CAPÍTULO 4: Motivo certo

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Quando saí da faculdade notei que estava chovendo muito, me perguntei como iria pra casa com o mundo caindo desse jeito. Analisei minhas opções, eu poderia pedir um carro, mas minha Internet estava péssima aqui, poderia ir andando na chuva e tentar não morrer de pneumonia, ou pedir carona pra aquele idiota.

Definitivamente vou andando.

Não quero ter que interagir outra vez com aquele cara e perder a cabeça.

Fora que ele estava no treino.

Abracei minha bolsa e comecei a andar pela calçada, as pessoas estavam correndo na tentativa de não se molhar e de se esconder de toda essa água, tenho certeza de que eu parecia uma maluca pra eles. Estava no final da avenida principal quando ouvi um carro se aproximando e parando ao meu lado, tentei não entrar em pânico com isso, mas por dentro já estava pensando em sair correndo.

A janela do lado do passageiro se abriu e ouvi a voz dele.

– Entra, Gabrielle.

Me fiz de surda e continuei andando.

– Gabrielle, porra!

Ele aproximou outra vez o carro de mim.

– Eu não vou entrar no seu carro, Nicolas.

– Como se fosse a primeira vez que fosse fazer isso. – rebateu.

– Vai se ferrar!

Ele sai do carro e vem na minha direção.

– Entra logo antes que você pegue uma gripe e morra.

– Prefiro morrer do que ter a sua companhia.

– Acredite, eu também prefiro engolir agulhas do que passar meu tempo com você. Mas vamos embora, porra.

Olhei furiosa para ele desacreditada do que ele acabou de falar, mas não me surpreendi com algo desse tipo vindo dele.

Entrei no carro antes dele e continuei abraçada à minha bolsa, ele ligou o aquecedor e puxou uma toalha de dentro da bolsa e me entregou.

– Toma.

– Por acaso, você usou ela?

– Seria um problema pra você, nojentinha?

– Que nojo!

Ele riu.

– Não usei, tá bom? Pode se enxugar sem se preocupar com onde passei ela.

Deus.

Fora esse pequeno diálogo nada amigável fomos em direção a minha casa em um silêncio absoluto, não sabia o que falar e muito menos queria.

Assim que chegamos em frente a minha casa procurei a chave no lugar onde tinha deixado, mas ela não estava lá. Continuei vasculhando a bolsa e rezando pra encontrá-la, mas finalmente entendi que tinha perdido.

– Droga. – bufei.

– O que foi?

– Perdi a minha chave. Deve ter caído enquanto eu corria. Merda.

Não precisava de muito esforço pra saber que ele estava me olhando atentamente.

–  Vem comigo. – disse, antes de sair do carro.

Corremos da chuva indo em direção a porta principal.

Nicolas tirou alguma coisa do bolso e só minutos fepois percebi que era um grampo. Mas como diabos ele tem um grampo?

Mia. Deve ter sido de lá que ele pegou, ou é de uma garota com quem anda se pegando por aí. Não importa.

– Espera, você vai arrombar a porta?

– Vou apenas destrancar ela do modo não convencional.

– Belas palavras pra dizer que vai arrombar.

Depois de alguns segundos ele finalmente conseguiu destrancar a porta e me deixou entrar antes dele, minha casa estava completamente escura e por isso soube que meus pais estavam no trabalho.

Ouvi a porta sendo trancada.

– Falei que não tinha arrombado.

– Tá. Parece que é a minha vez de te oferecer uma toalha.

– Acho que um obrigado seria bom também. – implicou.

– Se contente apenas com a toalha.

Fui em direção ao meu quarto e peguei uma das minhas toalhas e voltei para o Hall de entrada, quando olhei bem para ele com a pouca luz que entrava pela janela percebi os fios de cabelos claros grudados na sua testa e o quão sexy ficava. Não, não, não.

– Pegue. – joguei pra ele.

Ele estava prestes a se enxugar, quando parou e perguntou:

– Por acaso usou ela?

Pensei em revirar os olhos, como sempre fiz, mas acabei entrando nessa brincadeirinha dele.

– Usei, Nicolas. E passei ela entre as minhas pernas diversas vezes.

– Interessante.

Fiquei olhando pra ele por alguns segundos sem que percebesse, o ódio que sempre senti por ele ainda estava aqui, mas depois de muito tempo lembrei do quão legal o loiro poderia ser se quisesse.

– Precisa ir – avisei. – Meus pais vão chegar daqui a pouco e....

– Acho que não seria um problema se eles me vissem aqui e sabemos por que.

– Não entra nesse assunto, Nicolas.

– Uma hora ou outra vamos ter que falar sobre isso. E você vai precisar parar de me odiar.

– Você também me odeia, desde que me lembro, então estamos quites.

Ele se aproximou de mim, praticamente colando o peito ao meu, me olhando nos olhos.

– Odeio, realmente, mas não pelo motivo que acredita.

– E qual seria o motivo certo?

– Odeio porque você me irrita pra caralho e quando quero você por perto simplesmente não dá, porque isso causaria a terceira guerra mundial.

Aquilo estava começando a ficar estranho demais, até que ouvi vozes vindo do lado de fora.

– Precisa ir, agora.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora