CAPÍTULO 15: Defensiva

2.5K 148 0
                                    

                     ~ Nicolas ON ~

Eu estava dirigindo pra faculdade enquanto Samuel tagarelava ao meu lado, nos primeiros minutos da conversa até que estava entendendo alguma coisa, mas depois ele começou a viajar e eu perdi a linha de raciocínio dele. Assim que estacionamos desci do carro e peguei minha bolsa, quando virei vi do outro lado do estacionamento Gabrielle conversando com algumas garotas, mas assim que me viu quase pude sentir as bochechas dela criando vida.

– Para de babar, Nicolas. – Samuel deu um tapa na minha cabeça. – As pessoas podem ver.

– Falou o cara que anda babando pela minha irmã.

Ele riu.

– Não sei do que você tá falando.

Continuem olhando fixamente na direção dela quando notei um homem se aproximando, era Kent, senti meu sangue começando a fervilhar graças ao jeito que ele tocou nela.

– Calma, não arranca a cabeça dele ainda.

Nicolas parou ao meu lado e começou a olhar pro mesmo lugar que eu.

– Vai realmente seguir com o plano?

– Vou. Não posso colocar ela em risco.

– Nós sabemos que ela faz isso por conta própria. E o seu pai?

– Ele....ele ameaçou matar ela se eu não for isso rápido.

– Puta merda.

– Eu sei. Mas não quero trazer esse assunto a tona e fazê-la me odiar de novo.

– Se eu bem te conheço, você vai dar um jeito.

Fechei a porta do carro e fomos em direção ao prédio principal, Gabrielle estava ao meu lado, mas não dizia uma palavra, sequer olhava na minha direção.

– Bom dia, Gabrielle. – Samuel disse.

– Bom dia, meninos.

– Reconhece meu amigo aqui? – deu um tapa no meu peito. – Ele quer a sua atenção.

– Deixa de ser idiota. – afastei ele de mim.

Continuamos andando até chegar ao segundo andar, onde falei, em tom de brincadeira:

– Usa o meu corpo a noite inteira e sequer olha na minha cara hoje?

– Mais ou menos. Mas é bom mantermos a aparência de sempre nos odiarmos. E lembrar isso também.

– Gosta disso?

– Gosto.

Eu não acredito.

– Que bicho te mordeu? – perguntei, enquanto ainda andávamos.

– Nenhum. Só tenho que ir pra aula.

Vi uma sala vazia e levei Gabrielle pra dentro comigo, tranquei a porta e a coloquei contra a parede, aproximando nossos corpos e toquei o rosto dela.

– Posso saber o que a minha florzinha de maracujá tem?

– Já disse que nada.

– Mentira. Você tá voltando pra defensiva.

– Que defensiva o que, Nicolas!

– Vai voltar a espalhar ódio como nos velhos tempos.

Ela tentou se afastar, mas eu não deixei. Adorava o jeito que ela ficava quando sentia raiva.

– E se eu voltar? O que tem!?

Meu olhar se perdeu no dela e por uma fração de segundos senti meu peito doer, lembrei de tudo que já aconteceu e inclusive das palavras do meu pai.

– Gabrielle....

– Eu não vou cair nessa e deixar sua família acabar comigo.

Como é? Ela sabia esse tempo todo?

– Eu não deixaria.

– Não sei....só, por favor, me deixa em paz.

– Por que acha isso?

– Porque quando querem que duas pessoas se casem contra a própria vontade tem jogo de interesse no meio. Ao contrário do que pensam, eu não sou burra.

Ela me empurrou pra longe e saiu da sala, me deixando sozinho ali.

Puta que pariu.

Fechei minhas mãos em punhos e dei um soco no quadro, o que fez um barulho insano ecoar pela sala e pelo corredor. Saí as pressas da sala antes alguém aparecesse e até tentei encontrar Gabrielle pelo caminho, mas ela já tinha se ido.

Eu já estava começando a me sentir angustiado por tudo relacionado a essa garota sempre sair do controle, tudo que fazia pra tentar salvar e proteger ela sem causar prejuízos maiores era inútil.

ConsequênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora