Capítulo 6

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REBECCA

Mais uma semana de aula, eu estava otimista como nunca, pois tinha um feriado bem na quinta-feira feira e então seria ponto facultativo na sexta, a cereja do bolo que todo estudante espera. Entrei na sala e me sentei no fundo com os meus amigos, abri o caderno e comecei a copiar a lição que a professora já passava no quadro.

— Eu precisava de um café bem forte, uma caneca bem cheia — eu falei baixo para os meus amigos escutarem. — Minha avó fez vitamina de banana dizendo que era pra me dar energia.

— Eca, eu odeio vitamina de banana — Cris franziu o nariz.

— Eu até gosto, mas começar a semana sem café é um desastre, acho que estou ficando com dor de cabeça.

— Eu tenho remédio na bolsa, espera um instante — Ana terminou de copiar o parágrafo do quadro e abriu a bolsa, me dando o remédio. — Mas então, o  que vocês vão fazer no feriadão? Meus pais estão planejando uma viagem para uma casa de praia.

— Que sorte, garota, eu vou ter visita dos parentes, tios e tias chatos e primos insolentes — respondeu Cris, revirando os olhos.

— Vocês tem sorte de ter uma família unida — resmunguei, sem parar de copiar a lição do quadro. Quando percebi que ninguém falou nada, levantei a cabeça e vi que eles faziam cara de cachorro perdido pra mim. — Pelo amor de Deus, não quero esses olhares de pena, pelo menos os dois estão são vivos, só não se falam mais desde, bom, sempre. E meu pai, se é que posso chamar assim, nunca ligou pra gente mesmo, ele sumiu do mapa.

— Você queria ter contato com ele? — perguntou Cris, ainda com cara de pena.

— Eu nem lembro de como era quando morávamos juntos, eu era muito pequena — bufei. Infelizmente foi na minha vez de falar que a professora percebeu a conversa. Ela me olhou com cara de cansada e estresse e apontou pra porta.

— Se não quer participar da aula, pode ficar fora dela. Volte quando o próximo professor voltar.

— Professora, me desculpe...

— Não quero desculpas. Pode deixar o material aí e sair.

Saí sem dizer mais nada, que saco, a segunda vez que eu tinha sido expulsa de uma aula por conversa. Se minha mãe descobrisse ia dar um chilique. Agora eu tinha dois tempos pra perambular pela escola, ou eu poderia ir na biblioteca ler algo pra passar o tempo. Mas antes fui ao banheiro fazer xixi e depois no bebeiro do corredor reabastecer meu corpo da porcentagem de água que ele precisava. E tomar o comprimido de dor que Ana me deu.

— Bem que essa água podia ser um café, né? — eu resmunguei comigo mesma, enquanto enchia a minha garrafinha.

— Precisa de um café? Posso comprar pra você — era Allan. Nem me virei para ter certeza, de tanto ouvir suas ladainhas agora conhecia sua voz muito bem.

Obrigada universo, péssimo trabalho que você está fazendo.

— Não, valeu.

— Estou indo no refeitório, tem uma maquina de café lá, é muito bom. — ele continuou falando, ao meu lado, enquanto eu ignorava esvaziando a garrafa para depois encher de novo.

— Odeio café de máquina.

— Ah. Posso te comprar outra coisa se quiser, como disse, estava indo pra lá...

— Você não devia estar na sua aula? — eu o interrompi, como sempre vinha fazendo e ele nunca se tocava de que eu não queria o ouvir.

— Minha turma está com tempo vago, estão todos no refeitório.

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora