Capítulo 42

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Angel

Estava com Aly no quarto enquanto ela me ajudava a tricotar uma manta de lã azul para o bebê, quando ouvimos o barulho de tiros e vários gritos do lado de fora. Automaticamente me levantei e coloquei minha filha atrás de mim. O clima parecia tenso e alguns minutos depois, escutamos dois disparos no corredor.

Esperei qualquer que fosse o conflito que se mantinha do lado de fora. Meu corpo pareceu incapaz de mover um músculo quando a porta do quarto foi arrombada e uma figura preta apareceu. Minhas pernas fraquejaram e tentei me manter em pé ao observar Felicity parada a alguns metros longe de mim com os olhos arregalados.

Ela me avaliou com emoção, se aproximando cada vez mais, quando por fim, suas mão seguravam o meu rosto enquanto ela chorava com um sorriso radiante. Nem uma de nós duas falou alguma coisa, acho que a única coisa que precisávamos era matar a saudade através de um beijo.

Eu não acredito que ela está aqui...

Felicity veio mesmo me buscar?

O beijo durou alguns segundos, mas na bolha que estávamos parecia que o tempo tinha parado. Quando recuperamos o fôlego, voltei para realidade e senti uma mãozinha apertar meu vestido. Dei um pequeno sorriso para Aly e a trouxe para minha frente. Ela parecia receosa com a presença de Felicity, então seu rosto estava sério e muito fofo.

— Quem é você e por que beijou minha mãe? — pergunta de forma protetora e Fê assume uma expressão surpresa.

Seu olhar se volta para mim e respiro fundo. Só agora ela parece perceber a elevação da minha barriga e franze o cenho confusa. Antes que eu fale alguma coisa, dois homens aparecem no quarto e Felicity engatilha sua arma, ficando em minha frente. Aly começa a chorar e esconde o rostinho no meu vestido. Seguro sua mão, dando alguns passos para trás com medo de um possível disparo.

— O chefe só quer ela. — um deles fala, apontando o dedo para mim.

— É só matar essa vadia que está na frente. — o outro responde e meu coração acelera ainda mais.

— Sabe, em filmes, sempre tem uma falação antes de qualquer morte. — Felicity bufa e lentamente, a vejo pegar uma adaga que estava presa no cinto. — Quando na verdade eles podem fazer isso...

Sua arma dispara contra o homem mais alto e rapidamente ela avança no outro que tenta atirar, mas é impedido com uma adaga cravada no peito. Ainda sim, não foi suficiente para derrubar o brutamontes e ele chuta a perna esquerda de Felicity, a fazendo fraquejar. Solto um grito involuntário quando ela vai ao chão por causa de um soco.

O homem anda até mim e recuo, sentindo minhas costas baterem na parede. Alyssa sai do meu lado, correndo até uma arma jogada no chão. Isso causa uma distração no desgraçado a minha frente e pego o abajur que estava no criado mudo, acertando sua cabeça em cheio. Ele desmaia de imediato e corro até Aly, retirando a arma de suas mãos.

Ajudo Felicity a levantar e saimos do quarto com pressa. Não podíamos arriscar ficar mais um minuto aqui, pois logo as coisas iriam piorar. Seguro a mão de Alyssa com força enquanto saímos daquela mansão. Várias mulheres choram desesperadas ao abraçarem seus filhos ou outras pessoas conhecidas e apenas seguimos para o jatinho.

Como não tinha janela no quarto, eu não sabia exatamente em que horário estávamos. O céu escuro pairava sobre nossas cabeças com a luz da lua iluminando nosso caminho. Consigo visualizar vários helicópteros com o selo da polícia da Europa pairando sobre a ilha.

— Vai ficar tudo bem, não é, mamãe? — minha filha pergunta enquanto ajeito o cinto em sua volta. Me sento na sua frente, pegando em sua mãozinha que está gelada.

— Agora vai, meu amor. — respondo com um pequeno sorriso no rosto. Felicity pede para o pilotor decolar e logo se senta ao meu lado, nos entregando alguns cobertores.

Percebendo meu nervosismo quando o jatinho começa uma pequena turbulência ao sair do chão, Fê entrelaça sua mão na minha e deposita um beijo no dorso.

— Está tudo bem agora. — ela afirma e encosto a cabeça no seu ombro, respirando fundo.

Depois de um tempo em silêncio, já fomos liberadas para retirar o cinto. Felicity avisou que outro jatinho estava a caminho da ilha para trazer o pessoal dela de volta. Precisariam resolver as coisas com a polícia, afinal, haveria todo um interrogatório. Mas Felicity avisou que deixou tudo isso nas mãos de um amigo, a mesma disse que só queria voltar para casa e matar a saudade.

Alguns pensamentos me deixam confusa e faço uma nota mental de perguntar a Felicity sobre todos aqueles homens e armas, e o principal, sobre como ela me encontrou. Decido me preocupar com isso depois, apenas descanso no acento confortável.

— Então... — Aly cruza as perninhas, tamborilando os dedos numa verdadeira postura de negócios. — É você minha outra mamãe?

Arregalo os olhos.

— Alyssa, nós já conversamos e...

— Bom, isso depende do que sua outra mamãe vai decidir. — Felicity me interrompe e a olho envergonhada.

— Nós temos muito o que conversar, Felicity. Passamos anos separadas e muitas coisas mudaram... não posso pedir que assuma uma responsabilidade que não é sua. — respondo com a cabeça baixa.

— Muitas coisas mudaram, mas não os meus sentimentos por você. E espero que isso seja recíproco. — declara determinada e mordo o lábio inferior.

— Se quiser saber se eu ainda te amo... a resposta é sim. — digo, voltando a encarar seus olhos verdes que tanto senti saudades.

— Como você mesma disse, temos muito que conversar, mas não ache, nem por um minuto, que deixarei você sozinha. — uma lágrima de felicidade e alívio desliza pela minha bochecha.

Parecendo entender a situação, Ben começa a se agitar na minha barriga e coloco a mão por cima da elevação, movimento que não passou despercebido por Felicity.

— E bom, tenho que conhecer o novo membro da família. — ela vem até mim, se ajoelhando na minha frente e colocando a mão sobre minha barriga.

Sua atitude me deixou mais feliz do que ela poderia imaginar. É bom saber que Felicity ainda quer continuar comigo, mesmo com todas as coisas que mudaram entre nós.

— Esse é o Benjamin, meu irmão. — Aly se pronuncia orgulhosa. — Ele é meu melhor amigo e vou protegê-lo de tudo.

Choro ainda mais com sua fala e a chamo para se sentar ao meu lado. Minha filha abraça meu braço e começo a acariciar seus cabelos loiros enquanto Felicity conversa com o bebê, obtendo resultados quando Ben molda minha barriga com seus pezinhos.

Passei tanto tempo sonhando com esse encontro. De me sentir bem e ao lado da mulher que amo... e finalmente tudo se tornou realidade.

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SNOWFLOWEROnde histórias criam vida. Descubra agora