Capítulo 32

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Angel

— Quantos anos você tem mesmo? — pergunto enquanto estamos deitadas, uma de frente para a outra.

— Tenho 25 anos. — responde, entrelaçando nossos dedos. — Como sou uma namorada muito atenciosa, eu sei que a senhorita tem 23 anos.

— Primeiro: eu sou super atenciosa, apenas sofro de Alzheimer. E segundo: quem disse que eu sou sua namorada? — questiono, porém com um sorriso bobo no rosto.

— Ainda não fiz o pedido oficial, mas sim, você é minha namorada. A não ser que não queira. — sua confiança de antes parece sumir. Ainda sorrindo como uma idiota, a abraça como um coala.

— Eu quero muito. — sussurro com os olhos fechados, aproveitando seu cheiro de jasmim. — Hum... qual sua cor favorita?

— Vermelho. — responde. Sua mão faz um carinho no meu couro cabeludo, e estou quase dormindo com esse cafuné.

— Por quê?

— Bom, primeiro, a cor vermelha me lembra as rosas, e as rosas me lembram você. Por fora, aparentam ser uma flor delicada, mas, possuem espinhos para se defender. Entretanto, com o devido cuidado e paciência, conseguimos retirar os espinhos e cuidar da rosa sem se machucar. — responde e um misto se sentimentos toma conta do meu peito. — E segundo: você estava com o batom vermelho no dia em que a gente se conheceu.

— Você é tão romântica... — falo, sentindo meu rosto queimar. — Por que se interessou por mim?

— Eu não sei... acho que foram vários fatores. Desde o momento que coloquei meus olhos em você, alguma coisa acendeu dentro de mim. Não que eu acredite em amor a primeira vista, porque na verdade eu senti raiva a primeira vista por você. — dou risada da sua fala. — Mas com o tempo eu percebi que você é mais do que aparenta ser. É gentil, carinhosa, bondosa, divertida, e vários outros adjetivos no qual eu poderia passar o dia citando. Eu amo sua risada. O modo como você é fofa quando está brava, mas eu finjo levar a sério porque se não fico de castigo. Que ironia, um gnomo mandar em mim.

Dou um tapa leve no seu ombro. Meu coração parece que vai explodir de tanta felicidade, e por um momento, eu esqueço de todos os meu problemas. Ela é como minha droga, uma droga na qual preciso para viver.

— Eu amo tudo em você, Angel Antoinette Bellerose. — faço careta quando Felicity fala meu nome completo.

— Não gosto do meu nome do meio. — reclamo com um bico nos lábios. — Minha avó que escolheu meu nome, já que Rebeka estava mais ocupada com o seu corpo após gravidez. Minha avó era uma pessoa muito boa, pelo o que soube pela vizinhança. Ela cuidou de mim até os meus quatro anos, mas acabou falecendo de insuficiência cardíaca.

— Eu sinto muito, meu amor. — Fê me abraça ainda mais. — Você passou por tanta coisa nessa vida... queria poder ter chegado antes.

— Você está aqui agora. Não tenho nem palavras para descrever tudo o que sinto por você. — falo, sentindo uma lágrima escorrer. — Não sou muito boas com palavras, mas tudo o que posso dizer é que você é minha salvação. Minha paz e meu porto seguro. E eu te amo muito.

— Eu também te amo, minha SnowFlower. — Felicity pega meu queixo com sua mão. Ela aproxima seu rosto do meu, me beijando carinhosamente. O toque é macio, cuidadoso e perfeito. É como se estivéssemos destinadas uma a outra.

E bom, quem pode garantir que não?

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⚠️ Essa parte pode conter gatilhos: Menção de transfóbia.

Cole? Está tudo bem? — questiono sonolenta. Olho no relógio e vejo que são uma da manhã.

V-você pode pedir para Felicity me buscar no cinema? — percebo sua voz trêmula e entro em alerta.

Aconteceu alguma coisa? — continuo questiono com minha preocupação só aumentando.

S-sim. Mas não quero explicar agora. — responde e posso ouvir o barulho de choro do outro lado da ligação.

Tudo bem. Daqui a pouco estamos aí. — aviso, encerrando a ligação logo em seguida.

Olho para Felicity que dorme tranquilamente ao meu lado. Chamo ela algumas vezes, e depois que finalmente consigo, vestimos uma roupa qualquer e saímos de casa rapidamente. Seja lá o que aconteceu, está me deixando com um aperto no peito quase insuportável.

— Ele está bem, não é? — pergunto mais para mim do que para ela.

— Eu espero, anjo.

Estacionamos no shopping local e seguimos para o terceiro andar que é onde fica o cinema. Não foi muito difícil de encontrar o Cole, ele estava ao lado de um segurança enquanto abraçava o próprio corpo.

— Cole, o que aconteceu? — Felicity é a primeira a pergunta. Meu amigo nada fala, apenas vem em minha direção e me abraça. Sinalizamos para o segurança, avisando que somos suas amigas e que estava tudo bem.

Depois de um tempo, o choro de Cole parece cessar aos poucos, mas seu corpo ainda solta pequenos esparmos.

— Meu irmão estava na mesma sala de cinema que eu... — começa a explicar, posso perceber que ele está se segurando para não chorar novamente. — Eles e alguns amigos não me deixaram em paz durante todo o filme, e na saída... eles se juntaram em uma roda. Me chamaram de nomes horríveis e...

Cole levanta sua blusa. Ponho minha mão na boca em puro choque e terror ao ver a barriga e as costas do meu amigo cheia de hematomas. Seguro o choro que insiste em vir, mas é inútil. Não consigo ficar neutra em uma situação como essa.

É crueldade demais.

Abraço Cole mais uma vez, mas agora com cuidado. Nem posso imaginar a dor que ele está sentindo nesse exato momento, e não me refiro apenas a dor física.

— Vamos para o hospital. Temos que cuidar desses machucados e garantir que não houve nenhum dano grave. — Felicity fala, seu rosto está inexpressivo e sei que isso não é um bom sinal.

Aqueles homens que fizeram isso com o Cole vão sofrer, e minha namorada vai garantir que isso aconteça.

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SNOWFLOWEROnde histórias criam vida. Descubra agora