REBECCA
Ana Paula enfim parou de rir quando olhava pra mim no meado da semana, ela percebeu que já não havia mais graça já que ninguém estava rindo com ela. Então nós três nos encontramos na praça depois da aula para fazer um trabalho de artes que era em dupla, mas conseguimos convencer o professor a nos deixar fazer em trio. O trabalho era pra entregar na semana seguinte, mas queríamos fazer logo e ficar livre para possíveis outros trabalhos que pudessem vir até o fim da semana.
E não é que estávamos certos? Tivemos mais trabalhos para nos ocupar até o fim de semana, então foi mais uma desculpa para Ana ir pra minha casa, os pais dela sempre deixavam mesmo. Dessa vez o trabalho que tínhamos pra fazer era de ciências e era em dupla, então então fiquei com Ana como dupla e Cris ficou com um nerde que sentava próximo da gente. Sorte a dele.
— Antes de fazer o trabalho, vamos por o nosso plano em ação? — eu disse a Ana, era sábado de manhã e eu estava super empolgado para acabar com a paz de Allan, ainda mais porque ele sempre sorria de um jeito debochado pra mim no colégio, parece até que sabia que eu estava aprontando alguma. Mas duvido que realmente soubesse.
— Só não vamos escrever o trabalho, hein!
— Eu lembro a vocês — a voz de vovó atrás da gente me fez pular de susto, não tinha ouvido ela se aproximar. — E qual é o plano?
— O plano? — eu me fingi de desentendida, olhando dela para Ana e dando de ombros.
— Vamos passar trote, se a senhora não se importar.
— Ana Paula! — eu a fuzilei com os olhos, que menina bocuda.
— Eu já tive a idade de vocês, não tinha telefone em casa, mas a gente batia na porta das pessoas e fugia. Podem ser rebeldes, só não causem problemas — Vovó me supereendeu ao dizer e simplesmente voltou para seu quarto. Nós deixando na sala com o telefone e o coração batendo acelerado.
— Eu ligo, sei fazer voz de homem — Ana anunciou, e eu me grudei perto dela para ouvir. Ana discou o número que estava na lista telefone com o nome da família dele e esperou alguém atender.
— Alô? — ouvi uma voz fina atender, devia ser o irmão, cheguei mais próximo ainda do telefone para ouvir melhor.
— Oi, tem entrega para Allan Jorel, estamos aqui fora esperando do lado de fora – Allan falou com uma voz muito grossa mas que era muito mal feita, então ela desligou o telefone após ouvir algume gritar o nome de Allan e corremos pra janela da sala.
Estavamos rindo muito antes mesmo de ver Allan abrir a porta. Quando ele saiu e olhei para os dois lados da rua, Ana e eu colocamos a mão na boca para não rir alto. Vimos quando ele voltou pra dentro de casa e só então saímos da janela rindo alto.
— Isso é tão engraçado! E agora? O que vamos dizer? — quis saber Ana. Eu rói uma unha pensativa antes de falar.
— Muda para uma voz bem melosa mesmo e diz que a Melody da turma 206, ela é linda. Tenta marcar um encontro com ele para hoje.
— Você é uma gênia — Ana pulava e ria e depois se preparou para ligar para Allan, dessa vez colocando o telefone mais perto do meu ouvido também.
Allan quem atendeu no segundo toque.
— Oi, Allan? Sou eu, a Melody da escola — Ana disse, com a voz mais fina que conseguia.
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Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO
RomansaRebecca não estava entre pessoas mais populares da escola e nem entre as mais esquisitas, era como um meio termo. Mas para ela, pouco importava ser alguém conhecida no ensino médio, era melhor que não fosse mesmo. Bastava a amizade com seus melhores...