Capítulo 29

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Angel

Bato na porta do apartamento de Cole, chorando compulsivamente com o peso que as palavras de Felicity causaram em mim.

Ela realmente acha aquilo de mim?

Não consigo parar de pensar que apesar de tudo, a culpa foi minha. Eu que deixei ela entrar na minha vida, permiti que “bancasse meus luxos” como a mesma disse. Mais uma vez, fui tola.

É sempre assim. No fundo eu sabia que isso não poderia dar certo. Somos de mundos completamente diferentes, temos a personalidade diferente... como água e vinho. Mas ainda assim, eu gostaria pudéssemos ter uma chance. Seria muito bom...

— Angel? — Cole fala assim que abre a porta. Seu cenho franzido denuncia sua confusão, e apenas me jogo em seus braços. Meus soluços são audíveis, mas não me importo; Não me importo com mais nada. — O que aconteceu?

Permaneço calada, apenas choro colada ao seu corpo. Meu amigo me leva até o sofá, deixando que eu deite a cabeça em seu colo enquanto tento me acalmar.

Pode parecer besteira, mas todos os meus sentimentos estão vindo com intensidade. Acho que porque passei muito tempo reprimindo eles, e, quando Felicity falou aquilo, uma dor veio à tona. Dói saber que a mulher que você ama te acha uma interesseira.

Eu sempre trabalhei para ter o que eu tenho, porque nas vezes que eu ganhava algo da minha mãe, ela fazia questão de passar na cara ou pedir algo em troca.

Coloco meu dedo na boca, na esperança de cessar o choro. Um tempo depois, apenas sinto os esparmos do meu corpo, fechando os olhos que estão cansados de tanto chorar.

Apesar de ter ido embora, e da dor, eu ainda queria Felicity aqui comigo...

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Acordo sentindo uma forte dor de cabeça. Olho em volta percebendo que me encontro em um quarto desconhecido. Só agora lembro que estou no apartamento de Cole, e me encolho ainda mais na cama. Na esperança de que os lençois me levem para algum mundo longe daqui.

Ouço uma batida na porta. Meu amigo entra com uma bandeja de comida, sorrindo levemente ao me ver acordada. Me sento na cama, observando a sopa quente, alguns pãezinhos e uma tigela com salada de frutas. Tomo um gole do suco de kiwi, reparando no quanto estava com sede.

— Quer me conta o que aconteceu? — Cole questiona. Mastigo alguns pedaços de legumes, encarando o prato a minha frente.

— Eu e a Felicity brigamos... — explico com um aperto no peito. — Ela disse que me amava, mas eu não consegui responder. Não porque o sentimento não é recíproco, é só que é difícil, entende? Falar essas palavras. Então a mesma sugeriu que eu só estava com ela por interesse.

— A Fê falou isso? — assinto com a cabeça. — Aquela desajuizada vai se ver comigo!

Dou uma risada da sua fala.

— Não precisa brigar com ela por minha causa, afinal, ela também é sua amiga. — falo, apreciando a sopa deliciosa. — Eu... só estava um pouco sem rumo e vim pra cá, mas daqui a pouco eu vou embora.

— O que? E pra onde você vai? — dou de ombros. Não quero atrapalhar a vida de outra pessoa com minha presença, talvez eu possa ir até um abrigo. — Tire essa ideia da cabecinha. Você vai ficar aqui comigo.

— Cole, não precisa. Eu dou um jeito, sempre dou. — constato com um sorriso mínimo, tentando tranquilizá-lo, mas Cole nega com a cabeça.

— Eu tenho espaço de sobra aqui. Além do mais, você é minha irmãzinha, Angel. Nunca que te abandonaria. — ele afirma, fazendo meu peito de aquecer com suas palavras.

— Obrigada, Cole. — agradeço, voltando a me concentrar na comida.

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Felicity

Sinto braços me pegarem no colo e apenas deito a cabeça no peito do meu pai. Ele me leva até o meu quarto, se sentando comigo na cama.

— Eu fiz besteira, papai. — minha voz sai tão baixa que me pergunto se ele ouviu. Choro com a dor em meu coração, a sensação de perda é sufocante. — Eu machuquei meu anjo, e agora ela foi embora.

— Sua mãe me contou da briga. — meu pai responde. — O que eu quero saber é, porque você ainda está aqui?

O olho confusa.

— Por que não foi atrás dela? — questiona e mordo o lábio inferior.

Eu deveria? Quer dizer, é claro que eu quero lutar pela Angel, mas ela não quer me ver nem pintada de ouro.

— Sabe, eu e sua mãe já passamos por muitas coisas, e cometi o erro de não ter ido atrás dela quando a mesma foi embora. Paguei caro por isso, mas graças ao universo eu consegui tê-la de volta. Não siga o meu exemplo, vá atrás da mulher que você ama.

Penso um pouco a respeito, chegando a conclusões de que meu pai tem razão. O abraço ainda mais, me perguntando o seria de mim sem a minha família. Me levanto rapidamente, determinada a conquistar meu anjo.

Eu só espero que ela me perdoe...

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