Felicity
Resolvo algumas coisas do trabalho pelo notebook enquanto tomo meu café latte, observando o movimento da minha cafeteria. Ainda penso que Angel... gostaria de saber como ela está. Se já saiu do hospital, ou se está cuidando da sua saúde.
Franzo o cenho ao ver Cole falando com alguém no celular de forma agitada. Ele pega seu casaco, saindo rapidamente do balcão onde estava. Me levanto preocupada, querendo saber o motivo da sua angustia.
- Cole, o que aconteceu? - questiono um pouco aflita. Os olhos do meu amigo estão turvos, pego em seus ombros, tentando trazê-lo de volta a realidade. - Cole!
- É a Angel... aconteceu algum coisa grave com ela, Felicity. - ele responde. Meu peito de aperta de um jeito estranho, continuo parada pensando em mil coisas diferentes.
- Vamos no meu carro. - aviso por fim, saindo da cafeteria. - Me explica com detalhes isso.
Entramos no carro, logo começando o trajeto até a casa de Angel. Por favor esteja bem, SnowFlower...
- Ela sofre abusos em casa, Felicity... pela mãe e pelo padrasto. Angel nunca me contou sobre isso, mas sei que estou certo. Ela sempre fica desesperada com a mínima possibilidade de voltar para casa antes de meia-noite, sem contar nas várias marcas roxas que eu encontrava em seu corpo desde que nos conhecemos. - Cole explica. Aperto com força o volante do carro, sentindo o ódio me dominar.
Eu vou matar qualquer um que encostou nela!
- Por isso ela sempre foi tão fechada, sabe? Muitas pessoas não têm paciência, mas eu entendo. Angel cresceu sem ninguém, pelo o que vi, sempre cuidou de si mesma. Então quando chega alguém de repente, querendo entrar na vida dela com tudo, Angel constrói uma muralha em volta de si para evitar se apegar. - ele para um pouco para respirar. - Acho que, apesar de ser uma mulher forte, ela não aguentaria perder uma pessoa querida.
Guardo suas palavras no fundo da minha mente, respirando fundo ao chegar na casa de Angel. Pego minha arma sem me importar com a presença de Cole, se ele viu, não falou nada.
- Como vamos... - sua fala é interrompida quando chuto a porta de entrada com força, fazendo o pedaço de madeira cair em um barulho alto no chão. - Entrar.
Olho em volta não encontrando ninguém. Ótimo, do jeito que estou seria capaz de matar a "mãe" e o padrasto de Angel sem nem pensar duas vezes.
- Ela falou alguma coisa sobre o porão de casa. - meu amigo comenta, se dirigindo para os fundos da casa.
A porta do porão está entreaberta, o local está escuro trazendo uma sensação ruim dentro de mim. Desço as escadas lentamente, apertando o objeto de metal com mais força em minha mãos.
Ascendo a luz.
Toda a raiva do meu corpo se esvai, dando lugar ao medo e angustia quando vejo Angel jogada no chão, nua e completamente machucada.
- Meu Deus... - ouço Cole sussurrar em puro choque.
Coloco a arma na cintura, me aproximando dela com as mãos trêmulas. Por causa do meu trabalho com a máfia, sempre tive estômago para algumas situações pesadas... mas é ela que está alí, minha SnowFlower.
- Querida... - viro seu pequeno corpo com cuidando, tentando não reparar muito nas marcas pela sua pele. Seu rostinho está em uma expressão sofrida, há sangue nas suas pernas e um ferimento grande em sua coxa. - Cole, vai logo ligar o carro!
Jogo as chaves para ele. Retiro meu casaco, enrolando Angel com cuidado. Mesmo inconsciente, tento encontrar alguma forma de pegá-la no colo sem machucar. Ela parece tão frágil...
Saio daquele porão horrendo, querendo com todo o coração ver os lindos olhos do meu anjo bem abertos. Quero ver sua carinha de irritação diante das minha provocações. A forma como ela fala meu nome. Seu biquinho manhoso que consegui ver poucas vezes.
Me retiro daquela casa prometendo a mim mesma que Angel nunca mais voltará para lá. Vou cuidar dela nem que para isso eu precise sequestrá-la, deixando nós duas presas em uma ilha até que a mesma ceda.
Entro novamente no carro, e mais uma vez começando o percurso até o hospital. Encosto minha testa na de Angel, respirando fundo o leve aroma dos seus cabelos.
- Você... gosta mesmo dela, não é? - Cole pergunta. Encaro a garota em meus braços, sorrindo fraquinho ao constatar que sim. Eu gosto tanto... - Por favor, não a machuque.
- Eu não vou, e se algum dia isso acontecer, pode me matar. - respondo beijando a testa da minha SnowFlower. - Vou cuidar de você. - sussurro para ela.
É uma promessa.
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SNOWFLOWER
Romance- É insuportável olhar para você, sabia? - Felicity comenta com um sorrisinho malicioso. - Posso saber o porquê? - arqueio uma sobrancelha e cruzo os braços. - É linda demais. - reviro os olhos voltando a ignorar sua presença. - Toda essa resistên...