Capítulo 9

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Rebecca

Almocei com a família de Leth, incluindo Allan, que eu queria muito dizer para deixar o acontecido da madrugada entre nós. Leth não podia saber, ela poderia ficar com raiva por eu ter beijado o primo dela ou pior, começar a shippar nós dois. A situação ficou melhor quando a mãe de Leth, quando ficou sabendo que eu morava perto de Allan, fez questão de me dizer que ele me levaria pra casa. Pelo menos eu teria a chance de dizer para ele ficar de bico fechado, se bem que a intenção dele podia ser muito bem essa, aposto que ele não ia querer que ninguém soubesse que ficou comigo.

Eu não queria ficar quase 1h no mesmo espaço pequeno de um carro com ele, mas era bem melhor do que voltar de ônibus, como eu sempre voltava. Então decidi fazer silêncio o caminho todo e fazer minha súplica quando chegássemos em casa, mas é claro que ele tinha o que dizer. Percebi que ele sempre tinha muito o que dizer, e eu que achava que mulheres que falavam muito e sempre tinham o que falar.

— Então... acho que você não gosta muito de futebol, não é? — ele perguntou, dirigindo com a mesma calma e atenção de antes. Eu estava no carona ao seu lado, segurando o cinto com a mão para não mantê-las no meu colo como uma sem noção.

— A maioria das garotas não gostam — eu respondi, pelo simples fato de não conseguir me segurar quando alguém me fazia uma pergunta, dessa vez não tinha para onde eu correr, no sentido literal da palavra.

— Acho que tem razão. Mas pelo menos algumas torcem pro time da sua própria escola, sabe, enquanto outras pessoas fazem questão de ignorar — apontou. Olhei em sua direção, ele sorria de lado e eu não consegui expressar uma opinião rapidamente.

— É assim que você quer começar uma conversa? — perguntei, após uns segundos de silêncio.

— Não! Tem tantas outras coisas que eu gostaria de conversar com você, mas sempre tenho a impressão de que vou te assustar e fazê-la se afastar ainda mais de mim.

— Sei lá, você fala como uma pessoa velha, não como um garoto conhecendo a puberdade agora.

— É só quando eu quero impressionar alguém — ele riu.

— Não está dando certo.

— Então quer que eu fale papos idiotas de adolescentes na puberdade?

— Seria o mais normal, seria mais você. — eu continuei encarando ele, achando novidade que ele consiga manter uma conversa normal. Mas tudo podia ser uma fachada né...

— Achei que não me conhecesse, disse que não dava a mínima pra mim.

— É o que se espera de um atleta famosinho — dei de ombros, mas me arrependi ao ver seu semblante ficar sério. Ele podia muito bem querer se vingar da minha ousadia ali e agora.

— O atleta famosinha que está te dando uma carona pra casa, não me importo de ser o atleta famosinho, mas me importo pelo seu julgamento errôneo da minha personalidade.

— Lá vem você com palavras difíceis, desculpa se julguei você mal — virei pra janela, quase revirando os olhos.

— Se a desculpa for sincera, eu aceito.

Eu estava sendo sarcástica com as desculpas, mas já que ele estava parecendo tão legal e calmo, resolvi ficar quieta e não tentar a sorte do seu bom humor.
Não demorou para chegarmos, era pós feriado, mas as pistas não estavam tão cheias, mal pegamos engarrafamento. Assim que ele estacionou em frente a sua casa, reuni coragem para pedir, ou implorar seu silêncio.

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora