Capítulo 25

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ALLAN

— E agora, o que fazemos com ela? — perguntou Ana olhando pra Becca e rindo. As meninas brincavam com ela, mexendo em seu rosto, cabelo, braço e rindo, vendo que a menina estava praticamente desmaiada de novo. Mas eu conhecia bem a situação dela, estava tendo o mais belo dos descansos.

— Vamos largar ela aí, já estará aqui para a aula de amanhã — Leth gargalhava enquanto falava e eu dei um puxão de leve em seu cabelo.

— Não seja maldosa — falei.

— Está com pena? Leva ela pra sua casa, é o único aqui que não precisa lidar com os pais.

— Tá, e a avó dela? Ela tem família, Letícia.

— Ana, tem o número da casa dela? — minha prima se virou, dando tapinhas no rosto de Ana para que ela prestasse atenção, Ana também estava quase caindo, mas pelo visto, morava perto e um taxi a buscaria logo logo. Ela só estava esperando a situação de Rebecca ser resolvida.

— Tenho, eu posso avisar a avó que ela vai dormir comigo.

— Então você vai levá-la pra sua casa? — eu perguntei, quase me sentindo aliviado pela situação estar se resolvendo.

— Minha tia ia me esfolar, lá não tem espaço nem pra mim. — ela reclamou, batendo na mão de Gabi que cutucou seu nariz. Ana também não estava bem, se tivesse não teria aceitado que Rebecca fosse pra minha casa, quando a situação se desenrolou para esse lado.

Eu não tinha opção, a garota não podia ir pra casa sozinha e nem ficar por aqui. Gabi e Leth estavam bêbadas também e não iam aguentar carregá-la, as três seriam um desastre. E foi assim que avó de Rebecca foi avisada e eu segui de taxi com a garota dorminhoca para o meu apartamento. Antes de sair do bar, no entanto, recebi ameaças de suas amigas para que não tocasse nela, como se eu fosse um porco sujo.

Se bem que...

Não. Balancei a cabeça para afastar os pensamento que iam até Nabi e seus olhos molhados de lágrimas. Engoli a bile na garganta e olhei pra menina com a cabeça em meu colo, a mesma menina por quem quase me apaixonei, eu jamais a machucaria, nem a ela e nem a ninguém, sou inofensivo.

Consegui subir com Rebecca com muita dificuldade para o meu andar, mas precisei colocá-la no chão para abrir a porta, ela estava escorada em mim e começou a resmungar. Fiz ela arrastar os pés pra dentro e tranquei a bota, ela ainda resmungava, devia estar sonhando.

— Cadê a minha cama, hein? — ela resmungou autoritária. Eu daria risada se não estivesse tendo tanto trabalho com ela.

— Estamos chegando, bêbada — eu continuei fazendo ela arrastar os pés até minha cama e tentei soltá-la lá com delicadeza, mas não deu certo e ela caiu na cama de uma vez.

— Ah, minha cama, está tão fofa — ela se virou de barriga pra cima e sorriu de olhos de fechado.

— Sua cama uma ova — eu resmunguei, tirando os sapatos e colocando no closet.

— O que disse? — ela se sentou de repente com um dedo levantado, seus olhos estavam abertos, mas antes que eu saísse correndo pelo susto, vi que seus olhos ainda estavam desfocados.

— Deita, Becca, e dorme — eu disse com delicadeza, ainda bem longe dela, não podia se confiar em bêbado, eles eram inofensivos, mas quem estava perto e sóbrio, não.

— Me chamou de Becca... disse que não ia me chamar assim — ela fez bico e abaixou a cabeça. Qual era dessa garota? Parecia estar exorcizada.

— Você sabe quem eu sou?

Amor em Cores Pretas | CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora