REBECCA
Morar com a avó é a melhor coisa que uma garota de 16 anos pode querer na vida. Pelo menos a minha avó era a melhor pessoa que eu poderia ter como guardiã.
Bom, vamos começar explicando o porquê moro com a dona Leonídia a quase 5 anos e como eu amo que isso aconteceu. Para muitas adolescentes, podia ser a coisa mais chata e inconveniente, a 5 anos atrás eu também fiquei meio incerta e chateada; não por ter que ficar com minha avó que eu tanto amava, mas por ficar longe da minha família e dos amigos. Mas a verdade é que eu não falava com quase ninguém da minha antiga vizinhança, e não ficava tão longe, era no bairro ao lado, e melhor, eu não precisei mudar de colégio, dava para ir caminhando se eu andasse um pouco rápido.
E alguns meses depois, morando com minha avó, eu percebi que tinha sido a melhor coisa que fui convocado a fazer. Convocada porque vovó já estava com uma certa idade que não podia dormir sozinha, então minha mãe que era a filha que morava mais perto, me enviou para ficar com minha avó. A princípio era só para dormir, mas depois de uma conversa com minha mãe, minha avó e eu, decidimos que era melhor eu morar de vez com vovó.
Eu dormia no mesmo quarto quw ela, era grande e cabia duas camas e um guarda-roupas grande, e minha avó era totalmente diferente da minha mãe, ela não se importava com o meu jeito, nem com a hora que eu ia dormir ou que chegasse em casa, não ficava brigando comigo para ir estudar e nem pegando no meu pé para fazer coisas naturais como tomar banho. Minha mãe tinha a péssima ideia de que eu não tomava banho, usar a mesma camisa no dia seguinte porque estava limpa era pensar no meio ambiente! Pra que gastar mais água, sábado e energia da máquina de lavar? Ela devia me agradecer.
Mas agora, eu conto isso sorrindo, estou livre dos gritos da general Marli e vivo no silêncio (as vezes com o barulho da máquina de costura) da casa da vovó Leonídia. Ela conseguia fazer quase tudo sozinha, arrumava a sua pequena casa, fazia comida, dobrava roupas e costurava. Enquanto eu tinha a missão de por roupa na máquina, estender e depois tirar, e algumas noites, quando ela me deixava entrar na sua cozinha, eu a ajudava a cozinhar. Sempre achei que ela fazia muito, mas ela sempre dizia para eu não me incomodar. Eu me incomodava sim, como um coisa: sua tosse recorrente. Ela estava sempre fazendo nebulização, mais a noite, os médicos disseram que a saúde dela não era de ferro, mas estava boa, desde que ela tomasse os remédios todo dia. Fiz um quadro com nome, hora e quantidade de comprimidos e coloquei na parede da cozinha, para ela não esquecer. Até hoje, tudo estava indo muito bem, e todos os dia nós duas dobravamos os joelhos para que continuasse assim. Quer dizer... as noites que eu estava em casa antes dela dormir.
Eu tinha meu grupo de rockeiros, meu não, era só nosso, de todos que gostavam e quisessem entrar. Não tinha regra nem nada, eram só amigos com os mesmos gostos que se encontravam em um bar para ouvir bandas que estava se apresentando e apoiá-los. Era divertido, prazeroso e o lugar onde eu mais gostava de estar. Estávamos lá pelo menos 2 vezes na semana, o bar ficava longe da minha casa, mas sempre tinha algum amigo que passava de carro e buscava alguns de nós que tinham que pegar ônibus para chegar, como eu. Já peguei ônibus várias vezes para chegar lá, mas agora que fizemos amizade com Biel, que era da banda e tinha carro, bom, melhor pra nós. E com isso eu digo eu e minha melhor amiga Ana Paula, nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio e criamos um laço de amizade inseparável, ela sabia tudo sobre a minha vida e vice versa, éramos inseparáveis. Ah, tinha o Cristian também, mas só tínhamos mais contato no colégio.
Confesso que, às vezes, sentia falta de casa, do meu quarto, da minha mãe, de Apolo, meu amado irmão. Mas agora ele foi pra faculdade, em outro país, e eu não me sentia tão mais grata por estar fora de casa, não teria que aturar minha mãe sozinha, quando Apolo estava lá, os sermões ia para os dois quase em igual. Acho que minha mãe conseguiu agora o que tanto almejava quando estávamos lá, paz.
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Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO
RomansaRebecca não estava entre pessoas mais populares da escola e nem entre as mais esquisitas, era como um meio termo. Mas para ela, pouco importava ser alguém conhecida no ensino médio, era melhor que não fosse mesmo. Bastava a amizade com seus melhores...