Capítulo 30

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REBECCA

Flasback, 2 anos atrás.

Eu andava sem rumo, ainda pensando nos últimos acontecimentos da minha vida. Allan tinha ido embora, eu tinha uma cartinha que nunca seria respondida e meu irmão muito provavelmente só viria de novo nos ver no final do ano, se desse. Eu decidi que já tinha comido porcarias de mais por muito tempo e agora meu corpo precisava de um descanso, então decidi começar a fazer caminhadas a noite.

Estava de legging preta e uma blusa larga branca, era para estar andando rápido, mas a tristeza estava me consumindo e eu andava arrastando os pés, a rua estava meio vazia, mas era um bairro muito tranquilo. Eu nem olhei pro lado quando alguém passou de skate quase raspando em mim, indo na mesma direção que eu, só olhei pra cima quando ouvi meu nome.

— Rebecca? — era o idiota do Dylan, ele estava voltando com o skate e fez uma manobra parando na minha frente. Eu realmente não estava com saco pra ele. — Tá perdida, estranha?

— Não é da sua conta — eu me esquive e voltei a andar, mas ele veio atrás de mim, deslizando o skate pelo asfalto e fazia impulso com o pé para me acompanhar.

— Não é mesmo, mas é que você tá mais estranha do que o normal.

— Está preocupado? Logo você? — debochei, lhe olhando de lado.

— Jamais, estou contente, achei que vocês rockeiros não tinham coração.

Eu parei de andar na hora e bufei, apertando os braços ao lado do corpo para não dar na cara dele.

— Não está indo para nenhuma praça encontrar seus amigos skatistas? Vá e não me enche o saco.

— Vai me obrigar? — ele chegou o rosto pra frente, sorrindo. Dylan era um garoto bonito, sua escrotice que estragava a coisa toda, se não fosse por isso...

Quando tomei ciência da proximidade que estávamos, Dylan já estava olhando para os meus lábios e eu para os deles, por algum motivo desconhecido começamos a nos beijar, ele desceu do skate e agarrou a minha cintura. Minhas mãos se  apoiaram nos ombros dele, Dylan me beijava com vontade, mas mesmo assim eu não sentia nada, nenhum choque na barriga e nenhuma atração. Fala sério, aquele era o Dylan que era babaca comigo!

Me afastei depressa com os olhos arregalados, ele também parecia confuso e com a respiração acelerada. Não tinha como um culpar o outro, tínhamos feito isso e pronto, agora restava o arrependimento.

— Não conto se você não contar — ele disse.

— Promete.

— Prometo. Pra ninguém, Rebecca, principalmente para Allan. — ele correu pra pegar o skate que tinha deslizado para longe.

— Mas ele nem está aqui.

Eu resmunguei, mas Dylan já estava se afastando para longe...

Fim do Flashback.

Quando abaixei as mãos do olhos, depois de vários minutos de silêncio do garoto ao meu lado, me arrependi amargamente de ter aberto a minha boca, Dylan e eu tínhamos prometido isso um ao outro. Passamos a nos ignorar como se nada tivesse de fato acontecido, ele só foi dirigir a palavra a mim de novo depois que Allan voltou, e foi para me chamar de estranha novamente.  Ainda assim o meu arrependimento maior era por ver Allan encostado no banco do ônibus com os olhos fechados e o semblante também.

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora