SNOWFLOWER

Capítulo 25

Felicity

Seguro a mão de Angel enquanto me permito desabar como nunca tinha feito antes. Acho que eu poderia morrer de tanto alívio que senti quando os médicos avisaram que meu anjo estava fora de perigo.

Eles disseram que por muito pouco Angel não morreu. Os médicos conseguiram conter o sangramento, mas precisaram de um doador O- e por sorte, é o meu tipo sanguíneo.

Minha mãe me obrigou a comer e descansar um pouco para recompor as energias. Sem escolhas, obedeci, mas não saí do lado da minha garota por nenhum minuto.

Já faz sete horas que Angel não abre os olhos, e, por mais que eu saiba que ela está bem, ainda sinto medo. Medo de que nunca mais possa encarar suas órbitas acinzentadas que transmitem tantas emoções ao mesmo tempo.

Sinto um aperto leve na minha mão, e levanto a cabeça esperançosa. Angel parece inquieta ao tentar acordar, seu rostinho sofrido dói no fundo da minha alma.

- Fê... - ela sussurra.

- Oi, meu amor. - respondo com os olhos marejados. - Estou aqui.

- Eu não consegui, não é? - meu peito se aperta com sua fala e nego com a cabeça. - Sinto muito.

- Angel... - começo, beijando sua mão pálida com delicadeza. Percebo a mesma encarar os pulsos enfaixados e soltar um suspiro. - Eu não entendo, achei que você estava melhorando. Por que não ligou pra mim? Por que fez isso? Eu...

- Não quero mais viver, Felicity. - Angel diz com o olhar vago. - Tudo dói.

- Eu sei. Mas estamos trabalhando na sua melhora. Se você morrer... - engulo o nó na garganta, não conseguindo terminar a frase. - O que aconteceu hoje foi uma recaída, mas como eu disse, você tem ajuda. O Cole, a Dra. Martha, minha mãe... você tem a mim. Sei que pode parecer egoísta, mas não sei o que aconteceria comigo se você fosse embora...

- Desculpe. - sua voz sai baixa e dolorida. - Não sei o que aconteceu.

- Eu te amo, Angel. - falo por fim, não querendo guardar esse sentimento dentro de mim. - Você é meu anjo. Um anjo que fará o mundo perder a cor se decidir partir.

- Desculpe. - repete. Solto um suspiro, depositando um beijo na sua testa.

- Com licença? - uma médica entra no quarto.

Sinceramente? Acho que já viemos tanto aqui que me surpreendo não ter uma ala em nossa homenagem.

- Pode entrar. - informo. A mulher olha para Angel com um pequeno sorriso e em seguida respira fundo.

- Bom, como deve saber, a senhorita está fora de perigo. - comenta e Angel confirma com a cabeça. - Conseguimos conter a hemorragia e realizar uma transfusão de sangue.

Angel permanece calada, percebo que a médica deseja falar mais alguma coisa, então espero.

- O seu bebê também está fora de perigo. Por sorte você não sofreu um aborto espontâneo. - finaliza.

Arregalo os olhos com sua fala e observo Angel fraquejar. Minha garota parece paralisada e corro até ela, pegando em sua mão na tentativa de amenizar algum choque da sua parte. Mas Angel apenas encara a médica com o rosto indecifrável.

- Vocês não sabiam? - a médica questiona. Nego com a cabeça, respondendo também por Angel. - Bom, a paciente está de 12 semanas.

- Eu... nossa. - fico sem saber o que dizer. - Você pode nos dar licença um minuto?

A mulher assente, saindo do quarto em seguida. Volto meu olhar para Angel que encara a parede. Não tenho a mínima ideia do que fazer ou como agir, só sei que estarei ao seu lado em cada passo e decisão que a mesma decidir tomar.

- Angel... - a chamo com cuidado. Meu anjo vira o rosto para mim, ainda calada. - Não importa o que acontecer, eu sempre estarei ao seu lado.

- Eu não quero esse bebê, Felicity. - responde e apenas escuto. - Eu sei que ele não tem culpa de nada, mas... eu não conseguiria. Seria um lembrete de tudo o que Max fez comigo.

- Tudo bem, querida. - me sento ao seu lado, trazendo seu corpo para se aconchegar no meu. - Não vou te julgar por nada desse mundo. Só quero saber se tem certeza da sua decisão. Você acabou de receber a notícia, ainda tem muita coisa para processar...

- É minha decisão. Além do mais, esse bebê não precisa de uma mãe fodida que nem eu. Vai ser melhor assim. - fala e percebo que ela quer encerrar a conversa.

Então, fico quieta e apenas mostro através do meu abraço que a entendo e que serei seu porto seguro. Sua âncora.

Sempre e pra sempre.

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