Capítulo 20

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Por favor, se puderem, leiam as notas finais <3

Maratona 2/5

Angel

Me remexo de um lado pro outro na cama tentando encontrar uma posição confortável para poder dormir. E, por mais que eu tente me convencer de que essa dificuldade para dormir seja culpa da cama ou da falta de sono, sei que o verdadeiro motivo é porque não estou com Felicity ao meu lado.

Não sei o que deu em mim mais cedo. Felicity sempre se mostrou carinhosa e prestativa, até mesmo quando eu fui uma completa ingrata sem educação. Quando senti seus lábios próximos ao meus, sua pele quente enviando ondas de eletricidade por todo o meu corpo, suas palavras... não sei de fato o que aconteceu, mas eu simplesmente travei.

Medo ou insegurança.

Desde que tudo aquilo aconteceu, não gosto de ser tocada. Um desconforto preenche meu peito e sinto que vou sufocar... mas com Felicity é diferente. Ela é a única na qual permito tal liberdade, e, mais uma vez, a afastei.

Não quero me apaixonar para depois Felicity perceber o quanto sou suja... descartável. Seria um desprezo que não suportaria.

Encaro o teto fixamente, sugando minha chupeta com rapidez tentando me acalmar a qualquer custo. Franzo o cenho ao ouvir um celular tocar, provavelmente o de Felicity já que acabei deixando o meu naquela casa.

Me levanto da cama, pegando o celular enquanto fecho levemente os olhos por causa da claridade. Vejo o nome “Chloé” brilhar na tela, e penso que pode ser alguma amiga ou parente de Felicity. Porém, uma inquietação toma conta do meu interior e quando percebo, já estou atendendo a ligação.

Sim? — falo um pouco receosa. A ligação fica em silêncio por um tempo até uma voz melodiosa se pronunciar.

Amor? — uma mulher fala e sinto um estranho aperto no peito. — Querida, não vem me ver hoje?

Meu corpo paralisa ao constatar que essa mulher pode ser namorada de Felicity. Mas... pode ser verdade? Penso um pouco sobre. Claro que deve ser verdade. Felicity é uma mulher atraente, bem sucedida e gentil com qualquer um. A única coisa que não entendo é, por que ela brincou comigo? Por diversão?

Felicity? — a voz volta a se pronunciar e seguro as lágrimas que estavam quase deixando meus olhos.

Ela não está no momento... pode ligar depois. — desligo a ligação sem ao menos esperar uma resposta. Não sei onde Felicity está, talvez tenha saído ou esteja com o irmão.

Pondero sobre ir procurá-la ou não, no final, decido escolher a última opção. Não quero vê-la.

Merda, como fui ingênua!

Eu realmente achei que as palavras de Felicity poderiam ser verdade? Ela nunca olharia para mim. Uma pessoa cheia de cargas e defeitos. Me pergunto o que Felicity está esperando para me expulsar da sua casa. Provavelmente não faz isso por pena.

Saio do quarto, precisando respirar um pouco. Já está tarde, julgo que todos estejam dormindo. Observo melhor a mansão. É tudo muito chique e arrumado e, ao reparar nisso, penso que sou apenas uma intrusa nesse lugar.

Ouço meu estômago roncar e um pouco relutante, procuro a cozinha para poder comer alguma coisa. Depois de alguns minutos, encontro o cômodo, mas tento sair de fininho ao ver a mãe de Felicity, Alicia.

— Querida? — solto uma maldição baixa. Me viro com um pequeno sorriso no rosto, o que é retribuido pela mulher.

— Boa noite, senhora Salvatore. — cumprimento envergonhada.

— Que senhora que nada, pode me chamar de Alicia ou Ali, meu bem. — responde. Ela vem até mim, perguntando se pode me abraçar. Mesmo com um pouco de desconforto, permito o ato, me sentindo estranhamente tranquila em seus braços. — Minha filha fala muito de você.

— Espero que só coisas boas. — sorrio amarelo enquanto brinco com meus dedos.

— Claro que sim! Como meu filho Miles fala, Fê está cadelinha por você. — sinto minhas bochechas corarem com sua fala. — Quer comer algo? Cheguei agora de viagem e estou morta de fome.

— Ah, não precisa se incomodar. — digo, querendo sair o mais rápido possível daqui. Não porque não gostei de Alicia, e sim por medo de falar ou fazer algo errado. Como uma boa traidora, minha barriga ronca no momento em que a frase sai da minha boca.

— Não precisa ter vergonha, querida. Pode se sentar, vou fazer uma salada de frutas para você. — faço o que foi pedido, observando Alicia se movimentar pela cozinha. — Felicity me contou sobre sua anemia, então farei algo bem saudável.

— Obrigada, senho... Alicia. — respondo, recebendo um sorriso satisfeito de sua parte.

— Eu tenho uma ONG, trabalhamos em diversos tópicos e o desse ano será construir abrigos em várias regiões do Brasil e da África. — comenta enquanto corta uma banana. — É tão gratificante ajudar as pessoas, sabe? Não faço isso para aparecer nas imprensas ou receber algum tipo de prêmio, e sim porque me sinto em paz ao ver que estou ajudando na vida ou no dia de alguém.

— Deve ser incrível. — falo, prestando a atenção em tudo que Alicia conta sobre seus trabalhos voluntários.

— Você deveria passar lá um dia desses, creio que possa te fazer bem. — ela oferece, me entregando o recipiente com algumas frutas.

— Obrigada. — agradeço, colocando um pedaço de mamão na boca. — E eu adoraria ajudar no que for preciso na sua instituição.

— Você é adorável, Angel. Se minha filha decidir namorar com você, tem minha benção e dada com muito gosto.

Eu até poderia ficar um pouco feliz ou esperançosa com sua fala, se eu não lembrasse do acontecimento de mais cedo. E de me perguntar várias vezes o motivo de Felicity ter feito o que fez.   Me enganado...

— Mamãe? — Felicity aparece na cozinha com o cenho franzido. — A senhora chegou!

Ela vai de encontro a Alicia, a abraçando. Em seguida, Felicity olha para mim, sorrindo minimamente. Desvio o olhar, me concentrando na minha salada de frutas.

— Senti saudades dos meus bebês. — Alicia constata, beijando a testa da filha.

Meu coração dói.

Eu passei a maior parte da minha vida desejando que Rebeka fosse assim comigo...

— Vou me recolher, com licença. — aviso. Me levanto da cadeira, pegando o recipiente com as frutas e saindo da cozinha sem nem ao menos ouvir a resposta das duas.

Um tempo depois, Felicity aparece no “meu quarto” parecendo aflita e receosa.

— Angel, precisamos conversar sobre mais cedo. — pede, o que me faz soltar um riso de escárnio.

— Não, precisamos conversar sobre o quanto você é uma mentirosa. — retruco, recebendo seu olhar confuso.

Ótimo, se tem uma coisa que odeio são mentirosos que, mesmo quando a verdade vem a tona, continuam mentindo.

E Felicity é um bom exemplo disso.

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Comentem nos capítulos, pessoal. A interação ajuda muito e me deixa bastante feliz. Por mais que eu ame escrever, é algo trabalhoso e que requer esforço e dedicação. Tem vezes que eu passo o dia escrevendo, pifando as engrenagens do meu cérebro para entregar algo bom a vocês. O capítulo anterior teve apenas 12 comentários, isso desanima muito... Eu sempre vejo algumas pessoas pedindo “mais” “posta mais” ou “quero mais” e quase nenhuma interação com o capítulo. Não posso obrigar ninguém a comentar, mas como eu disse, é algo que desanima e minha animação para escrever fica lá embaixo. Vou continuar postando porque a escrita é como uma terapia para mim, uma distração do mundo real, mas não vou garantir a mesma energia de sempre.

Autora 💗

SNOWFLOWEROnde histórias criam vida. Descubra agora