Capítulo 12

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Philip

Ainda nem acredito que me abri para ela, alguém que conheço tão pouco, que é tão misteriosa com o passado e reservada com o presente que acaba nem deixando as pessoas entrarem, acho que isso fez com que minha ferida se sentisse em casa, em uma pessoa com tantas cicatrizes como a minha.

Ela me entendeu como ninguém nunca entendeu.

Quando a gente é adulto, nossa visão do mundo muda, e quando nos tornamos pais ou ficamos próximos a pessoas com filhos, passamos a entender melhor a visão dos nossos pais, os defendemos e justificamos todas as feridas causadas pelo tempo, no fundo sempre soubemos que eles fizeram o melhor, mesmo não sendo o que achamos melhor para nós, foi o melhor que ele conseguiram ser.

E por essa visão justificativa dos erros, as pessoas não conseguiam entender a minha decisão de não falar com meus pais, e por isso deixei de tocar no assunto, muitos nem sabem que meus pais estão vivos e moram perto, eu prefiro não tocar no assunto e pela primeira vez ela me entendeu.

A Sarah foi tão incrível com o caso sem solução da minha irmã e meu cunhado, ela foi compreensiva, parceira e uma cúmplice. Espero que ela tenha conseguido os fazer ficarem juntos de novo.

Ficar sabendo que ela morou no mesmo bairro que as minhas sobrinhas me deixou surpreso. Mesmo depois de todas as surpresas e aparições inusitadas dela na minha vida, eu ainda consigo ficar impressionado.

Ela tem sido uma verdadeira amiga, mesmo quando discutimos no trabalho. Na verdade, amo ver ela irritada no trabalho. Ela fica linda de qualquer jeito, mas quando prende o cabelo e me encara com irritação nos olhos é de tirar o meu fôlego, ela fica sexy e irresistível.

Levamos as minhas sobrinhas num parque que trouxe muitas memórias para a Sarah, ela não pareceu se abalar com essas lembranças. Foi muito bom passar esse tempo com elas, me sinto mais vivo ao lado dela.

Depois da nossa manhã com as meninas, fomos a um restaurante almoçar, a Sarah fez questão de dar a comida da Liz, não resisti a assisti-las. E foi muito bom ver a Sarah se abrir, fiquei feliz em saber que apesar da convivência com a família de sangue está abalada, ela tenha encontrado pessoas pela qual ela consiga tapar esse buraco tão fundo.

Os pratos chegaram e ajudamos as meninas a comer primeiro, pude ver que atraiu vários olhares, mas percebi uns olhares e cochichos de uma mesa em especial, parecia que estavam vendo uma celebridade, ou talvez um fantasma. Não os conhecia, mas percebo que talvez a Sarah os conhecesse quando vi seu rosto ficar pálido a encarar uma única pessoa na mesa.

Era uma senhora, estava séria e surpresa ao mesmo tempo, parecia conhecer a morena a minha frente. Até que essa senhora se levanta e vem até nós, percebo a Sarah ficar apreensiva.

Até que a senhora vem e nós cumprimenta.

— Boa tarde — ela diz ao chegar em nossa mesa.

Respondemos o cumprimento e ela sorriu pela primeira vez. Tinha um sorriso parecido com o da Sarah, um sorriso gentil.

— Estão gostando do almoço? — afirmamos com a cabeça.

— A comida é muita boa, e o ambiente bastante agradável — digo para ela. A Sarah não falou nada desde que a moça veio até nós.

— Esse restaurante pertence a nossa empresa, tem um valor sentimental para minha família em especial, e temos uma tradição, todos os meses escolhemos uma família que ao entrar por aquela porta, tenha que o brilho e o amor que toda família deveria ter, a união e a simplicidade — a senhora falou com um brilho nos olhos. — Eu e os acionistas vimos quando entraram por aquela porta, chamando atenção de todos aqui, o que não acontece há muito tempo — ela fala apontando para mesa que tinha alguns engravatamos.

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