Capítulo 8

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Felicity

Bato meu pé freneticamente no piso de mármore do hospital, querendo obter notícias de Angel imediatamente.

Vim correndo para o hospital enquanto Ian limpava toda a bagunça de corpos daquela casa. Os pais de Angel não mostraram nenhuma preocupação ao saberem da filha. Me pergunto se ela é bem tratada dentro de casa.

Angel acabou sendo esfaqueada com uma faca de cozinha. Seu rostinho estava tão sofrido quando a trouxe para cá...

- Acompanhantes de Angel Bellerose? - uma médica chama e me levanto subitamente.

- Como ela está? - pergunto de imediato.

- Vai ficar bem, por sorte a faca não perfurou nenhum órgão. Ela passou por uma pequena cirugia e está descansando, pode ir vê-la se quiser. - solto o ar que nem sabia que estava prendendo. A médica me indica o quarto que Angel está e sigo sem esperar mais nenhum minuto.

Ao adentrar no cômodo branco, observo a garota de cabelos platinados dormir com uma expressão de dor.

O que se passa na sua cabecinha, SnowFlower?

Meio relutante, aliso seus cabelos sedosos apreciando cada parte do seu rosto. Eu nem sei o porquê estou tão interessada nela, esse sentimento só brotou e não estou achando tão ruim.

Angel ameaça abrir o olhos e retiro minhas mãos dos seus fios brancos. Ela me olha assustada tentando disfarçar um bico adorável que brotou em seus lábios.

- Onde estou? - questiona me encarando com atenção.

- No hospital, te trouxe para cá depois que aquele desgraçado a machucou. - respondo. - Está com dor?

- Bom, acabei de ser esfaqueada, mas não, estou pulando de alegria. - solta o seu sarcasmo de sempre e reviro os olhos. Angel suspira. - Desculpe... obrigada por ter me ajudado, Felicity.

Dou um sorriso ao constatar que ela lembra meu nome.

- Como foi parar na minha casa? - indaga e meu corpo fica rígido. Dou de ombros fingindo indiferença.

- Longa história, mas não precisa se preocupar. - digo simples.

- Certo... - murmura com o olhar desconfiado. - Obrigada mais uma vez.

Pela primeira vez, Angel sorri para mim. Mesmo tendo sido um sorriso mínimo, foi o suficiente para ver suas covinhas, e como a mesma fica adorável com elas.

Um silêncio desconfortável se instala. Encaro Angel que brinca com seus dedos, em seguida respira fundo e começa a me observar.

- Como sabe o meu nome? - indaga curiosa.

- O Cole me contou.

- Perguntou de mim para o Cole? Por que?

- Só curiosidade... você me chamou a atenção. - respondo e Angel franze o cenho.

- Atenção? De que maneira? - volta a questionar. Que garota curiosa.

- Sabe... te achei interessante. Bonita. - sorrio provocante e de repente, sinto uma tapa ser depositada em meu rosto. - O que foi isso, mulher?

Até que essa mãozinha tem força.

- O que pensa que sou? Uma prostituta? - exclama. Da onde ela tirou isso? - Me ajudou por interesse?

- O que? Lógico que não. Te ajudei porque foi o certo, além do mais... - me aproximo de Angel, encarando seus lábios carnudos. - Não acho que seria difícil te convencer a ficar comigo.

Provoco e o rosto da garota a minha frente fica vermelho, e não acho que seja de vergonha.

- Ah claro, você é daquelas que sempre teve a vida aos seus pés, certo? - fala com desdém. - O famoso filhinha de papai.

Trinco o maxilar com sua fala. Okay que tive uma vida de privilégios, assumo isso. Mas detesto quando me chamam de filhinha de papai, como se eu deixasse ele me bancar até hoje. Moro com meus pais, mas isso porque não gosto de ficar sozinha.

- Não julgue o livro pela capa, SnowFlower. - sussurro sem encerrar o contado dos nossos olhos.

- No seu caso, eu julgo sim! Você é igual aqueles caras que não sabe ouvir um não. - ela diz e aperto minhas mãos em punho.

- Nunca mais insinue isso de mim, Angel. - minha voz é fria e raivosa. Me afasto dela, me virando para sair do quarto. - Já te disseram que você é mal agradecida.

Vejo tristeza e mágoa passar diante de seus olhos, um indício de vunerabilidade; mas logo vai embora. Angel ajeita a postura como pode e volta com seu rosto inexpressivo.

Construindo mais uma vez uma muralha em volta de si.

- Nunca fui acostumada a receber ajuda. - é tudo que diz, virando seu rosto para a parede.

Respiro fundo saindo do quarto. Não quero deixá-la sozinha, e nem vou. Apenas passarei em casa para tomar um banho e comer alguma coisa.

Ao caminhar para fora do hospital, repito as palavras de Cole para mim mesma.

É só ter paciência...

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SNOWFLOWEROnde histórias criam vida. Descubra agora