca confessaria, vai contra a "política de herói imbatível".

- O que está fazendo? – Sussurro me aproximando do filho de Apolo.

- Acha que foi a única que percebeu que Calipso está passando mal mas é orgulhosa de mais para falar alguma coisa? – Ele sussurra de volta. Tenho uma ideia.

- Ai! – Grito subitamente. – Acho que cortei meu pé!

  Nathan me encara espantado e abre a boca para perguntar alguma coisa, mas corto ele dizendo baixinho enquanto todos os olhares se voltam para mim:

- Só se abaixa, finge que avaliou e confirma que é verdade.

  Ele faz o que peço.

- Deve ter sido um galho lascado, mas é melhor enfaixar. – Conclui o filho do deus da cura.

  Sorrio discretamente. Meu olhar encontra o de Sophie, ela pisca o olho direito e rapidamente desvia e passa a olhar as árvores.

- Quando pararmos vai poder cuidar disso. Nathan, consegue carregar ela até chegarmos a algum lugar que possa servir de abrigo? – pergunta Leo.

- Claro.

- Mas e os seus ferimentos abertos que não estão colaborando com a sua disposição? - sussurro. Ele contém um sorriso.

  Ele se inclina e me pega no colo habilmente, passando meu braço por cima de seu pescoço. Enquanto sou levantada repentinamente sinto que ele passa a mão pelo meu pé. O que foi isso? Será que ele estava preocupado pensando que eu realmente me machuquei? Não, ele é mais esperto que isso.

  Encosto minha cabeça no ombro e aproximo meu nariz no pescoço dele para poder conversar com ele sem que ninguém ouça, mas não consigo evitar que meu coração bata mais rápido.

- O que você fez? – Indago quando concluo que estamos andando atrás dos outros a uma distância boa.

- Haviam amoras no chão. Esmaguei algumas e passei no seu pé. Está escuro, eles não vão saber diferenciar de sangue.

- Engenhoso. – Sorrio.

  Ele morde o lábio. Provavelmente está desconfortável por estar tão próximo de mim sem poder fugir. Eu poderia encher ele de perguntas para piorar a situação... mas ele está me ajudando, não seria justo, e me sinto levemente culpada por estar sendo carregada por alguém que ainda usa uma atadura gigante no braço e na barriga por causa de ferimentos graves.

Sangue DivinoOnde histórias criam vida. Descubra agora