REBECCA
Apesar de não adiantar de nada, eu ainda pensava nas palavras de Juliano, irmão de Allan, ele disse que eu não fazia o tipo de Allan e que muitas meninas ainda iam na casa dele, o menino tinha dito a palavra no presente, na época. E tinha a cartinha fofa de Allan, ele foi brincalhão e sugeriu um encontro, mas estranhamente no mesmo dia foi para outro país para, aparentemente, nunca mais voltar. Tudo isso era tão confuso. Ele queria ou não queria sair comigo? Talvez eu nunca saberia a resposta real para essa pergunta.
No dia seguinte, só se falava isso no colégio, aparentemente Allan tinha entrado em contato com os amigos e contou tudo o que tinha acontecido; que eles agora morariam com a família na Coreia do Sul e, aparentemente, não voltariam mais. Eu me sentia muito estranho, não sabia o real motivo, mas foi tão de repente que parecia haver alguma coisa por trás dessa mudança repentina.
Henri sentou com a gente na hora do almoço e nos contou que Allan estava muito feliz quando eles conversaram, falou que a Coreia era muito diferente dos nossos costumes, mas que ele e o irmão estavam amando morar lá. Eu queria saber se ele tinha falado de mim, mas obviamente isso não tinha acontecido, pois Henri terminou o falatório e continuou a comer como se o amigo não estivesse ido embora para sempre.
— Tenho certeza que um dia ele vem nos visitar — acrescentou, quando já estávamos quase voltando para as aulas.
O carro continuou na garagem dos vizinhos por pelo menos uma semana inteira, eu estava sempre observando para ver alguma movimentação ou se ainda com esperança de ver os meninos chegarem. Mas não foi o que aconteceu, na semana seguinte o carro não estava mais lá e no mês seguinte uma nova família veio morar na casa ao lado. Uma família grande, com pai, mãe, e três filhas adolescentes. Elas eram tão parecidas que pareciam trigêmeas, lindas, com cabelos longos e loiros e olhos claros.
As coisas no colégio se acalmaram, mas ficamos sabendo por Henri, que comentou com Ana, que o técnico do time de futebol tinha ficado decepcionado com Allan, ele não imaginava que ele largaria o time assim. Ele tinha muito potencial, ele disse ao time. Pelo menos Ana estava feliz, Henri tinha voltado a sentar com a gente algumas vezes no almoço para flertar com ela, mas ainda não tinha convidado minha amiga para sair de novo.
— Você acha que um dia ele vai me pedir em namoro? — Ana comentou de uma hora pra outra, deitada aos pés da minha cama, enquanto eu estava deitado nos travesseiros, olhando pro teto também.
— Não queria ser tão direto, mas acho que ele não está atrás de um relacionamento sério.
— Você acha que devo parar de falar com ele?
— Não é isso, acho que ele ainda pode ser ser amigo...
— Afinal, é só isso que parecemos mesmo — a voz dela saiu meio triste e eu me sentei, encarando seu rosto.
— Você pode perguntar a ele o que ele realmente quer. Acha que teria coragem?
— Com certeza não — ele se sentou também e segurou minha mão — Mas você podia fazer isso por mim, né?
— Logo eu? Não, desde que Allan foi embora ele parece ter se distanciado de mim também, você vê que ele mal dá bola para o que eu falo no almoço? Só escuta o que você é Cris falam.
— Vou pedir ao Cris então. Homens entendem — ela suspirou e deitou novamente. Fiz o mesmo. — Você acha que ele também te culpa pelo Allan ter ido embora?
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Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO
Storie d'amoreRebecca não estava entre pessoas mais populares da escola e nem entre as mais esquisitas, era como um meio termo. Mas para ela, pouco importava ser alguém conhecida no ensino médio, era melhor que não fosse mesmo. Bastava a amizade com seus melhores...