CAPÍTULO 14: Espaço pessoal

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Quando os Mancini saíram da nossa casa tive que presenciar o treatrinho ridículo do Nicolas, o ódio de sempre, e como se ele não fosse estar no meu quarto daqui algumas horas. Subi a escada e fechei a porta do quarto e fui surpreendida por ele, sentado na beira da cama.

– Pensei que fosse enrolar mais os seus pais.

– Não foi muito difícil fazer isso.

Ele se levantou e veio na minha direção, suas mãos seguraram meu rosto e em seguida me deu um beijo.

– Quero te mostrar uma coisa.

– Pensei que fôssemos fazer algo bem mais interessante agora.

– Você vai gostar. Confia em mim?

Segurei a mão dele e fiquei olhando alguns segundos pra aquilo, era ridículo o fato de eu desde sempre gostar dele e ironicamente odiá-lo ao mesmo tempo. Na verdade, o ódio já sequer existia.

– Tudo bem, não precisa responder isso. – disse, apertando um pouco mais a minha mão. – Vamos.

Nicolas me fez sair pela janela e só não cai no gramado porque ele conseguiu me segurar a tempo. Custava a gente usar a porta?

O segui até a moto e ele me entregou o capacete antes de subir, mas parou quando notou minha hesitação.

– Algum problema?

– Muitas garotas já andaram aí, não é?

– Elle....

– Eu sei, eu sei.

Coloquei o capacete e me sentei atrás dele, segurando firme em sua cintura.

Nós saímos da cidade pela estrada principal e me perguntei diversas vezes pra onde estávamos indo, perguntei em voz alta também, mas ele não respondeu. Entramos por um caminho de terra e conforme nos aproximávamos conseguia ouvir o barulho da água, até que vi a belíssima queda d'água.

– Nossa...

– É bonito, não é?

Ele parou a moto e descemos, foi inevitável não me aproximar da água pra admirar ainda mais aquilo.

– Por que viemos aqui?

– Digamos que é meu lugar preferido. E eu trouxe vinho.

Nos sentamos em um cobertor que ele trouxe e em seguida ele serviu duas taças.

– Ainda não respondeu a minha pergunta. – falei. – Por que viemos aqui?

– Queria a minha pessoa favorita no meu lugar favorito comigo.

– Então sou sua pessoa favorita?

Nicolas me deu um beijo e acho que isso respondeu a minha pergunta.

– Aqui é muito bonito. Como descobriu?

– Digamos que isso é graças ao espírito aventureiro do Paul. Ele colocou a gente pra fazer trilha uma vez e eu encontrei isso.

– Seus amigos são bem aleatórios. Não foi ele que deu em cima de mim naquele jantar?

– Ah, não. Aquele foi o Samuel. – ele riu. – Digamos que eu tenha dado uma lição nele por aquilo.

Vi ele se levantar e começar a tirar a roupa, o que me deixou curiosa e fez meu corpo começar a formigar.

– O que tá fazendo?

– Vou nadar. Ah, uma pergunta, você já nadou pelada?

Tentei esconder a cara de espanto, mas acho que não deu certo.

– Tá. Vem comigo. – ele estendeu a mão.

– Você é louco?? E se alguém aparecer?

– Acredite, não tem como alguém aparecer aqui.

Olhei por alguns segundos pra ele e pra água, aquela ideia era absurda e se fosse a eu de meses ou semanas atrás eu simplesmente o chamaria de louco e sairia daqui.

– Vira. – falei. – Não quero que me veja assim.

– Tem vergonha de mim?

– Das pessoas, no geral.

Meio contraditório se pararmos pra pensar no que fiz na festa naquele dia.

Ele se aproximou de mim e me deu um beijo.

– Eu acho o seu corpo a coisa mais linda que eu já vi – disse, descendo as alças do vestido. – E não tem por que senti vergonha de mim.

Assim que meu vestido caiu ele deu uma olhada, praticamente me comendo com os olhos e me levou em direção a água. O frio fez com que meu corpo inteiro se arrepiasse.

Nicolas me puxou para perto de si e eu passei minhas pernas em volta do quadril dele enquanto meu braços estavam em seu pescoço.

– Então é pra cá que você vem quando desaparece. – deduzi.

– É. Por isso ninguém consegue falar comigo. É meu espaço pessoal.

– Por que me trouxe aqui?

Ele analisou meu rosto e o tocou, me aninhei ao toque dele.

– Porque gosto de você, mesmo que não acredite nisso.

– Acredito. E....– respirei fundo. – Confio em você, mesmo que isso vá contra algumas coisas que acredito.

Notei algo diferente nos olhos dele, algo que deveria machucá-lo, já que senti a mudança neles.

– Também gosto de você, seu idiota. Não chore por causa disso. – brinquei.

Isso o fez sorrir, fazendo meu coração bater mais rápido sob o peito.

Aproximei ainda mais ele de mim e o beijei, o gosto dos lábios dele era viciante e nunca me imaginei presa a algo assim. As mãos dele estavam firmes na minha bunda enquanto eu mantinha a boca dele na minha, me afastar era algo completamente fora de questão.

– Isso tá na sua lista? – debochei. – Transar na água? Ou em uma cachoeira, sei lá.

– Não, mas, por você, eu posso acrescento.

Dei um riso e colei os lábios dele nos meus outra vez.





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