CAPÍTULO 19: nem em sonho

2.2K 135 0
                                    

~ Nicolas ON ~

Gabrielle estava dormindo sobre o meu ombro de um jeito tão tranquilo que preferiria me matar a ter que acordá-la agora. Meus dedos acariciaram a pele macia de sua bochecha enquanto eu lembrava da nossa conversa de ainda pouco, mesmo sabendo que ela tiraria sarro disso, quis sorrir de alívio quando ela disse que me amava.

Imagina você ser apaixonado por uma pessoa desde que se lembrar e só receber ódio dela? E agora isso.

As palavras do meu pai me vieram outra vez em mente e isso acabou com a minha felicidade, mas talvez com o que ela me disse tudo isso fique mais fácil pra mim. Nunca deixaria meu pai ou alguém encostar um dedo sequer nela, mas não era só isso que estava em jogo.

Ela se remexeu um pouco e se aninhou ainda mais em mim, passando o braço por cima do meu peito, me prendendo a si.

Por mais que quisesse não conseguia pegar no sono, então fiquei apenas fazendo companhia pra ela e imaginei está ficando louco quando ouvi um barulho vindo do andar de baixo. Os pais dela.

Tentei afastar ela me mim pra tentar sair pela janela antes que um deles subisse, mas acabei fazendo ela acordar.

- Aonde você vai? - perguntou, com a voz de sono.

- Digamos que seus pais chegaram.

- Impossível. Eles estão viajando.

Olhei dela em direção a porta, então decidi ir ver quem que estava na casa.

Desci as escadas devagar e levei um susto ao ver ela vindo atrás de mim, correndo na ponta dos pés. Em outras palavras, me usando como escudo humano.

Quando cheguei no hall vi algumas bolsas espalhadas próximo a porta e olhei em direção a cozinha, onde uma luz estava acessa.

- Tem certeza de que é impossível?

- Tenho. A não ser que...não acredito.

Ela foi rápido em direção a cozinha e só escutei um grito, corri no mesmo segundo e quando cheguei lá não sabia quem eu mataria primeiro. Ela ou o Ander.

Ele me olhou com um certo espanto nos olhos e so aí me dei conta.

- O que o seu inimigo mortal tá fazendo aqui?

- Ah....ele veio me ajudar com um negócio.

- Quase cinco da manhã?

- O que veio fazer em casa? Pensei que só voltaria mês que vem. - ela mudou de assunto bem rápido.

- Terminei umas provas mais cedo e pensei em vim ver minha irmã, ou não posso?

Ela sorriu e me olhou, preocupada.

- Bom, acho que eu já vou indo. - falei.

- Ótima ideia. Vemos você no baile dos seus pais.

- Foi bom ver você, Ander.

•◇•◇•◇•◇•

Quando cheguei em casa percebi que meu pai já estava sentado a mesa tomando café, nem me dei ao trabalho de falar um a e apenas subi para o meu quarto, não queria ouvir ele falar mais algumas merdas e acabar me estressando. Sentei na cama e tirei meu celular do bolso, haviam algumas mensagens dela avisando que tinha conseguido dobrar o irmão e inventar uma boa mentira. Comecei a rir e lembrei de quando ela disse que eu era o que mais mentia.

Ouvi batidas na porta e me sentei antes de deixar a pessoa entrar, pra minha sorte era minha mãe, com ela eu tinha toda a paciência do mundo pra conversar.

- Algum problema? - perguntei.

- Não. Só faz alguns dias que não consigo olhar pro rosto do meu próprio filho e queria ter essa oportunidade hoje.

Forcei um riso.

- Seu pai tá te procurando.

- É, e eu to evitando ele a qualquer custo.

Ela se sentou ao meu lado e disse, cuidadosamente.

- Algumas más bocas me contaram que você e a Elle estão bem próximos.

- Nem em sonho. - menti.

- Então vai me dizer o "real motivo" de você andar tão feliz ultimamente?

- É complicado.

Ela riu.

- Sempre é. Espero ver vocês dois juntos nesse baile.

Assim que ela saiu do quarto comecei a pensar em quem poderia ter falado alguma coisa....Mia. Só pode ter sido a minha irmã.


ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora