CAPÍTULO 6: Nada

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                      ~ Nicolas ON ~

Eu já estava em casa me arrumando pra droga desse jantar quando lembrei do que aconteceu pela manhã, do pequeno encontro que tive com Gabrielle na antiga sala do zelador da faculdade e senti meu sangue fervilhar, tenho certeza que essa garota vai me deixar maluco antes do previsto.

Tudo que queria era manter ela fora de problemas e em segurança, mas parece que quanto mais eu tento mais ela arruma formas de mudar isso. Sei que a morena faz de propósito, mas de qualquer jeito isso só falta me matar.

Estava enrolando as mangas da camisa social branca até o cotovelo quando ouvi batidas na porta.

– Pode entrar.

Minha irmã passou pela porta e parou ao meu lado.

– Uau. Isso é por causa...

– O que veio fazer aqui? – interrompi ela.

– Vim pedir um favor de você.

– Não. Sem chance.

– Nicolas.

Respirei fundo e deixei que falasse.

– Pode dar um desconto pra Elle hoje? Por mim.

– Já reparou que não sou eu quem começa as brigas, né?

– Eu te conheço, garoto. Deixa ela quieta pelo menos hoje.

– Algum motivo especial pra que eu tenha esse ato de bondade?

Ela cruzou os braços e disse:

– Hoje é o aniversário dela. E a última coisa que ela precisa é de você infernizando a sua vida.

Olhei pra ela através do espelho e vi que minha irmã estava falando sério, muito sério. Ela sabe de alguma coisa?

– Tá, tanto faz.

Mia estava prestes a sair do quarto quando a chamo.

– Mas se ela começar alguma coisa, vou precisar terminar.

Assim que Mia saiu voltei a me olhar no espelho, mas não olhando verdadeiramente para o meu reflexo, já que estava perdido nos meus pensamentos. Gabrielle agora tem vinte anos.

Pelo visto o inferno está prestes a começar.

Ouvi algumas vozes vindo do andar de baixo e cuidei de me apressar antes que meu pai viesse fazer isso, eu tinha tanta raiva do que ele estava me obrigando a fazer com ela que se pudesse seria capaz de matá-lo.

No fundo sabia que ela realmente gostava de mim, desde que bateu os olhos em mim sei que tem uma espécie de obsessão comigo. Acho até divertido.

Desço as escadas e meus olhos vão em sua direção, ela está incrivelmente linda no vestido azul escuro que está usando, que realça a pele clara dela e os cabelos pretos compridos. Por um instante meu coração parece parar e todo o meu sangue é direcionado para outro lugar, um que eu precisava esconder.

Desci rápido e cumprimentei os pais dela antes de só lançar um olhar nada amigável em sua direção, eu gostava do jeito que a irritava e era tão viciante que não conseguia parar.

– Feliz aniversário, Gabrielle. – foi a única coisa que falei.

– Obrigado.

Fui para a sala de estar e deixei Mia de olho na morena, eu não estava conseguindo pensar direito e poderia acabar fazendo besteira.

Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem da Leah, mas ignorei sem nem pensar. Dormi com ela uma vez sem dar esperanças nem nada, até porque sei bem aonde pertenço, mas a insistência dessa garota me perturba.

Nunca mais quero vê-la, na verdade. Nao depois do que causei.

Até porque só fiz isso em último caso.

Durante o jantar fiquei prestando atenção nela conforme conversava com minha irmã e ria de um jeito desconfortável, no mínimo por saber que eu a observava. Gostava do jeito que deixava ela nervosa, corada e sem graça.

Ela pediu licença e se levantou para ir ao banheiro, minutos depois fingi que meu celular estava tocando e precisava atender. Quando saí da sala de jantar fui em direção ao corredor por de baixo da escada que dava acesso aos dois quartos de hóspedes e ao banheiro.

Esperei calmamente até que ela saiu e se assustou com a minha presença.

– Puta merda. – murmurou. – Que droga você tá fazendo aqui?

Me afastei da parede e descruzei os braços.

– Por que não me disse que hoje era seu aniversário?

– Porque não somos amigos. E porque não te interessa.

– É, realmente. Mas eu poderia ter me esforçado um pouco mais pra infernizar sua vida.

– Obrigada pela preocupação.

Jesus, essa garota....

Notei ela olhar curiosa para alguma coisa na altura do meu pescoço.

– O que é isso? – tocou timidamente com a ponta do dedo.

E soube do que ela estava falando. A tatuagem.

– Nada. – ajeitei a gola da camisa. – Volte pro jantar. – disse, antes de me trancar no banheiro, que ainda tinha o cheiro envolvente dela.




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