Capítulo 14

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REBECCA

- Olha, como você está ensopada. Por que nunca anda com um guarda chuva? - minha mãe quis saber, enquanto me deixava na porta de entrada e ia buscar uma toalha pra mim.

Esperei ela voltar para responder.

- Não estava com cara de que ia chover.

- Estava sim, desde que acordei.

- Estar nublado não quer dizer que vá chover.

- Você sempre tem que contrariar tudo, né? - ela fez aquela cara de decepção e adentrou mais na casa, indo pra cozinha.

- Nada a ver, foi só uma opinião - eu quis me justificar, para as coisas não começarem a ficar feias desde já.

- Estou fazendo sua comida preferida - ela informou, mexendo nas panelas. Nada mudou desde que saí daqui, só o meu quarto e de Apolo que viraram outra coisa, o dele virou uma outra saleta e o meu um quarto de hospede, tudo que era meu foi arrancado de lá para dar lugar a uma decoração mais com a cara de minha mãe.

- Obrigada, meu estômago faminto agradece - eu me sentei em uma cadeira, vendo que estava tudo quase pronto e que provavelmente ela não precisasse de ajuda.

- Não tomou café? Tem que se alimentar bem e alimentar a sua avó também.

- Eu tomei café, mas está quase na hora de almoçar, né? - eu disse, tentando dar algum sorriso forçado. Era sempre assim quando a gente se juntava, ela era uma pessoa que gostava de ficar no controle de tudo.

- E como minha mãe está?

- Ótima, perguntou quando a senhora vai visitar ela...

- Ando trabalhando muito, talvez semana que vem eu dou um pulinho lá, chego muito cansada do trabalho. - ela me contou, quando se virou para por as panelas no suporte em cima da mesa, percebi que seus olhos estavam com umas olheiras fundas.

- A senhora precisa se cuidar também, achei que com a gente saindo de casa as coisas ficaram melhores.

- As preocupações são as mesmas, Rebecca. Talvez até mais, já que seu irmão está do outro lado do país - ela disse, talvez estivesse certa, mesmo assim me surpreendeu. Achava que ela estaria as mil maravilhas ou quase lá.

Comemos conversando, falamos de Apolo, que não tem ligado muito pra ela, então informei que também estava difícil eu falar com ele. Conversamos sobre mais algumas coisas e depois comemos em silêncio, claro que a louça ficou pra mim, e lavei logo que comi. Antigamente eu sempre deixava para lavar mais tarde e minha mãe ficava possessa na maioria das vezes, ela dizia que poderia querer fazer algum lanche na cozinha e tudo estaria uma bagunça. Mães, faziam de tudo para ter um motivo de reclamar, Cris dizia que a mãe dele também reclamava muito, ainda mais sobre louça na pia.

- Não está se envolvendo com ninguém na escola nova, né? Muitas meninas da sua idade estão engravidando por aí e eu já disse que não vou criar neto nenhum...

- Pelo amor de Deus, mãe, eu nem sei direito o que é fazer um filho - desta vez eu a interrompi, estávamos sentadas na sala esperando um filme qualquer começar para passarmos um tempo juntas, mas eu estava quase cogitando ir embora agora.

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora