Capítulo 43

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Felicity

Depois que Alyssa dormiu, fiquei de colocá-la na suíte que tem no avião particular. Volto para um dos assentos, encontrando Angel quieta enquanto observa o céu pela janela.

Respiro fundo, pegando em suas mãos e depositando um carinho no dorso. Ela sorri minimamente, parecendo ter receio em falar.

— Me explica o que aconteceu todos esses anos. — peço e Angel suspira, se ajeitando no assento.

— Bom... você leu a carta que deixei para você? — pergunta e confirmo com a cabeça. — Rebeka me entregou uma agada no dia que foi na cafeteria, deixou claro que queria que você presenciasse minha “morte”. — meu anjo está inquieta e a chamo para se sentar no meu colo. Assim ela faz, deitando a cabeça no meu peito. — Eu realmente achei que fosse morrer... mas Rebeka me levou para um hospital clandestino e salvou minha vida.

— Eu vou matar essa filha da puta! — exclamo com raiva e percebo o corpo de Angel tremer. — Desculpe, meu amor.

— Rebeka tinha um dívida com Clarkson Mancini. Então, me usou como pagamento e fui parar naquela ilha... sendo mais uma das esposas de Clarkson. — continua com o tom de voz baixo. — Eu estava assustada, mas conheci Abby, minha melhor amiga e mãe de Alyssa. — esclarecimento passa pela minha cabeça com sua constatação. — Abby foi morta por um dos homens ao ser considerada “sem serventia”, mas antes de morrer, pediu-me para que cuidasse da sua filha como se fosse minha. — diz com um pequeno sorriso no rosto. — Minha princesinha é tão incrível, Fê! Seu aniversário de sete anos é amanhã, e estou aliviada por ter saído daquele lugar...

— Vocês estão seguros agora. Não vou deixar que nada de mal aconteça. — afirmo, beijando sua testa e entrelaçando nossas mãos.

— Você deve estar se perguntando sobre minha gravidez, certo? — abro a boca para dizer alguma coisa, mas Angel suspira e prossegue. — Há nove meses, Clarkson queria levar Aly para... — ela para de falar por alguns segundos. — Abusar dela.

Meu estômago se revira com o que foi dito e tento permanecer neutra para não assustar meu anjo, mas por dentro estou com o sangue fervendo de raiva.

Eu juro que vou matar esse desgraçado!

— Eu não podia deixar aquilo acontecer, então fui em seu lugar. — Angel aperta minha mão. — Três meses depois descobri que estava grávida. Eu não queria abortar, não dessa vez, e por algum motivo, Clarkson ficou super interessado ao saber que eu estava esperando um menino.

— Meu amor... — sussurro, já chorando ao saber de tudo o que meu anjo guerreiro enfrentou por cinco anos. — Me desculpa.

Choro desesperada, a culpa me consumindo com força. Quando soube que Angel morreu, passei quase um ano sem conseguir sair da cama. Deixei meu tio, meu pai e Ian cuidarem de tudo em relação a máfia, inclusive em procurar Rebeka e Max.

Eu desisti do meu anjo...

— Eu estava tão afundada no luto que desisti de tudo. Eu devia saber... devia saber que você estava viva... — meus soluços são audíveis e sinto a mão de Angel em meu rosto, enxugando as lágrimas.

— Nunca mais pense assim, Felicity. Foi tudo muito real naquele dia no restaurante, até eu achei que fosse morrer. Não quero que se torture pelo o que aconteceu. Se eu estivesse no seu lugar, também me entregaria ao desespero ao saber que o amor da minha vida morreu. Eu te conheço, e sei que você faria o possível e o impossível para me salvar se soubesse que eu estava naquela ilha. — Angel me beija, apenas um selar simples, mas cheio de amor. — E foi isso que fez hoje. Você me salvou. Nos salvou.

A abraço com mais força, sentindo sua pele contra minha e seu aroma que estranhamente não mudou nada.

— Vamos dormir um pouco. Você precisa descansar e ainda faltam três horas para chegarmos. — falo e nos levantamos do assento que estávamos.

Vamos até a suíte e observo o modo cuidadoso de Angel com Aly. Ela deposita um beijo delicado na testa da garotinha, se deitando ao seu lado. Faço o mesmo, me deitando na outra ponta. Como a cama é de casal, cabe facilmente nós três.

— Eu te amo, meu anjo. — digo com os olhos fechados, apenas apreciando esse momento de paz.

— Eu também te amo, meu amor. — ela sussura, pegando em minha mão.

E assim dormimos.

Juntas novamente.

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Uma pergunta, estão achando muito longa a história ou querem que eu continue?

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