~ Nicolas ON ~
Eu estava dirigindo pra faculdade enquanto Samuel tagarelava ao meu lado, nos primeiros minutos da conversa até que estava entendendo alguma coisa, mas depois ele começou a viajar e eu perdi a linha de raciocínio dele. Assim que estacionamos desci do carro e peguei minha bolsa, quando virei vi do outro lado do estacionamento Gabrielle conversando com algumas garotas, mas assim que me viu quase pude sentir as bochechas dela criando vida.
– Para de babar, Nicolas. – Samuel deu um tapa na minha cabeça. – As pessoas podem ver.
– Falou o cara que anda babando pela minha irmã.
Ele riu.
– Não sei do que você tá falando.
Continuem olhando fixamente na direção dela quando notei um homem se aproximando, era Kent, senti meu sangue começando a fervilhar graças ao jeito que ele tocou nela.
– Calma, não arranca a cabeça dele ainda.
Nicolas parou ao meu lado e começou a olhar pro mesmo lugar que eu.
– Vai realmente seguir com o plano?
– Vou. Não posso colocar ela em risco.
– Nós sabemos que ela faz isso por conta própria. E o seu pai?
– Ele....ele ameaçou matar ela se eu não for isso rápido.
– Puta merda.
– Eu sei. Mas não quero trazer esse assunto a tona e fazê-la me odiar de novo.
– Se eu bem te conheço, você vai dar um jeito.
Fechei a porta do carro e fomos em direção ao prédio principal, Gabrielle estava ao meu lado, mas não dizia uma palavra, sequer olhava na minha direção.
– Bom dia, Gabrielle. – Samuel disse.
– Bom dia, meninos.
– Reconhece meu amigo aqui? – deu um tapa no meu peito. – Ele quer a sua atenção.
– Deixa de ser idiota. – afastei ele de mim.
Continuamos andando até chegar ao segundo andar, onde falei, em tom de brincadeira:
– Usa o meu corpo a noite inteira e sequer olha na minha cara hoje?
– Mais ou menos. Mas é bom mantermos a aparência de sempre nos odiarmos. E lembrar isso também.
– Gosta disso?
– Gosto.
Eu não acredito.
– Que bicho te mordeu? – perguntei, enquanto ainda andávamos.
– Nenhum. Só tenho que ir pra aula.
Vi uma sala vazia e levei Gabrielle pra dentro comigo, tranquei a porta e a coloquei contra a parede, aproximando nossos corpos e toquei o rosto dela.
– Posso saber o que a minha florzinha de maracujá tem?
– Já disse que nada.
– Mentira. Você tá voltando pra defensiva.
– Que defensiva o que, Nicolas!
– Vai voltar a espalhar ódio como nos velhos tempos.
Ela tentou se afastar, mas eu não deixei. Adorava o jeito que ela ficava quando sentia raiva.
– E se eu voltar? O que tem!?
Meu olhar se perdeu no dela e por uma fração de segundos senti meu peito doer, lembrei de tudo que já aconteceu e inclusive das palavras do meu pai.
– Gabrielle....
– Eu não vou cair nessa e deixar sua família acabar comigo.
Como é? Ela sabia esse tempo todo?
– Eu não deixaria.
– Não sei....só, por favor, me deixa em paz.
– Por que acha isso?
– Porque quando querem que duas pessoas se casem contra a própria vontade tem jogo de interesse no meio. Ao contrário do que pensam, eu não sou burra.
Ela me empurrou pra longe e saiu da sala, me deixando sozinho ali.
Puta que pariu.
Fechei minhas mãos em punhos e dei um soco no quadro, o que fez um barulho insano ecoar pela sala e pelo corredor. Saí as pressas da sala antes alguém aparecesse e até tentei encontrar Gabrielle pelo caminho, mas ela já tinha se ido.
Eu já estava começando a me sentir angustiado por tudo relacionado a essa garota sempre sair do controle, tudo que fazia pra tentar salvar e proteger ela sem causar prejuízos maiores era inútil.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Consequência
Teen Fiction⚠️+16|| © 2022 Gabrielle e Nicolas se conhecem desde crianças, mas com o passar do tempo eles criaram um ódio mútuo tão intenso que permanecer por muito tempo no mesmo ambiente sem brigar é um sacrifício. Os dois tem um acordo pré-estabelecido gra...