Capítulo 34

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ALLAN

Era óbvio que eu estava mentindo, ainda gostava de Rebecca, na verdade até mais do que antes, acho que já estava apaixonado por ela. Antigamente eu era um adolescente, como ela disse sobre si, meio imaturo também, mas agora eu já era um homem. Estava cansado de ser feito de bobo, tinha que arrumar um emprego também, precisava me organizar melhor e principalmente ter certeza de que Rebecca queria o mesmo que eu.

Eu quase não consegui me segurar enquanto nos beijávamos, esperei isso por tanto tempo, queria muito mais. Sabia que provavelmente ela seria virgem, mas se ela quisesse, eu seria carinhoso e usaríamos camisinha. Mas eu queria isso mais do que tudo quando ela mesma tomou a iniciativa em me beijar, pensei que seria como da última vez, que era apenas efeito da bebida, mas enquanto conversávamos ela me parecia bem sóbria. Bem diferente de como estava na última vez em que dormiu aqui. Foi difícil me separar dos lábios dela, tive que reunir uma força no meu interior que achei que não fosse conseguir.

Tínhamos que ir com calma, eu não queria perdê-la de novo, mas precisa que ela tivesse certeza do que queria. Até onde sei, podia muito bem ser efeito de ter me visto aquele dia com Bianca e suas irmãs. Ela precisava saber de algumas coisas da minha vida também e eu precisava conhecer melhor a vida dela. Já sabia que o cara com quem ela estava naquela noite era o irmão dela, a linguaruda da minha prima tinha falado com quem não quer nada, mencionando que o achava lindo. Fiquei aliviado em saber do fato, tinha que confessar a mim mesmo, pelo menos. 

— Ainda vamos ser amigos? — Rebecca perguntou, assim que voltamos pra sala e nos sentamos. Resolvi me sentar na poltrona de um lugar só, não confiava em mim mesmo perto dela, podia jogar meus novos princípios pro alto e deitar ela naquele sofá mesmo para devorar aquela boca linda... — Allan?

— Oi? O que? Ser amigos? É claro que sim.

— Ah, obrigada, eu fico aliviada — ela sorriu e deitou no sofá, abraçando o próprio corpo.

— Você não vai dormir aí, vai dormir na minha cama, esse sofá não é confortável — eu franzi o cenho, claro que ela não dormiria no sofá.

— Por isso mesmo que vou dormir aqui, a cama é sua, você deve dormir lá — ela fechou os olhos, fingindo que estava dormindo. Continuava teimosa em aceitar as coisas, então dessa vez eu tive que tomar providências.

Me levantei em silêncio e fui até ela, sem hesitar um segundo, passei um braço em baixo das costas dela e o outro em baixo de seus joelhos, erguendo ela em meu colo.

— Garoto, me solta, o que está fazendo?! — ela reclamou com os olhos arregalados e se debatendo.

— Vou deixar você cair se continuar se mexendo. Vou te levar até a cama, teimosa.

— Teimoso é você! — ela cruzou os braços. Como era fofa!

Deitei Rebecca na minha cama e ela puxou logo a coberta até o pescoço, ainda de cara feia. Não podia ser um pouco mais agradecida? Fiquei observando enquanto ela deitava bem na beirada da cama, quase caindo.

— Você pode dormir aí também, vou ficar aqui no meu canto — ela sussurrou. Levantei as sobrancelhas, incapaz de acreditar no que ela oferecia.

E agora, o que eu responderia?

— Você vai acabar caindo.

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora