CAPÍTULO 3: Sei bem quem você é

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                    ~ Gabrielle ON ~

Assim que chegamos na casa notei que todas as luzes estavam apagadas, olhei no celular para ver o horário e entendi, eram três da manhã. Andei devagar em direção a escada enquanto Nicolas trancava a porta atrás de si e ia em direção a cozinha, quando cheguei no quarto da Mia me sentei na cama e joguei os sapatos no chão.

Meus olhos estavam ardendo por conta do choro e me odiei por saber que Nicolas tinha visto isso, ele provavelmente passaria o resto da minha vida infernizando por causa disso. Merda.

Ele passou em frente a porta do quarto, que ainda estava aberta, e pelo visto estava verificando se eu não tinha feito alguma besteira, já que pra todos os efeitos estava bêbada. O que não é verdade.

– Ei!

– O que?

– Você é proibido de falar sobre o que viu hoje. – levantei e me aproximei dele.

– Ou o que?

– Ou eu garanto infernizar sua vida mais do que já infernizo.

Ele repuxou um dos lados da boca e notei que os olhos verde escuro dele estavam mais intensos, não sei explicar.

– Quer mesmo subir de nível nessa brincadeira, Gabrielle? Talvez não aguente, nojentinha.

– Não sabe do que eu sou capaz pra te ver morrer de ódio por mim, Nicolas.

Ele me olhou por alguns segundos antes de suspirar e se virar, indo em direção ao próprio quarto.

– Ah, e vai limpar essa sua cara. Parece que saiu de um filme de terror.

– Vai se foder!

Fechei a porta do quarto e fui em direção ao banheiro pra ver em que estado minha maquiagem se encontrava, ao me olhar no espelho vi que meu rímel estava completamente borrado. Meu Deus.

Depois de tomar banho e trocar de roupa desci até a cozinha para comer alguma coisa e não acordar parecendo que estava há dias sem comer. Quando cheguei na cozinha vi a silhueta de um corpo musculoso contra a luz e levei um susto, mas pelo jeito que permaneceu em silêncio soube quem era.

No mesmo instante mudei de ideia e voltei em direção a escada, a última coisa que precisava era bater de frente com esse cara em plena quatro da manhã. Ouvi a porta da frente sendo destrancada e logo em seguida minha amiga passando pela porta, mas levando um susto ao me ver.

– Entrando sorrateiramente, Mia? Você já foi melhor. – impliquei.

– Por que ainda tá acordada?

– Desci pra comer alguma coisa, mas mudei de ideia.

Mia subiu logo atrás de mim e assim que entramos no quarto me joguei na cama e me cobri com o lençol.

– Como foi com o Nicolas? Ele foi mais babaca do que o normal?

– Não conversamos muito. - menti.

– Que bom. Fiquei preocupada de ele ser escroto com você.

– Entendi.

                      •◇•◇•◇•◇•

Depois de sair da casa dos Mancini fui direto para a minha tomar um banho rápido pra ir para a faculdade e não atrasar logo na segunda semana de aula. Peguei a chave da porta dos fundos sobre o balcão antes de pegar os livros e a bolsa, e sair de casa.

Assim que entrei no carro que pedi por aplicativo peguei meu celular para verificar se havia alguma chamada perdida ou mensagem do meu pai surtando como sempre, mas ainda bem que não, dessa vez ele parece ter deixado pra lá.

Quando cheguei na faculdade principal de Madri fui direto para o meu prédio e precisei subir três lances de escada para chegar na minha sala, mas estava tão perdida e confusa olhando alguns papéis que não vi alguém vindo na minha direção, esbarrando em mim e me fazendo derrubar os livros.

– Meu Deus, mil desculpas! – falei, me abaixando para juntar tudo. – Eu não te vi.

– É bem óbvio que você não me viu.

A voz um pouco rouca e sexy ao mesmo tempo era familiar demais, o que fez com que eu me contorcesse internamente.

– O que você tá fazendo aqui?

– Eu estudo aqui. – ele disse, de um jeito presunçoso. – Mas o que você tá fazendo aqui?

– Acha que pode ser o único inteligente?

O mesmo cara do jantar naquele dia apareceu ao lado dele e olhou de um jeito surpreso pra nós dois.

– Eita. —murmurou. – Sou Samuel. – disse, limpando a garganta.

– Acredite, sei bem quem você é.

Lembro bem dele dando em cima de mim quando chegaram em casa.

– Também sei bem que você é. – retrucou.

Ouvi meu alarme começar a tocar e sabia que aquilo era minha deixa, ainda bem, não sei se aguentaria ficar mais alguns segundos olhando para aquele cara. Nicolas estava em tudo que é canto, na minha casa, na minha vida social, na minha amizade com Mia e agora na minha faculdade. Que merda é essa!?

Aí entrar na sala fui em direção a uma das últimas fileiras de cadeira e desabei em uma delas, eu com certeza tinha perdido a porra do meu ânimo pra essa manhã.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora