CAPÍTULO 10: Até parece

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                     ~ Nicolas ON ~

Gabrielle estava deitada sobre o meu braço, aconchegada em mim, enquanto ainda tentávamos recobrar a consciência e acalmar os ânimos. Porra, por que perdemos tanto tempo brigando sendo que podíamos está fazendo isso?

– Você tá muito quieta – comentei. – Isso não é do seu feitio.

– Só tô pensando.

Ela se sentou na cama e pegou a camisola de seda, que estava na beira, e disse:

– Acho melhor eu voltar pro quarto da Mia antes que ela acorde.

Puxei ela para perto e a sentei no meu colo.

– Acha que eu menti, não acha?

– Conheço você bem demais e.....é, eu acho.

Por incrível que pareça ouvi-la dizer isso fez com que eu sentisse uma pontada no peito.

– Quer saber um fato curioso? – coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. – Nunca odiei você de verdade.

Ela bufou.

– Até parece, Nicolas.

– Eu fazia todas aquelas coisas pra conseguir te tirar do sério, inclusive quando dormi com a sua amiga.

– Você fez aquilo porque é um canalha. E ali você foi longe demais.

– Eu sei. – acariciei sua bochecha. - Mas te tirar do sério é meu passatempo preferido.

– Preciso dizer que você faz isso com maestria. – ela deu um beijo no canto da minha boca, provocando.

Depois outro no meu maxilar, descendo. Puta merda.

– Me aprimorei com o passar dos anos.

– Então você se importou o suficiente pra isso? – brincou.

Meus olhos encontraram os dela e o jeito que aqueles olhos castanhos brilhavam e me engoliam fez alguma coisa dentro de mim se sentir em paz.

– Acha tão ruim assim a ideia de passar o resto da vida amarrada a mim?

– Não, não acho. Mas quem tinha que escolher com quem vou casar sou eu, e não meu pai.

Quem dera isso se tratasse apenas do casamento.

Ouvimos batidas na porta e Gabrielle deu um pulo do meu colo, indo em direção ao closet pra se esconder. Enquanto corria pude observar o corpo escultural dela e foi preciso muito esforço pra não ir atrás e agarrá-la.

– Pode entrar. – falei, me cobrindo.

– Por acaso você viu a Elle? – minha irmã perguntou, abrindo a porta.

– Por que eu saberia dela?

– Qual é, Nicolas? Sou sua irmã. Não sou burra e muito menos cega.

Ignorei o que ela falou.

– Não, não sei onde ela pode ter se metido. Ela é sua responsabilidade e não minha.

Mentira. Aquela garota era completamente minha responsabilidade.

Mia saiu do quarto e segundos depois Gabrielle saiu do closet, mas dessa vez vestindo uma camisa de algodão preta.

– Você mentiu muito mal. Por qual outro motivo estaria sem camisa na cama?

– Gosto de dormir assim. Ou poderia está com outra garota.

– Idiota.

Ela foi em direção a porta, mas antes que pudesse sair eu a impedi.

– Ciúmes, Gabrielle?

– Nem nos seus sonhos mais loucos.

– Você também mente mal. – beijei a bochecha dela. – Mas brigamos por isso outra hora, minha irmã vai enlouquecer se não te encontrar.

                      •◇•◇•◇•◇•

Meu pai queria me ver no escritório e não foi preciso muito esforço pra saber o que ele queria, mas honestamente, eu não estava com cabeça pra isso. Assim que entrei encontrei ele sentado em sua mesa brincando com uma bola de basebol, jogando de um lado para o outro.

– Sr. Mancini? Ao que devo a honra? – perguntei.

– Sem gracinhas, Nicolas. Já conseguiu amançar a fera?

– Por que tanto interesse assim? Pensei que o que você queria já tinha conseguido.

– Na verdade, não. Os pais dela conversaram com um advogado e tudo está no nome dela, mas isso pode mudar com o casamento. – ele me olhou, sério. – Então?

– Já, mas o processo vai ser muito devagar. Ela não confia em mim e....não a julgo por isso.

– Isso não me interessa, muito menos essa implicância besta de vocês. Quero que você case com ela antes de dezembro ou....

– Ou o que? – interrompi ele, começando a ficar puto com tanta arrogância.

– Vou ter que tomar medidas em relação a isso.

– Como por exemplo?

– Ela precisaria sumir do mapa, bom, você entendeu.

Meus punhos se fecharam e foi preciso muito autocontrole pra não agarrar meu pai pelo terno e o jogar contra a parede.

– Você não faria isso.

– Eu com certeza faria, pra conseguir o que quero.

Foda-se o autocontrole.

Quando percebi eu já tinha empurrado meu pai contra a parede.

— Se você, ou alguém, encostar os dedos nela garanto que vai se arrepender.

Ele riu.

– Você gosta dela – ponderou. – Por isso esse chilique. Quando vai aprender, Nicolas? O amor é uma fraqueza, ele nos deixa vulneráveis.

Finalmente tirei as mãos dele e o deixei recuperar a compostura.

– Fique longe dela, ou eu garanto que acabo com esse seu império de dinheiro.

– Assim você estaria condenando a si mesmo também.

– Acha que eu me importo?

Abri a porta e a fechei com força ao sair, sem me importar com quem ouviria ou veria isso, eu estava com tanto ódio que seria capaz de matar aquele homem se não tivesse saído logo.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora