Capítulo 44: Pedido

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A primeira folha marrom caiu na água do rio Bruinen em Rivendell, ou como falava o meu velho amigo Hobbit Bilbo Bolseiro, Valfenda. O vento e o chão úmido  na semana anterior anunciava da chegada do outono. 

Franzi a testa para o vento agitado do outro lado da janela decoradas com longas cortinas brancas. 

Houve uma época em que eu tinha receio daquelas duas estações; outono e inverno. Temente pela falta de alimento nas mesas dos menos afortunados em Barahir. Mas aquelas condições me levaram até aqui, a felicidade.

Elrond recebeu muitas visitas depois que os últimos acontecimentos se espalhou por toda terra Média. Nobres e reis vieram de longe cumprimentar a neta de Elrond,  e ver com os próprios olhos a reencarnada élfica rainha da floresta. Muitos deles solidificaram relações com os elfos, especialmente com Thranduil; estabelecer comércio e forças de exércitos. Quando meus afazeres como mãe e mais nova princesa de Rivendell, costumava me juntar ao rei da floresta nas negociações, a pedido dele.

Quanto aos olhares espantados as pessoas dos reinos vizinhos, a aos toques com a ponta do indicador dos anões, eu era cordial, as vezes ria com isso, admito, mas entendi que não era comum a lenda da reencarnação dos elfos no retorno da morte. Compreendia as reações e recebia todos com alegria, respondendo todas as perguntas com a ajuda muitas vezes de Thranduil e Elrond.

Nos dias calmos, rei me visitava no início da manhã em meu quarto. Ele costumava afagar os cabelos dourados da nossa filha adormecida em seus braços. 

Os observando do outro lado da mesinha em que tomávamos chá,  prometi em silêncio que jamais permitiria que Erolin e, também, Legolas vagassem solitários e saboreassem do amargo das duras provações do mundo lá fora e a solidão dele. Sofri na carne e na alma a real liberdade que o mundo oferece, sabia da desolação, do esforço e dos perigos que é viver sem proteção, sem ninguém ao seu favor.

Legolas era uma homem feito, claro, eu tinha convicção disso. Estava ciente que  o meu querido menino, já crescido, possuía seus próprios desejos e tinha sabedoria suficiente para tomar suas próprias decisões. Também estava a par do que ele enfrentou sem a minha presença e saber disso apertava meu coração, ainda me angustiava a ponto de romper lágrimas dos meus olhos nos momentos de reflexões.

Legolas e Thranduil foram as principais motivações para que eu, do outro lado nos eternos salões de Mandos, o implorasse diariamente para me deixar voltar. No entanto, quando finalmente o atormentei o bastante para ele me libertar da morte, Manwë barganhou o meu retorno, me fez renascer sem minhas lembranças, sem um corpo adulto, sem nada. E quando voltei séculos se passaram após a minha partida. Retornei e meu filho já era um homem e eu de início nem o reconhecia, apenas existia um amor incondicional e puro desde que o vi pela primeira vez.

Ainda sofro por ter pedido toda a vida de Legolas, mas ciente que o tempo não voltará. Entretanto para o meu amor de mãe não existe o tarde demais. Minha proteção e minha vida mais uma vez seria dada a ele, independente de tudo. E agora, também a Erolin.

De Erolin para Thranduil contemplei seus cabelos platinados movidos com delicadeza à leva brisa vindo do mar a distância.

O elfo tentava disfarçar, no entanto era visível a quase imperceptível linha tênue de um riso em seus lábios. Era inevitável também não sorrir diante do conforto que aquele sentimento me proporcionava e a paz com que a companhia dele me abraçava.

Mas era chegado o tempo de partirmos de Rivendell. Eu tinha que escolher entre Avaris para instruir Dália e Tahile, ou o palácio de Thranduil. Decisão difícil já que tinha certeza que Dália não gostaria de ser mandada pela sua antiga serva, já Tahile adoraria ver a irmã colhendo o que plantou, estava certa disso.

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