Cá estava eu me arrumando pra mais um daqueles jantares entediantes onde meu pai e o do Nicolas sempre passavam a maior parte do tempo conversando sobre os negócios quando ouvi um barulho vindo da minha janela, o que me fez sair do closet com um dos meus livros da faculdade, que estava na bolsa, para me defender.
Quando me aproximei acertei a cabeça da pessoa em cheio, o que a fez gritar.
– Porra, Gabrielle!
– Nicolas? Meu Deus!
Ele colocou a mão na parte da cabeça onde eu acertei e se sentou na cama.
Deixei o livro sobre a escrivaninha e me aproximei dele, agora sentindo culpa pelo que fiz.
– Me desculpa, de verdade.
– Bom saber que pelo menos você sabe bater. Mas que porra....– gemeu de dor.
Ouvi batidas na minha porta e logo em seguida a voz da minha mãe.
– Tá tudo bem aí, filha?
– Tá sim, mãe.
– Posso jurar que ouvi alguém gritando.
Olhei para Nicolas.
– É que eu bati meu pé na quina da escrivaninha. – menti.
– Cuidado, Gabrielle. – disse.
Ouvi os passos dela se distanciando no corredor.
– Me desculpa. – falei, de novo. – É por isso que você tem que parar de fazer essas coisas.
– Quem mais entraria pela sua janela se não fosse eu?
– Ai, Nicolas. Vou buscar a bolsa de gelo.
Estava prestes a me afastar dele quando ele segurou minha mão e me manteve no lugar, próxima a ele. Foi engraçado o jeito que ele ficou acariciando e olhando pra minha mão, senti um aperto no peito por conta disso.
– Preciso voltar a me arrumar. – falei, me afastando dele.
Fui em direção ao espelho e dei uma última olhada no vestido antes de passar o batom vermelho canela.
– Interessante a escolha do batom. – disse, se aproximando por trás.
– Gostou?
– Muito, mas acredito que ele vai manchar esse seu lindo rostinho mais tarde.
Ele colocou as mãos no meio quadril e desceu pelo comprimento do vestido, os dedos dele percorreram minha pele sob o tecido e chegaram até a renda da calcinha, que ele desceu por minhas pernas.
– Isso vai ficar comigo. – disse, guardando o tecido preto no bolso. – Só por precaução.
Olhei confusa pra ele.
– Você vai entender depois.
•◇•◇•◇•◇•
Nicolas estava sentado ao meu lado e por incrível que pareça esse foi o primeiro jantar assim que nós não brigávamos por algo nada a ver, e eu tenho certeza que mais alguém estranhou isso. Mia estava conversando com minha mãe e eu enquanto Nicolas conversa com o próprio pai fingindo ter algo bom entre os dois, eu sabia que eles não se suportavam. Era perceptível, na verdade.
– Mia quer tentar uma vaga na faculdade de Madri – Sarah disse.
– É, ela me falou. Vou ajudar ela com a transferência.
– Espero que se formem juntas outra vez.
– Fiquei sabendo que Elle aconheceu um carinha na faculdade. – Mia piscou pra mim.
Senti a mão dele subindo por minha coxa e a pressionando levemente.
– Não é nada demais, é só um amigo.
– Boatos de que é bem gatinho, na verdade.
– Quero conhecer esse seu amigo algum dia, filha. – minha mãe sorriu.
Notei que todos na mesa estavam prestando atenção naquela conversa.
– Como ficou sabendo de tudo isso, Mia? – perguntei.
– Digamos que o amigo do Nicolas me deu algumas informações.
O toque dele na minha pernas se tornou mais forte, mas depois sua mão voltou a subir cada vez mais, me fazendo ficar tensa.
– Ele é só um amigo meu, Mia.
Quando os dedos do loiro tocaram meu ponto sensível foi preciso muito esforço pra não fechar os olhos, esse cara é louco de querer fazer algo desse tipo logo agora. Mordi o lábio inferior tentando controlar tudo o que estava sentindo e discretamente desci uma das minhas mãos para tentar parar a dele, mas não adiantou.
– E você e o Samuel, Mia? Desde quando são amigos? – Nicolas tirou o foco da conversa de mim.
– Seus amigos são meus amigos, Nicolas.
A naturalidade no rosto dele me assustava.
Merda, acho que não consigo aguentar isso por muito tempo.
– Com licença, vou ao banheiro. – limpei a garganta e levantei.
Corri em direção ao andar de cima e fui para o meu quarto pra tentar acalmar os ânimos, eu não podia ceder a isso logo agora.
Minutos depois a porta se abriu e ele passou por ela, com as mãos no bolso da calça social preta. Corri em sua direção e o beijei, deixei tudo o que estava preso em mim sair.
– Falei que você ia gostar. – comentou.
– Precisamos voltar pra droga daquele jantar, mas eu preciso de você.
– Se aguentar mais um pouco, prometo não deixar você dormir essa noite. – sussurrou no meu ouvido.
Os lábios dele tocaram o meu pescoço, depositando um beijo e meu corpo entrou em combustão. Por que ele faz isso comigo?
– Devolva a minha calcinha.
– Ah, não mesmo. Agora, vamos voltar antes que desconfiei de algo.
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Consequência
Teenfikce⚠️+16|| © 2022 Gabrielle e Nicolas se conhecem desde crianças, mas com o passar do tempo eles criaram um ódio mútuo tão intenso que permanecer por muito tempo no mesmo ambiente sem brigar é um sacrifício. Os dois tem um acordo pré-estabelecido gra...