CAPÍTULO 23: redenção

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~ Nicolas ON ~

Assim que cheguei na casa dela torci pra que mais uma vez estivesse dormindo de janela aberta, assim não faria muito barulho. Subi pela grade com flores presa a parede e antes de entrar no quarto verifiquei pra ver se ela não tinha feito alguma armadilha pra mim. Aquilo estava fácil demais.

Entrei e meu coração se apertou ao vê-la deitada na cama, encolhida e com uma expressão de dor no rosto. Me odiei no momento em que deixei aquela droga escapar da minha boca.

Me aproximei mais da cama e me sentei bem devagar pra que ela não percebesse a diferença, mas percebi que ela estava tão exausta que de um jeito ou de outro não perceberia. Os olhos inchados fizeram com que eu quisesse me matar, aquilo era minha culpa.

E agora ela me odiava.

Tudo que lutei pra desfazer tinha voltado, mas dessa vez mais intenso. Mais mortal.

Eu a amava, isso não é mais mistério pra ninguém, mas se eu não conseguisse o casamento precisava fazer alguma coisa pra mantê-la em segurança, longe do meu pai.

Toquei o rosto dela com a costa da mão e a princípio ela pareceu não sentir, mas quando se mexeu na cama eu congelei com medo de que ela abrisse os olhos e decidisse me matar aqui mesmo.

- Me perdoa, meu amor.

Segundos depois uma voz quebrou o silêncio e realmente fiquei paralisado. Era a voz dela.

- Eu não te perdoo. - apontou uma faca de cozinha pra mim.

Ela abriu os olhos e se sentou na cama, afastando minha mão dela. Levantei no mesmo segundo.

- O que está fazendo aqui? - perguntou.

- Eu....vim ver você.

- Me poupe disso!

Ela se levantou da cama e se aproximou de mim, era estranho o que senti vindo dela, como se a morena tivesse a minha altura agora.

- Saia do meu quarto!

Eu não estava a fim de discutir com ela, queria apenas que me escutasse.

- Me dê dez minutos e prometo que se nunca mais quiser me ver na vida, assim vai ser.

Ela saiu da defensiva por alguns segundos, pude ver em seus olhos, mas rapidamente se recuperou.

- Eu não tenho nada a ver com o que meu pai quer, eu sequer sabia disso há alguns dias.

- Mentira.

- Eu sabia apenas do casamento.

- Veio aqui realmente só pra mentir?

- Porra, Elle! Eu tô falando a verdade.

- Acha mesmo que com toda a experiência que tenho com você, tudo que já passei e o que você mesmo disse mais cedo, vou acreditar?? - ela apontou a faca outra vez pra mim.

- Acho bom você parar de brincar com essa faca.

- Nem ouse tocar nela se não quiser que eu te fure.

Porra. Ela ficava tão bonita irritada.

De repente senti uma pressão entre a minha virilha e me odiei por saber que não era momento pra aquilo.

- Eu juro que quando falei do casamento, eu....- suspirei. - Realmente queria me casar com você. Não por querer o que é seu e muito menos pra te proteger, mas porque.....porque eu te amo, sua nojenta.

Ela repuxou o canto da boca, mas disfarçou muito bem.

- E ver você do jeito que vi mais cedo me destruiu. Sempre magooei você e impliquei, mas nunca daquele jeito. O que vi nos seus olhos me apavorou, era como se eu estivesse te perdendo....

- E o que te garante que não perdeu?

- Nada. Mas acho que se realmente tivesse perdido, você já teria me esfaqueado a uma altura dessas.

Ela abaixou a faca e se afastou de mim, qualquer movimento meu era arriscado e poderia resultar em uma briga homérica.

- Não se confie nisso.

- Espera, por que dormiu com a faca? - fiz uma pausa enquanto pensava. - Você sabia que eu viria.

- Não sou burra, Nicolas. É claro que sabia.

Ela se sentou na beira da cama.

- O que realmente veio fazer aqui? Eu não estou no clima pra brigas e muito menos desculpas esfarradas.

Os olhos dela ficavam marejados em alguns momentos, o que partia meu coração.

- Nada do que eu disse era mentira. - me aproximei e mesmo hesitando, sentei ao lado dela. - Por favor, acredita em mim.

Gabrielle sequer tinha coragem de me olhar nos olhos.

- Então quer se redimir? - perguntou, desconfiada.

- Se é o que você quer, sim.

Ela finalmente olhou na minha direção, mas aquele brilho de antes não existia mais, os olhos dela estavam opacos.

- Então vai me ajudar com algo que vai por você em risco.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora