REBECCA
Eu devia ter me preocupado e muito. Quando entrei no banco de trás do carro de Dylan, ele ficou branco de surpresa, seu queixo caiu.
— Que porr# é essa? — ele vociferou.
— Sério, eu estou com uma dor de cabeça de merda, você poderia nos levar ou vou ter que pedir um táxi? — Allan disse no banco do carona, se ajeitando enquanto o amigo o fuzilava com o olhar. Eu nem sabia que ele estava com dor de cabeça, mas se pensar por tudo que o fiz passar, já era de se esperar.
Eu ficaria com vergonha pelo resto da minha vida e toda vez que visse Allan ia lembrar desse dia, o pior da minha vida, pois eu não lembrava de nada, a não ser que fui vomitar atrás do bar e só isso. Ele estava mentindo, me viu de roupa íntima, eu estava na casa dele e em sua cama, mesmo que ele tenha dormido no sofá, eu duvido que não tenha visto quando sosseguei e o deixei em paz ao dormir, logo depois de arrancar a roupa. Eu ainda podia sentir meu rosto esquentar só de pensar em tudo que Allan descreveu, talvez seria melhor se eu não soubesse de nada.
Por fim, Dylan parou de encarar o amigo e deu a partida no carro, com uma cara de cão raivoso. Observei de trás ele fuzilar Allan várias vezes durante o trajeto até a faculdade. Assim que ele estacionou na vaga, eu agradeci e saí logo do carro, mas antes de bater a porta, Dylan já tinha começado a gritar com o coitado do amigo.
— VOCÊ DORMIU COM ESSA ESTRANHA?
Hoje ele não ia levar um iogurte na cara, pois eu estava envergonhada de mais para qualquer coisa. Dylan parecia mais o namorado de Allan colocando ele contra a parede, mas nem isso ficou rondando muito tempo na minha cabeça, só conseguia me concentrar no quarto de Allan, que olhei minuciosamente. A cama, as roupas, o banheiro. Tudo era muito limpo, arrumado e curioso, ele era um homem vaidoso. Sorri ao lembrar que Allan tentou me esconder os iogurte da sua geladeira, sem sucesso, mal sabia que Mi tinha me contado tudo. Sorri também ao lembrar que cheirei o perfume dele e depois fiquei séria.
Eu estava ferrada. Allan disse que eu fiquei falando sobre a carta que ele me deu, que eu disse sobre Mi ser a suposta namorada dele e nessa parte ele até riu, me fazendo remexer no lugar, então ele não namorava mesmo a Coreana, chorei a toa naquele naquele.
Nossos colegas foram chegando aos poucos e rindo um do outro das merdas que disseram e fizeram. Lógico que também fui colocada na mesa, as merdas que fiz no caso, aparentemente eles queriam pintar o meu rosto enquanto eu dormia e Allan não tinha deixado. Que fofo!
Mas depois de ontem eu tinha perdido minha chance com ele, com certeza tinha, ele devia estar com vergonha alheia, viu um lado meu que nem eu conhecia. Acordou me chamando de maluca de tão assustado comigo que estava, enquanto eu só queria enterrar minha cabeça em algum lugar...
— Minha nossa, o que é isso? — Park arregalou os olhos e apontou pro pescoço de Allan, todos vimos a marca vermelha em seu pescoço antes que ele tampasse com a mão. Espera... eu não fiz isso, fiz? Ele não tinha falado nada sobre chupão.
Minhas amigas olharam pra mim e eu fiquei vermelha, todos ali sabiam que eu tinha dormido na casa dele, mas não sabiam ainda da história toda e eu esperava que Allan fosse sigiloso e não me dedurasse. Balancei a cabeça negativamente para minhas amigas, para pensarem que eu não sabia de nada sobre isso.
— A sua noite foi boa, meu amigo — riu Ken, dando um empurrão de leve em Allan, que estava envergonhado e sem olhar pra mim em momento nenhum.
— Não é nada disso — Allan não ia se livrar tão cedo da zoação dos amigos, ele devia ter escondido aquilo com um band-aid.
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Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO
RomanceRebecca não estava entre pessoas mais populares da escola e nem entre as mais esquisitas, era como um meio termo. Mas para ela, pouco importava ser alguém conhecida no ensino médio, era melhor que não fosse mesmo. Bastava a amizade com seus melhores...